APÓCRIFOS
Introdução
Na Constituição Dogmática sobre Revelação Divina, o Concílio Vaticano II, no capítulo sobre Escritura Sagrada na Vida da Igreja, declarou que "Ela (a igreja) sempre considerou as Escrituras junto com a tradição sagrada como a regra suprema de fé, e sempre as considerará assim". Da declaração anterior, nós, os cristãos evangélicos, rejeitamos, desde logo, a tradição sagrada como regra de fé. Ficamos, pois, em terreno comum com os católicos romanos no que diz respeito às Escrituras. No entanto, nisto também existe uma diferença de suma importância. Isto tem relação com os livros do cânon do Velho Testamento. No livro Consultas dei Clero, parágrafo 207, se transcreve assim o decreto emitido pelo Concilio de Trento sobre as Sagradas Escrituras: “Se alguém não receber como sagrados e canônicos estes livros inteiros, com todas as suas partes, tal como se encontram na Antiga Versão Vulgata, seja anátema." Seguindo a mesma posição doutrinária, o Concilio Vaticano II, no capítulo sobre "A inspiração Divina e a Interpretação da Escritura Sagrada", se pronunciou da seguinte maneira: "Aquelas realidades divinamente reveladas, contidas e apresentadas na Escritura Sagrada, foram reduzidas à escritura sob a inspiração do Espírito Santo. A Santa Madre Igreja, descansando sobre a crença dos apóstolos, sustenta que os livros, tanto do Velho como do Novo Testamento, em sua totalidade, com todas as suas partes, são sagrados e canônicos, porque, havendo sido escritos sob a inspiração do Espírito Santo, têm a Deus como seu autor e foram transmitidos Como tais à igreja mesma". Mas, quando a Igreja Católica Romana se refere ao cânon do Velho Testamento, ela inclui uma série de livros que os protestantes chamam de "Apócrifos" mas os católicos de "Deuterocanônicos", os quais não aparecem nas versões evangélicas e hebraica da Bíblia. O resultado disto foi que na opinião popular dos católicos existem duas Bíblias: uma católica e a outra protestante. Mas semelhante asseveração não é certa. Só existe uma Bíblia, uma Palavra (escrita) de Deus. Em suas línguas originais (o hebraico e o grego), a Bíblia é uma só e igual para todos. O que nem sempre é igual são as versões ou traduções dela aos diferentes idiomas. Neste estudo iremos mostrar porque nós, cristãos evangélicos, não aceitamos os chamados, "Livros Apócrifos", e consequentemente rejeitamos com provas sobejas, as alegações romanistas de que tais livros possuem canonicidade e inspiração divina.
APÓCRIFOS: O QUE SIGNIFICAM? Na realidade, os sentidos da palavra "apocrypha" refletem o problema que se manifesta nas duas concepções de sua canonicidade. No grego clássico, a palavra apocrypha significava "oculto" ou "difícil de entender". Posteriormente, tomou o sentido de "esotérico" ou algo que só os iniciados podem entender; não os de fora. Na época de Irineu e de Jerônimo (séculos III e IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado aos livros não-canônicos do Antigo Testamento, mesmo aos que foram classificados previamente como "pseudepígrafos". Desde a era da Reforma, essa palavra tem sido usada para denotar os escritos judaicos não-canônicos originários do período intertestamentário. A questão diante de nós é a seguinte: verificar se os livros eram escondidos a fim de ser preservados, porque sua mensagem era profunda e espiritual ou porque eram espúrios e de confiabilidade duvidosa.
Natureza e número dos apócrifos do Antigo Testamento Há quinze livros chamados apócrifos (catorze se a Epístola de Jeremias se unir a Baruque, como ocorre nas versões católicas de Douai). Com exceção de 2 Esdras, esses livros preenchem a lacuna existente entre Malaquias e Mateus e compreendem especificamente dois ou três séculos antes de Cristo. Significado da palavra CÂNON e CANÔNICO CÂNON - (de origem semítica, na língua hebraica "qãneh" em Ez 40.3; e no grego: "kanón" em Gl 6.16"), tem sido traduzido em nossas versões em português como, "regra", "norma". Significado literal: vara ou instrumento de medir. Significado figurado: Regra ou critérios que comprovam a autenticidade e inspiração dos livros bíblicos; Lista dos Escritos Sagrados; Sinônimo de ESCRITURAS - como a regra de fé e ação investida de autoridade divina. Outros significados: Credo formulado (a doutrina da Igreja em Geral); Regras eclesiásticas (lista ou série de procedimentos) CANÔNICO - Que está de acordo com o cânon. Em relação aos 66 livros da Bíblia hebraica e evangélica. Significado da palavra PSEUDOEPÍGRAFO - Literalmente significa "escritos falsos" - Os apócrifos não são necessariamente escritos falsos, mas, sim não canônicos, embora, também contenham ensinos errados ou hereges.
DIFERENÇAS ENTRE AS BÍBLIAS HEBRAICAS, PROTESTANTES E CATÓLICAS Diferenças Básicas: 1. Bíblia Hebraica - [a Bíblia dos judeus] a) Contém somente os 39 livros do V.T. b) Rejeita os 27 do N.T. como inspirados, assim como rejeitou Cristo. c) Não aceita os livros apócrifos incluídos na Vulgata (versão Católica Romana) 2. Bíblia Protestante - a) Aceita os 39 livros do V.T. e também os 27 do N.T. b) Rejeita os livros apócrifos incluídos na Vulgata, como não canônicos 3. Bíblia Católica - a) Contém os 39 livros do V.T. e os 27 do N.T. b) Inclui na versão Vulgata, os livros apócrifos ou não canônicos que são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de Macabeus, seis capítulos e dez versículos acrescentados no livro de Ester e dois capítulos de Daniel. A seguir a lista dos que se encontravam na Septuaginta:
LIVRO APÓCRIFO DA SEPTUAGINTA 8 Baruque 1 3 Esdras 9 A Carta de Jeremias 2 4 Esdras 10 Os acréscimos de Daniel 3 Oração de Azarias 11 A Oração de Manassés 4 Tobias 12 1 Macabeus 5 Adições a Ester 13 2 Macabeus 6 A Sabedoria de Salomão 14 Judite 7 Eclesiástico (Também chamado de Sabedoria de Jesus, filho de Siraque)
COMO OS APÓCRIFOS FORAM APROVADOS A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 8 de Abril de 1546 como meio de combater a Reforma protestante. Nessa época os protestantes combatiam violentamente as doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, etc. Os romanistas viam nos apócrifos base para tais doutrinas, e apelaram para eles aprovando-os como canônicos. Houve prós e contras dentro dessa própria igreja, como também depois. Nesse tempo os jesuítas exerciam muita influência no clero. Os debates sobre os apócrifos motivaram ataques dos dominicanos contra os franciscanos. O biblista católico John L. Mackenzie em seu "Dicionário Bíblico" sob o verbete, Cânone, comenta que no Concílio de Trento houve várias "controvérsias notadamente candentes" sobre a
aprovação dos apócrifos. Mas o cardeal Pallavacini, em sua "História Eclesiástica" declara mais nitidamente que em pleno Concílio, 40 bispos dos 49 presentes travaram luta corporal, agarrados às barbas e batinas uns dos outros... Foi nesse ambiente "ESPIRITUAL", que os apócrifos foram aprovados. A primeira edição da Bíblia católico-romana com os apócrifos deu-se em 1592, com autorização do papa Clemente VIII. Os Reformadores protestantes publicaram a Bíblia com os apócrifos, colocando-os entre o Antigo e Novo Testamentos, não como livros inspirados, mas bons para a leitura e de valor literário histórico. Isto continuou até 1629. A famosa versão inglesa King James (Versão do Rei Tiago) de 1611 ainda os trouxe. Porém, após 1629 as igrejas reformadas excluíram totalmente os apócrifos das suas edições da Bíblia, e, "induziram a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, sob pressão do puritanismo escocês, a declarar que não editaria Bíblias que tivessem os apócrifos, e de não colaborar com outras sociedades que incluíssem esses livros em suas edições." Melhor assim, tendo em vista evitar confusão entre o povo simples, que nem sempre sabe discernir entre um livro canônico e um apócrifo e também pelo fato do que aconteceu com a Vulgata! Melhor editá-los separadamente.
PORQUE REJEITAMOS OS APÓCRIFOS
Há várias razões porque os protestantes rejeitam os Apócrifos. Eis algumas delas:
1. PORQUE COM O LIVRO DE MALAQUIAS O CÂNON BÍBLICO HAVIA SE ENCERRADO.
Depois de aproximadamente 435 a.C não houve mais acréscimos ao cânon do Antigo Testamento. A história do povo judeu foi registrada em outros escritos, tais como os livros dos Macabeus, mas eles não foram considerados dignos de inclusão na coleção das palavras de Deus que vinham dos anos anteriores. Quando nos voltamos para a literatura judaica fora do Antigo Testamento percebemos que a crença de que haviam cessado as palavras divinamente autorizadas da parte de Deus é atestada de modo claro em várias vertentes da literatura extrabíblica. · 1 Macabeus: (cerca de 100 a.C.), o autor escreve sobre o altar: "Demoliram-no, pois, e depuseram as pedras sobre o monte da Morada conveniente, à espera de que viesse algum profeta e se pronunciasse a respeito" (l Mac 4.45-46). Aparentemente, eles não conheciam ninguém que poderia falar com a autoridade de Deus como os profetas do Antigo Testamento haviam feito. A lembrança de um profeta credenciado no meio do povo pertencia ao passado distante, pois o autor podia falar de um grande sofrimento, "qual não tinha havido desde o dia em que não mais aparecera um profeta no meio deles" (l Mac 9.27; 14.41). · Josefo: (nascido em c. 37/38 d.C.) explicou: "Desde Artaxerxes até os nossos dias foi escrita uma história completa, mas não foi julgada digna de crédito igual ao dos registros mais antigos, devido à falta de sucessão exata dos profetas" (Contra Apião 1:41) Essa declaração do maior historiador judeu do primeiro século cristão mostra que os escritos que agora fazem parte dos "apócrifos", mas que ele (e muitos dos seus contemporâneos) não os consideravam dignos "de crédito igual" ao das obras agora conhecida por nós como Escrituras do Antigo Testamento. Segundo o ponto de vista de Josefo, nenhuma "palavra de Deus" foi acrescentada às Escrituras após cerca de 435 a.C. · A literatura rabínica: reflete convicção semelhante em sua freqüente declaração de que o Espírito Santo (em sua função de inspirador de profecias) havia se afastado de Israel "Após a morte dos últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo afastou-se de Israel, mas eles ainda se beneficiavam do
bath qôl" (Talmude Babilônico, Yomah 9b repetido em Sota 48b, Sanhedrín 11 a, e Midrash Rabbah sobre o Cântico dos Cânticos, 8.9.3).
· A comunidade de Qumran: (seita judaica que nos legou os Manuscritos do Mar Morto) também esperava um profeta cujas palavras teriam autoridade para substituir qualquer regulamento existente (veja 1QS 9.11), e outras declarações semelhantes são encontradas em outros trechos da literatura judaica antiga (veja 2Baruc 85.3 Oração de Azarias 15). Assim, escritos posteriores a cerca de 435 a.C. em geral não eram aceitos pelo povo judeu como obras dotadas de autoridade igual à do restante das Escrituras. · O Novo Testamento: não temos nenhum registro de alguma controvérsia entre Jesus e os judeus sobre a extensão do cânon. Ao que parece,Jesus e seus discípu1os de um lado e os líderes judeus ou o povo judeu, de outro, estavam plenamente de acordo em que acréscimos ao cânon do Antigo Testamento tinham cessado após os dias De Esdras, Neemias, Ester, Ageu, Zacarias e Malaquias. Esse fato é confirmado pelas citações do Antigo Testamento feitas por Jesus e pelos autores do Novo Testamento. Segundo uma contagem, Jesus e os autores do Novo Testamento citam mais de 295 vezes, várias partes das Escrituras do Antigo Testamento como palavras autorizadas por Deus, mas nem uma vez sequer citam alguma declaração extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro escrito como se tivessem autoridade divina. A ausência completa de referência à outra literatura como palavra autorizada por Deus e as referências muito freqüentes a centenas de passagens no Antigo Testamento como dotadas de autoridade divina confirmam com grande força o fato de que os autores do Novo Testamento concordavam em que o cânon estabelecido do Antigo Testamento, nada mais nada menos, devia ser aceito como a verdadeira palavra de Deus.
2. PORQUE A INCLUSÃO DOS APÓCRIFOS FOI ACIDENTAL. A conquista da Palestina por Alexandre, o Grande, ocasionou uma nova dispersão dos judeus por todo o império greco-macedônico. Pelo ano 300 antes de Cristo, a colônia de judeus na cidade de Alexandria, Egito, era numerosa, forte e fluente. Morrendo Alexandre, seu domínio dividiu-se em quatro remos, ficando o Egito sob a dinastia dos Ptolomeus. O segundo deles, Ptolomeu Filadelfo, foi grande amante das letras e preocupou-se com enriquecer a famosa biblioteca que seu pai havia fundado. Com este objetivo, muitos livros foram traduzidos para o grego. Naturalmente, as Escrituras Sagradas do povo hebreu foram levadas em conta, apreciando-se também a grande importância que teria a tradução da Bíblia de seus antepassados da Palestina para os judeus cuja língua vernácula era o grego. Segundo um relato de Josefo, Sumo Sacerdote de Jerusalém Eleazar enviou, a pedido de Ptolomeu Filadelfo, uma embaixada de 72 tradutores a Alexandria, com um valioso manuscrito do Velho Testamento, do qual traduziram o Pentateuco. A tradução continuou depois, não se completando senão no ano 150 antes de Cristo. Esta tradução, que se conhece com o nome de Septuaginta ou Versão dos Setenta (por terem sido 70, em número redondo, seus tradutores), foi aceita pelo Sinédrio judaico de Alexandria; mas, não havendo tanto zelo ali como na Palestina e devido às tendências helenistas contemporâneas, os tradutores alexandrinos fizeram adições e alterações e, finalmente, sete dos Livros Apócrifos foram acrescentados ao texto grego como Apêndice do Velho Testamento. Os estudiosos acham que foram unidos à Bíblia, por serem guardados juntamente com os rolos de livros canônicos, e quando foram iniciados os Códices, isto é , a escrituração da Bíblia inteira em um só volume, alguns escribas copiaram certos rolos apócrifos juntamente com os rolos canônicos. Todos estes livros, com exceção de Judite, Eclesiástico, Baruque e 1 Macabeus, estavam escritos em grego, e a maioria deles foi escrita muitíssimos anos depois de o profeta Malaquias, o último dos profetas da Dispensação antiga, escrever o livro
que leva o seu nome. O que se pode concluir daí é que, quando a Septuaginta era copiada, alguns livros não canônicos para os judeus eram também copiados. Isso também poderia ter ocorrido por ignorância quanto aos livros verdadeiramente canônicos. Pessoas não afeiçoadas ao judaísmo ou mesmo desinteressadas em distinguir livros canônicos dos não canônicos tinham por igual valor todos os livros, fossem eles originalmente recebidos como sagrados pelos judeus ou não. Mesmo aqueles que não tinham os demais livros judaicos como canônicos certamente também copiavam estes livros, não por considerá-los sagrados, mas apenas para serem lidos. Por que não copiar livros tão antigos e interessantes? Estes livros, entretanto, têm a importância de refletir o estado do povo judeu e o caráter de sua vida intelectual e religiosa durante as várias épocas que representam, particularmente, a do período chamado intertestamentário (entre Malaquias e João Batista, de 400 anos); é, talvez, por estas razões que os tradutores os juntaram ao texto grego da Bíblia, mas os judeus da Palestina nunca os aceitaram no cânon de seus livros sagrados.
3. TESTEMUNHAS CONTRA OS APÓCRIFOS
Traremos agora o depoimento de várias personagens históricas que depõe contra a lista canônica "Alexandrina", como consta na Septuaginta, Vulgata e em todas as versões das Bíblias católicas existentes. Pelo peso de autoridade que representam esses vultos, são provas mais do que suficientes e esmagadoras contra a inclusão dos Apócrifos no Cânon bíblico. Vejamos:
JOSEFO: A referência mais antiga ao cânon hebraico é do historiador judeu Josefo (37-95 AC). Em Contra Apionem ele escreve: "Não temos dezenas de milhares de livros, em desarmonia e conflitos, mas só vinte e dois, contendo o registro de toda a história, os quais, conforme se crê, com justiça, são divinos." Depois de referir-se aos cinco livros de Moisés, aos treze livros dos profetas, e aos demais escritos (os quais "incluem hinos a Deus e conselhos pelos quais os homens podem pautar suas vidas"), ele continua afirmando: "Desde Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido registrado, mas não tem sido considerado digno de tanto crédito quanto aquilo que precedeu a esta época, visto que a sucessão dos profetas cessou. Mas a fé que depositamos em nossos próprios escritos é percebida através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo, ninguém jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles coisa alguma, nem alterar neles qualquer coisa que seja" Josefo é suficientemente claro. Como historiador judeu, ele é fonte fidedigna. Eram apenas vinte e dois os livros do cânon hebraico agrupados nas três divisões do cânon massorético. E desde a época de Malaquias (Artaxerxes, 464-424) até a sua época nada se lhe havia sido acrescentado. Outros livros foram escritos, mas não eram considerados canônicos, com a autoridade divina dos vinte e dois livros mencionados. ORÍGENES: No terceiro século d.C, Orígenes (que morreu em 254) deixou um catálogo de vinte e dois livros do Antigo Testamento que foi preservado na História Eclesiástica de Eusébio, VI: 25. Inclui a mesma lista do cânone de vinte e dois livros de Josefo (e do Texto Massorético) inclusive Ester, mas nenhum dos apócrifos é declarado canônico, e se diz explicitamente que os livros de Macabeus estão "fora desses [livros canônicos]"
TERTULIANO: Aproximadamente contemporâneo de Orígenes era Tertuliano. (160-250 dc) o primeiro dos Pais Latinos cujas obras ainda existem. Declara que os livros canônicos são vinte e quatro.
HILÁRIO: Hilário de Poitiers (305-366) os menciona como sendo vinte e dois.
ATANÁSIO: De modo semelhante, em 367 d.C., o grande líder da igreja, Atanásio, bispo de Alexandria, escreveu sua Carta Pascal e alistou todos os livros do nosso atual cânon do Novo Testamento e do Antigo Testamento, exceto Éster. Mencionou também alguns livros dos apócrifos, tais como a Sabedoria de Salomão, a Sabedoria de Sirac, Judite e Tobias, e disse que esses "não são na realidade incluídos no cânon, mas indicados pelos Pais para serem lidos por aqueles que recentemente se uniram a nós e que desejam instrução na palavra de bondade".
JERONIMO: Jerônimo (340-420.dc.) propugnou, no Prologus Galeatus. A citação pertinente de Prologus Galeatus é a seguinte:
"Este prólogo, como vanguarda (principium) com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos os Livros que traduzimos do Hebraico para o Latim, de tal maneira que possamos saber que tudo quanto é separado destes deve ser colocado entre os Apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus, filho de Siraque, e Judite e Tobias e o Pastor (supõe-se que seja o Pastor de Hermas), não fazem parte do cânon. Descobri o Primeiro Livro de Macabeus em Hebraico; o Segundo foi escrito em Grego, conforme testifica sua própria linguagem".
Jerônimo, no seu prefácio aos Livros de Salomão, menciona ter descoberto Eclesiástico em Hebraico, mas declara em sua; convicção que a Sabedoria de Salomão teria sido originalmente composta em Grego e não em Hebraico, por demonstrar uma eloqüência tipicamente helenística. "E assim", continua ele, "da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite e Tobias e Macabeus (no culto público) mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam estes dois livros úteis para a edificação do povo, mas não para estabelecer as doutrinas da Igreja"). e noutros trechos, prima pelo reconhecimento de apenas os vinte e dois livros contidos no hebraico, e a relegação dos livros apócrifos a uma posição secundária. Assim, no seu Comentário de Daniel, lançou dúvidas quanto à canonicidade da história de Suzana, baseando-se no fato que o jogo de palavras atribuído a Daniel na narrativa, só podia ser derivado do grego e não do hebraico (inferência: a história foi originalmente composta em grego). Do mesmo modo, em conexão com a história de Bel e a do Dragão, declara; "a objeção se soluciona facilmente ao asseverar que esta história especifica não está incluída no texto hebraico do livro de Daniel. Se, porém, alguém fosse comprovar que pertence ao cânone, seríamos obrigados a buscar outra resposta a esta objeção"
MELITO: A mais antiga lista cristã dos livros do Antigo Testamento que existe hoje é a de Melito, bispo de Sardes, que escreveu em cerca de 170 d.C.
"Quando cheguei ao Oriente e encontrei-me no lugar em que essas coisas foram proclamadas e feitas, e conheci com precisão os livros do Antigo Testamento, avaliei os fatos e os enviei a ti. São estes os seus nomes: cinco livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Números, Levítico, Deuteronômio,Josué, filho de Num, Juízes, Rute, quatro livros dos Remos, dois livros de Crônicas, os Salmos de Davi, os Provérbios de Salomão e sua Sabedoria," Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos, Jó, os profetas Isaías,Jeremias, os Doze num único livro, Daniel, Ezequiel, Esdras."
É digno de nota que Melito não menciona aqui nenhum livro dos apócrifos, mas inclui todos os nossos atuais livros do Antigo Testamento, exceto Éster. Mas as autoridades católicas passam por cima de todos esses testemunhos para manter, em sua teimosia, os Apócrifos!
AS HERESIAS DOS APÓCRIFOS
Uma das grandes razões, talvez a principal delas, porque nós evangélicos rejeitamos os Apócrifos, é devido a grande quantidade de heresias que tais livros apresentam. Fora isso, também existem lendas absurdas e fictícias e graves erros históricos e geográficos, o que fazem os Apócrifos serem desqualificados como palavra de Deus. A seguir daremos um resumo de cada livro e logo a seguir mostraremos seus graves erros.
RESUMO:
TOBIAS - (200 a.C.) - É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael.
Apresenta: · justificação pelas obras - 4:7-11; 12:8 · mediação dos Santos - 12:12 · superstições - 6:5, 7-9, 19 · um anjo engana Tobias e o ensina a mentir 5:16 a 19
JUDITE - (150 a.C.) É a História de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.
BARUQUE - (100 a.D.) - Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. Porém, é de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo. Traz entre outras coisas, a intercessão pelos mortos - 3:4.
ECLESIÁSTICO - (180 a.C.) - É muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas heresias: · justificação pelas obras - 3:33,34 · trato cruel aos escravos - 33:26 e 30; 42:1 e 5 · incentiva o ódio aos Samaritanos - 50:27 e 28
SABEDORIA DE SALOMAO - (40 a.D.) - Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era Cristã). Apresenta: · o corpo como prisão da alma - 9:15 · doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma 8:19 e 20 · salvação pela sabedoria - 9:19
1 MACABEUS - (100 a.C.) - Descreve a história de 3 irmãos da família "Macabeus", que no chamado período ínterbíblico (400 a.C. 3 a.D) lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e terra.
II MACABEUS - (100 a.C.) - Não é a continuação do 1 Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu.
Apresenta: · a oração pelos mortos - 12:44 - 46 · culto e missa pelos mortos - 12:43 · o próprio autor não se julga inspirado -15:38-40; 2:25-27 · intercessão pelos Santos - 7:28 e 15:14
ADIÇÕES A DANIEL: capítulo 13 - A história de Suzana - segundo esta lenda Daniel salva Suzana num
julgamento fictício baseado em falsos testemunhos. capítulo 14 - Bel e o Dragão - Contém histórias sobre a necessidade da idolatria. capítulo 3:24-90 - o cântico dos 3 jovens na fornalha.
LENDAS, ERROS E HERESIAS
1. Histórias fictícias, lendárias e absurdas - Tobias 6.1-4 - "Partiu, pois, Tobias, e o cão o seguiu, e parou na primeira pousada junto ao rio Tigre. E saiu a lavar os pés, e eis que saiu da água um peixe monstruoso para o devorar. À sua vista, Tobias, espavorido, clamou em alta voz, dizendo: Senhor, ele lançou-se a mim. E o anjo disse disse-lhe: Pega-lhe pelas guerras, e puxa-o para ti. Tendo assim feito, puxou-o para terra, e o começou a palpitar a seus pés 2. Erros Históricos e Geográficos Os Apócrifos solapam a doutrina da inerrância porque esses livros incluem erros históricos e de outra natureza. Assim, se os Apócrifos são considerados parte das Escrituras, isso identifica erros na Palavra de Deus. Esses livros contêm erros históricos, geográficos e cronológicos, além de doutrinas obviamente heréticas; eles até aconselham atos imorais (Judite 9.1O,13). Os erros dos Apócrifos são freqüentemente apontados em obras de autoridade reconhecida. Por exemplo: O erudito bíblico DL René Paehe comenta: "Exceto no caso de determinada informação histórica interessante (especialmente em 1. Macabeus) e alguns belos pensamentos morais (por exemplo Sabedoria de Salomão),
Tobias... Contém certos erros históricos e geográficos, tais como a suposição de que Senaqueribe era filho de Salmaneser (1 .15) em vez de Sargão II, e que Nínive foi tomado por Nabucodonosor e por Assuero (14.15) em vez de Nabopolassar e por Ciáxares... Judite não pode ser histórico porque contém erros evidentes... [Em 2 Macabeus] há também numerosas desordens e discrepâncias em assuntos cronológicos, históricos e numéricos, os quais refletem ignorância ou confusão.. HERESIAS 3. Ensinam Artes Mágicas ou de Feitiçaria como método de exorcismo a) Tobias 6.5-9 - "Então disse o anjo: Tira as entranhas a esse peixe, e guarda, porque estas coisas te serão úteis. Feito isto, assou Tobias parte de sua carne, e levaram-na consigo para o caminho; salgaram o resto, para que lhes bastassem até chegassem a Ragés, cidade dos Medos. Então Tobias perguntou ao anjo e disse-lhe: Irmão Azarias, suplico-lhe que me digas de que remédio servirão estas partes do peixe, que tu me mandaste guardar: E o anjo, respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um pedacinho do seu coração sobre brasas acesas , o seu fumo afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem como da mulher, de sorte que não tornam mais a chegar a eles. E o fel é bom para untar os olhos que têm algumas névoas, e sararão" b) Este ensino que o coração de um peixe tem o poder para expulsar toda espécie de demônios contradiz tudo o que a Bíblia diz sobre como enfrentar o demônio. c) Deus jamais iria mandar um anjo seu, ensinar a um servo seu, como usar os métodos da macumba e da bruxaria para expulsar demônios. d) Satanás não pode ser expelido pelos métodos enganosos da feitiçaria e bruxaria, e de fato ele não tem interesse nenhum em expelir demônios (Mt 12.26). e) Um dos sinais apostólicos era a expulsão de demônios, e a única coisas que tiveram de usar foi o nome de Jesus (Mc 16.17; At 16.18) 4. Ensinam que Esmolas e Boas Obras - Limpam os Pecados e Salvam a Alma a) Tobias 12.8, 9 - "É boa a oração acompanhada do jejum, dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da morte (eterna), e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna". Eclesiástico 3.33 - "A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados" b) Este é o primeiro ensino de Satanás, o mais terrível, e se encontrar basicamente
em todas a seitas heréticas. c) A Salvação por obras, destrói todo o valor da obra vicária de Cristo em favor do pecador. Se caridade e boas obras limpam nossos pecados, nós não precisamos do sangue de Cristo. Porém, a Bíblia não deixa dúvidas quanto o valor exclusivo do sangue como um único meio de remissão e perdão de pecados: - Hb 9:11, 12, 22 - "Mas Cristo... por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção ...sem derramamento de sangue não há remissão." - I Pe 1:18, 19 - "sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo," d) Contradiz Bíblia toda. Ela declara que somente pela graça de Deus e o sangue de Cristo o homem pode alcançar justificação e completa redenção: - Romanos 3.20, 24, 24 e 29 - "Ninguém será justificado diante dele pelas obras da lei.. sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. A quem Deus propôs no seu sangue.... Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei". 5. Ensinam o Perdão dos pecados através das orações a) Eclesiástico 3.4 - "O que ama a Deus implorará o perdão dos seus pecados, e se absterá de tornar a cair neles, e será ouvido na sua oração de todos os dias". b) O perdão dos pecados não está baseado na oração que se faz pedindo o perdão, não é fé na oração, e sim fé naquele que perdoa o pecado, a oração por si só, é uma boa obra que a ninguém pode salvar. Somente a oração de confissão e arrependimento baseadas na fé no sacrifício vicário de Cristo traz o perdão (Pv. 28.13; I Jo 1.9; I Jo 2.1,2) 6. Ensinam a Oração Pelos Mortos a) 2 Macabeus 12:43-46 - "e tendo feito uma coleta, mandou 12 mil dracmas de prata a Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifícios pelos pecados dos mortos, sentindo bem e religiosamente a ressurreição, (porque, se ele não esperasse que os que tinham sido mortos, haviam um dia de ressuscitar, teria por uma coisa supérflua e vã orar pelos defuntos); e porque ele considerava que aos que tinham falecido na piedade estava reservada uma grandíssima misericórdia. É, pois, um santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados". b) É neste texto falso, de um livro não canônico, que contradiz toda a Bíblia, que a Igreja Católica Romana baseia sua falta e herege doutrina do purgatório. c) Este é novamente um ensino Satânico para desviar o homem da redenção exclusiva pelo sangue de Cristo, e não por orações que livram as almas do fogo de um lugar inventado pela mente doentia e apostata dos teólogos católicos romanos. d) Após a morte o destino de todos os homens é selado, uns para perdição eterna e outros para a Salvação eterna - não existe meio de mudar o destinos de alguém após a sua morte. Veja Mt. 7:13,13; Lc 16.26 7. Ensinam a Existência de um Lugar Chamado PURGATÓRIO a) Este é o ensino herético e satânico inventado pela Igreja Católica Romana, de que o homem, mesmo morrendo perdido, pode ter uma Segunda chance de Salvação. b) Sabedoria 3.1-4 - "As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte. Pareceu aos olhos dos insensatos que morriam; e a sua saída deste mundo foi considerada como uma aflição, e a sua separação de nós como um extermínio; mas eles estão em paz (no céu). E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de imortalidade". c) A Igreja Católica baseia a doutrina do purgatório na ultima parte deste texto, onde diz: " E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de imortalidade".
- Eles ensinam que o tormento em que o justo está, é o purgatório que o purifica para entrar na imortalidade. - Isto é uma deturpação do próprio texto do livro apócrifo. De modo, que a igreja Católica é capaz de qualquer desonestidade textual, para manter suas heresias. - Até porque, ganha muito dinheiro com as indulgências e missas rezadas pelos mortos. d) Leia atentamente as seguinte textos das Escrituras, que mostram a impossibilidade do purgatório : I Jo 1.7; Hb 9.22; Lc 23.40-43; I6: 19-31; I Co 15:55-58; I Ts 4:12-17; Ap 14:13; Ec 12:7; Fp 1:23; Sl 49:7-8; II Tm 2:11-13; At 10:43) 8. Nos Livros Apócrifos Os Anjos Mentem a) Tobias 5.15-19 - "E o anjo disse-lhe: Eu o conduzirei e to reconduzirei. Tobias respondeu: Peço-te que me digas de que família e de tribo és tu? O anjo Rafael disse-lhe: Procuras saber a família do mercenário, ou o mesmo mercenário que vá com teu filho? Mas para que te não ponhas em cuidados,, eu sou Azarias, filho do grande Ananias. E Tobias respondeu-lhe: Tu és de uma ilustre família. Mas peço-te que te não ofendas por eu desejar conhecer a tua geração. b) Um anjo de Deus não poderia mentir sobre a sua identidade, sem violar a própria lei santa de Deus. Todos os anjos de Deus, foram verdadeiros quando lhes foi perguntado a sua identidade. Veja Lc 1.19 9. Mulher que Jejuava Todos os Dias de Sua Vida a) Judite 8:5,6 - "e no andar superior de sua casa tinha feito para si um quarto retirado, no qual se conservava recolhida com as suas criadas, e, trazendo um cilício sobre os seus rins, jejuava todos os dias de sua vida, exceto nos sábados, e nas neomênias, d nas festas da casa de Israel" b) Este texto legendário tem sido usado por romana relacionado com a canonização dos "santos" de idolatria. Em nenhuma parte da Bíblia jejuar todos os dias da vida é sinal de santidade. Cristo jejuou 40 dias e 40 noites e depois não jejuou mais. c) O livro de Judite é claramente um produção humana, uma lenda inspirada pelo Diabo, para escravizar os homens aos ensinos da igreja Católica Romana. 10. Ensinam Atitudes Anticristãs, como: Vingança, Crueldade e Egoísmo a) VINGANÇA - Judite 9:2 b) CRUELDADE e EGOÍSMO - Eclesiástico 12:6 c) Contraria o que a Bíblia diz sobre: - Vingança (Rm 12.19, 17) - Crueldade e Egoísmo ( Pv. 25:21,22; Rm 12:20; Jo 6:5; Mt 6:44-48) A igreja Católica tenta defender a IMACULADA CONCEIÇÃO baseando em uma deturpação dos apócrifos (Sabedoria 8:9,20) - Contradizendo: Lc. 1.30-35; Sl 51:5; Rm 3:23)
Diante de tudo isso perguntamos: Merecem confiança os livros Apócrifos ? A resposta obvia é, NÃO.
RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES ROMANISTAS
Os livros apócrifos do Antigo Testamento têm recebido diferentes graus de aceitação pelos cristãos. A maior parte dos protestantes e dos judeus aceita que tenham valor religioso e mesmo histórico, sem terem, contudo, autoridade canônica. Os católicos romanos desde o Concilio de Trento têm aceito esses livros como canônicos. Mais recentemente, os católicos romanos têm defendido a idéia de uma deuterocanonicidade, mas os livros apócrifos ainda são usados para dar apoio a doutrinas extra bíblicas, tendo sido proclamados como livros de inspiração divina no Concílio de Trento. Outros grupos, como os anglicanos e várias igrejas ortodoxas, nutrem diferentes concepções a respeito dos livros apócrifos. A seguir apresentamos um resumo dos argumentos que em geral são aduzidos para a aceitação desses livros, na crença de que detêm algum tipo de canonicidade e suas respectivas refutações.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
1. Alusões no Novo Testamento. O Novo Testamento reflete o pensamento e registra alguns acontecimentos dos apócrifos. Por exemplo, o livro de Hebreus fala de mulheres que receberam seus mortos pela ressurreição (Hebreus 11.35), e faz referência a 2 Macabeus 7 e 12. Os chamados apócrifos ou pseudepígrafos são também citados em sua amplitude pelo Novo Testamento (Jd 14,15; 2Tm 3.8). REFUTAÇÃO: Apela-se freqüentemente ao fato que o Novo Testamento usualmente emprega a tradução da LXX ao citar o Antigo Testamento. Portanto, já que a LXX continha os Apócrifos, decerto os Apóstolos do Novo Testamento reconheciam a autoridade da LXX inteira conforme então se constituía. Além disto, argumentam, é um fato que ocasionalmente apela-se a obras fora do "Cânone Palestiniano". Wíldeboer' e Torrey" colecionaram todas as instâncias possíveis de tais citações ou alusões a obras apócrifas, incluindo-se várias que apenas são hipotéticas. Mas toda esta linha de argumentos é realmente irrelevante para a questão em pauta, sendo que nem se alega que qualquer uma destas fontes seja proveniente dos Apócrifos Romanos.Na maioria dos casos as obras que supostamente foram citadas desapareceram há muito tempo - obras tais como o Apocalipse de Elias e a Assunção de Moisés (da qual sobrou um fragmento latino). Só num único caso, a citação de Enoque 1:9 em Judas 14-16, é que a fonte citada sobreviveu. Há citações de autores gregos pagãos, também no Novo Testamento. Em Atos 17:28, Paulo cita de Arato, Phaenomena, linha 5; em 1 Coríntios 15:33, cita da comédia de Menander, Thais. Certamente ninguém poderia supor que citações tais como estas estabelecem a canonicidade ou de Arato ou de Menander. Pelo contrário, o testemunho do Novo Testamento é muito decisivo contra a canonicidade dos quatorze livros Apócrifos. Demais disso, a alegação de que em muitas partes os escritos do Novo Testamento refletem influências dos livros Apócrifos, é deveras frágil demais para ser sustentada, pois se fosse assim, o livro de Enoque citado por Judas seria digno de muito mais crédito no sentido de canonicidade do que os Apócrifos romanos. Judas citada versículos inteiros deste livro, enquanto os Apócrifos adotados nas Bíblias romanas não aparece nenhuma vez com citações inteira ou em partes. Seguindo o mesmo raciocínio dos católicos poderíamos então canoniza-lo também! Então dizemos que virtualmente todos os livros do Antigo Testamento são citados como sendo divinamente autorizados, ou pelo menos há alusão a eles como tais. Embora acabe de ser esclarecido que a mera citação não estabelece necessariamente a canonicidade, é inconcebível que os vários autores do Novo Testamento pudessem ter considerado como canônicos os quatorze livros dos Apócrifos Romanos, sem ter feito uso deles em citações ou alusões.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
2. Emprego que o Novo Testamento faz da versão Septuaginta. A tradução grega do Antigo Testamento hebraico, em Alexandria, é conhecida como Septuaginta (LXX). Foi a versão que Jesus usou e é a versão mais citada pelos autores do Novo Testamento e pelos cristãos primitivos. A LXX continha os livros apócrifos. A presença desses livros na LXX dá apoio ao cânon alexandrino, mais amplo, do Antigo Testamento, em oposição ao cânon palestino, mais reduzido que os omite.
REFUTAÇÃO: Mas não é de modo nenhum certo que todos os livros na LXX foram considerados canônicos, mesmo pelos próprios judeus de Alexandria. Bem decisiva contra isto é a evidência de Filon de Alexandria (que viveu no primeiro século d.C.), assim como o judaísmo oficial em outros lugares e épocas. Apesar de ter citado freqüentemente os livros canônicos do "Cânone Palestiniano", não faz uma citação sequer dos livros Apócrifos. Isto é impossível reconciliar com a teoria de um
"Cânone Alexandrino" maior, a não ser que porventura alguns judeus de Alexandria não tivessem recebido este "Cânone Alexandrino" enquanto outros o reconheciam.
Em segundo lugar, relata-se de fontes fidedignas que a Versão Grega de Áquila foi aceita pelos judeus alexandrinos no segundo século d.C., apesar de não conter os livros Apócrifos. A dedução razoável desta evidência seria que (conforme o próprio Jerônimo esclareceu) os judeus de Alexandria resolveram incluir na sua edição do Antigo Testamento tanto os livros que reconheciam como sendo canônicos, como também os livros que eram "eclesiásticos" i,é., foram reconhecidos como sendo valiosos e edificantes, porém sem ser infalíveis. Apoio adicional para esta suposição (que livros subcanônicos possam ter sido conservados e utilizados juntamente com os canônicos) foi recentemente descoberto nos achados da Caverna 4 de Cunrã. Ali, no coração da Palestina, onde seguramente o "Cânone Palestiniano" deve ter sido autoritativo, pelo menos dois livros Apócrifos se fazem representar - Eclesiástico e Tobias. Um fragmento de Tobias aparece num pedacinho de papiro, outro em couro; há também um fragmento em hebraico, escrito em couro. Vários fragmentos de Eclesiástico foram descobertos ali, e pelo menos na pequena quantidade representada, concordam bem exatamente com mss de Eclesiástico do século onze, descobertos na Genizá de Cairo na década de 1890. Quanto a isto, a Quarta Caverna de Cunrã também conservou obras pseudoepigráficas tais como o Testamento de Levi, em aramaico, o mesmo em hebraico, e o livro de Enoque (fragmentos de dez mss.diferentes!). Decerto, ninguém poderia argumentar com seriedade que os sectários tão estreitos de Cunrã consideravam como canônicas todas estas obras apócrifas e pseudoepigráficas só por causa de terem conservado cópias delas. A Palestina é que era o lar do cânon judaico, jamais a Alexandria, no Egito. O grande centro grego do saber pertencia no Egito, não tinha autoridade para saber com precisão que livros pertenciam ao Antigo Testamento judaico. Alexandria era o lugar da tradução apenas, não da canonização. O fato de a Septuaginta conter os apócrifo apenas comprova que os judeus alexandrinos traduziram os demais livros religiosos judaicos do período intertestamentário ao lado dos livros canônicos.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
3. Os mais antigos manuscritos completos da Bíblia. Os mais antigos manuscritos gregos da Bíblia contêm os livros apócrifos inseridos entre os livros do Antigo Testamento. Os manuscritos Aleph (N), A e B, incluem esses livros, revelando que faziam parte da Bíblia cristã original.
REFUTAÇÃO: Isto, porém, é verdade apenas em parte. Certamente os Targuns aramaicos não os reconheceram. Nem sequer o Pesita siríaco na sua forma mais antiga continha um único livro apócrifo; foi apenas posteriormente que alguns deles foram acrescentados. Uma investigação mais cuidadosa desta reivindicação reduz a autoridade sobre a qual os Apócrifos se alicerçam a apenas uma versão antiga, a Septuaginta, e àquelas traduções posteriores (tais como a Itala, a Cóptica, a Etiópica, e a Siríaca posterior) que foram dela derivadas. Mesmo no caso da Septuaginta, os livros Apócrifos mantêm uma existência um pouco Incerta. O Códice Vaticano ("B") não tem 1 e 2 Macabeus (canônicos segundo Roma), mas Inclui 1 Esdras (não-canônico segundo Roma). O Códice Sinaítico ("Alef") omite Baruque (canônico segundo Roma), mas inclui 4 Macabeus (não-canônico segundo Roma). O Códice Alexandrino ("A") contêm três livros apócrifos "não-canônicos": 1 Esdras e 3 e 4 Macabeus. Então acontece que até os três mais antigos mss. da LXX demonstram considerável falta de certeza quanto aos livros que compõem a lista dos Apócrifos, e que os quatorze aceitáveis à Igreja Romana não são de modo algum substanciados pelo testemunho dos grandes unciais do quarto e do quinto séculos. Os escritores do Novo Testamento quase sempre fizeram citações da LXX, mas jamais mencionaram um livro sequer dentre os apócrifos. No máximo, a
presença dos apócrifos nas Bíblias cristãs do século IV mostra que tais livros eram aceitos até certo ponto por alguns cristãos, naquela época. Isso não significa que os judeus ou os cristãos como um todo aceitassem esses livros como canônicos, isso sem mencionarmos a igreja universal, que nunca os teve na relação de livros canônicos.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
4. A arte cristã primitiva. Alguns dos registros mais antigos da arte cristã refletem o uso dos apócrifos. As representações nas catacumbas às vezes se baseavam na história dos fieis registrada no período intertestamentário.
REFUTAÇÃO: As representações artísticas não constituem base para apurar a canonicidade dos apócrifos. As representações pintadas nas catacumbas, extraídas de livros apócrifos, apenas mostram que os crentes daquela era estavam cientes dos acontecimentos do período ínter-testamentário e os consideravam parte de sua herança religiosa. A arte cristã primitiva não decide nem resolve a questão da canonicidade dos apócrifos.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
5. Os primeiros pais da igreja. Alguns dos mais antigos pais da igreja, de modo particular os do Ocidente, aceitaram e usaram os livros apócrifos em seu ensino e pregação. E até mesmo no Oriente, Clemente de Alexandria reconheceu 2 Esdras como inteiramente canônico. Orígenes acrescentou Macabeus bem como a Epístola de Jeremias à lista de livros bíblicos canônicos.
REFUTAÇÃO: Muitos dos grandes pais da igreja em seu começo, dos quais Melito (190), Orígenes (253), Eusébio de Cesaréia (339), Hilário de Poitiers (366), Atanásio (373 d.C), Cirilo de Jerusalém (386 d.C), Gregório Nazianzeno (390), Rufino (410), Jerônimo (420), depuseram contra os apócrifos. Nenhuns dos primeiros pais de envergadura da igreja primitiva, anteriores a Agostinho, aceitaram todos os livros apócrifos canonizados em Trento. Então será mais correto dizer que alguns dos escritores cristãos antigos pareciam fazer isto.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
6. A influência de Agostinho. Agostinho (c. 354-430) elevou a tradição ocidental mais aberta, a respeito dos livros apócrifos, ao seu apogeu, ao atribuir-lhes categoria canônica. Ele influênciou os concílios da igreja, em Hipo (393 d.C.) e em Cartago (397 d.C.), que relacionaram os apócrifos como canônicos. A partir de então, a igreja ocidental passou a usar os apócrifos em seu culto público.
REFUTAÇÃO: O testemunho de Agostinho não é definitivo, nem isento de equívocos. Primeiramente, Agostinho às vezes faz supor que os apócrifos apenas tinham uma deuterocanonicidade (Cidade de Deus,18,36) e não canonicidade absoluta. Além disso, os Concílios de Hipo e de Cartago foram pequenos concílios locais, influenciados por Agostinho e pela tradição da Septuaginta grega. Nenhum estudioso hebreu qualificado teve presente em nenhum desses dois concílios. O especialista hebreu mais qualificado da época, Jerônimo, argumentou fortemente contra Agostinho, ao rejeitar a canocidade dos apócrifos. Jerônimo chegou a recusar-se a traduzir os apócrifos para o latim, ou mesmo incluí-los em suas versões em latim vulgar (Vugata latina). Só depois da morte de Jerônimo e praticamente por cima de seu cadáver, é que os livros apócrifos foram incorporaos à Vulgata latina. Além disso quando um antagonista apelou para uma passagem de 2 Macabeus para encerrar um argumento, Agostinho
respondeu que sua causa era deveras fraca se tivesse que recorrer a um livro que não era da mesma categoria daqueles que eram recebidos e aceitos pelos judeus. Esta defesa ambígua dos Apócrifos, da parte de Agostinho, é mais do que contrabalançada pela posição contrária adotada por Atanásio (que morreu em 365), tão reverenciado e altamente estimado tanto pelo Oriente como pelo Ocidente como sendo o campeão da ortodoxia trinitária. Na sua Trigésima Nona Carta, parágrafo 4, escreveu: "Há, pois, do Antigo Testamento vinte e dois livros", e então relaciona os livros que são aqueles que se acham no TM (Texto Massorético), aproximadamente na mesma ordem na qual aparecem na Bíblia Protestante. Nos parágrafos 6 e 7 declara que os livros extrabíblico (Lê., os quatorze dos Apócrifos) não são incluídos no Cânone, mas meramente são "indicados para serem lidos". Apesar disto, a Igreja Oriental mais tarde demonstrou uma tendência de concordar com a Igreja Ocidental em aceitar os Apócrifos (o segundo Concílio Trulano em Constantinopla, em 692). Mesmo assim, havia muitas pessoas que tinham suas reservas quanto a alguns dos quatorze, e finalmente, em Jerusalém, em 1672, a Igreja Grega reduziu o número de Apócrifos canônicos a quatro; Sabedoria, Eclesiástico, Tobias e Judite.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
7. O Concílio de Trento. Em 1546, o concilio católico romano do pós-Reforma, realizado em Trento, proclamou os livros apócrifos como canônicos, declarando o seguinte:
O sínodo [...] recebe e venera [...] todos os livros, tanto do Antigo Testamento como do Novo [incluindo-se os apócrifos] - entendendo que um único Deus é o Autor de ambos os testamentos [...] como se houvessem sido ditados pela boca do próprio Cristo, ou pelo Espírito Santo [...] se alguém não receber tais livros como sagrados e canônicos, em todas as suas partes, da forma em que têm sido usados e lidos na Igreja Católica [...] seja anátema.
Desde esse concílio de Trento, os livros apócrifos foram considerados canônicos, detentores de autoridade espiritual para a Igreja Católica Romana.
REFUTAÇÃO: A ação do Concílio de Trento foi ao mesmo tempo polêmica e prejudicial. Em debates com Lutero, os católicos romanos haviam citado Macabeus, em apoio à oração pelos modos (v. 2Macabeus 12.45,46). Lutero e os protestantes que o seguiam desafiaram a canonicidade desse livro, citando o Novo Testamento, os primeiros pais da igreja e os mestres judeus, em apoio. O Concílio de Trento reagiu a Lutero canonizando os livros apócrifos. A ação do Concílio não foi apenas patentemente polêmica, foi também prejudicial, visto que nem os catorze livros apócrifos foram aceitos pelo Concílio. Primeiro e Segundo Esdras (3 e 4 Esdras dos católicos romanos; a versão católica de Douai denomina 1 e 2Esdras, respectivamente, os livros canônicos de Esdras e Neemias) e a Oração de Manassés foram rejeitados. A rejeição de 2Esdras é particularmente suspeita, porque contém um versículo muito forte contra a oração pelos mortos (2Esdras 7.105). Aliás, algum escriba medieval havia cortado essa seção dos manuscritos latinos de 2Esdras, sendo conhecida pelos manuscritos árabes, até ser reencontrada outra vez em latim por Robert L. Bentley, em 1874, numa biblioteca de Amiens, na França.
CATÓLICOS CONTRA OS APÓCRIFOS ? Essa decisão, em Trento, não refletiu uma anuência universal, indisputável, dentro da Igreja Católica. Os católicos não foram unânimes quanto a inspiração divina nesses livros. Lorraine Boetner (in Catolicismo Romano) cita o seguinte: "O papa Gregório, o grande, declarou que primeiro Macabeus, um livro apócrifo, não é
canônico. Nessa exata época (da Reforma) o cardeal Cajetan, que se opusera a Lutero em Augsburgo, em 1518, publicou Comentário sobre todos os livros históricos fidedignos do Antigo Testamento, em 1532, omitindo os apócrifos. Antes ainda desse fato, o cardeal Ximenes havia feito distinção entre os apócrifos e o cânon do Antigo Testamento, em sua obra Poliglota com plutense (1514-1517), que por sinal foi aprovada pelo papa Leão X. Será que estes papas se enganaram? Se eles estavam certos, a decisão do Concílio de Trento estava errada. Se eles estavam errados, onde fica a infalibilidade do papa como mestre da doutrina?. Tendo em mente essa concepção, os protestantes em geral rejeitaram a decisão do Concílio de Trento, que não tivera base sólida.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
8. Uso não-católico. As Bíblias protestantes desde a Reforma com freqüência continham os livros apócrifos. Na verdade, nas igrejas anglicanas os apócrifos são lidos regularmente nos cultos públicos, ao lado dos livros do Antigo e do Novo Testamento. Os apócrifos são também usados pelas igrejas de tradição ortodoxa oriental.
REFUTAÇÃO: O uso dos livros apócrifos entre igrejas ortodoxas, anglicanas e protestantes foi desigual e diferenciado. Algumas os usam no culto público. Muitas Bíblias contém traduções dos livros apócrifos, ainda que colocados numa seção à parte, em geral entre o Antigo e o Novo Testamento. Ainda que não-católicos façam uso dos livros apócrifos, nunca lhes deram a mesma autoridade canônica do resto da Bíblia. Os não-católicos usam os apócrifos em seus devocionais, mais do que na afirmação doutrinária.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
9. A comunidade do Mar Morto. Os livros apócrifos foram encontrados entre os rolos da comunidade do Mar Morto, em Qumran. Alguns haviam sido escritos em hebraico, o que seria indício de terem sido usados por judeus palestinos antes da época de Jesus.
REFUTAÇÃO: Muitos livros não-canônicos foram descobertos em Qumran, dentre os quais comentários e manuais. Era uma biblioteca que continha numerosos livros não tidos como inspirados pela comunidade. Visto que na biblioteca de Qumran não se descobriram comentários nem citações autorizadas sobre os livros apócrifos, não existem evidências de que eram tidos como inspirados. Podemos presumir, portanto, que aquela comunidade cristã não considerava os apócrifos como canônicos. Ainda que se encontrassem evidências em contrário, o fato de esse grupo ser uma seita que se separa do judaísmo oficial mostraria ser natural que não fosse ortodoxo em todas as suas crenças. Tanto quanto podemos distinguir, contudo, esse grupo era ortodoxo à canonicidade do Antigo Testamento. Em outras palavras, não aceitavam a canonicidade dos livros apócrifos.
Resumo e conclusão
Resumindo todos esses argumentos, essa postura afirma que o amplo emprego dos livros apócrifos por parte dos cristãos, desde os tempos mais primitivos, é evidência de sua aceitação pelo povo de Deus. Essa longa tradição culminou no reconhecimento oficial desses livros, no Concílio de Trento, como se tivessem sido inspirados por Deus. Mesmo não-católicos, até o presente momento, conferem aos livros apócrifos uma categoria de paracanônicos, o que se deduz do lugar que lhes dão em suas Bíblias e em suas igrejas.
O cânon do Antigo Testamento até a época de Neemias compreendia 22 (ou 24) livros em hebraico, que, nas Bíblias dos cristãos, seriam 39, como já se verificara por volta do século IV a.C. As objeções de menor monta a partir dessa época não mudaram o conteúdo do cânon. Foram os livros chamados apócrifos, escritos depois dessa época, que obtiveram grande circulação entre os cristãos, por causa da influência da tradução grega de Alexandria. Visto que alguns dos primeiros pais da igreja, de modo especial no Ocidente, mencionaram esses livros em seus escritos, a igreja (em grande parte por influência de Agostinho) deu-lhes uso mais amplo e eclesiástico. No entanto, até a época da Reforma esses livros não eram considerados canônicos. A canonização que receberam no Concílio de Trento não recebeu o apoio da história. A decisão desse Concílio foi polêmica e eivada de preconceito, como já o demonstramos. Que os livros apócrifos, seja qual for o valor devocional ou eclesiástico que tiverem, não são canônicos, comprova-se pelos seguintes fatos:
1. A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos. 2. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento. 3. A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja rejeitou sua canonicidade. 4. Nenhum concilio da igreja os considerou canônicos senão no final do século IV. 5. Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente os livros apócrifos. 6. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, Rejeitaram os livros apócrifos. 7. Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até a presente data, reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.
À vista desses fatos importantíssimos, torna-se absolutamente necessário que os cristãos de hoje jamais usem os livros apócrifos como se foram Palavra de Deus, nem os citem em apoio autorizado a qualquer doutrina cristã. Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados de canonicidade, estabelecidos, verificamos que aos livros apócrifos falta o seguinte:
1. Os apócrifos não reivindicam ser proféticos. 2. Não detém a autoridade de Deus. O prólogo do livro apócrifo Eclesiástico (180 a.C.) diz:
"Muitos e excelentes ensinamentos nos foram transmitidos pela Lei, pelos profetas, e por outros escritores que vieram depois deles, o que torna Israel digno de louvor por sua doutrina e sua sabedoria, visto não somente os autores destes discursos tiveram de serem instruídos, também os próprios estrangeiros se podem tomar (por meio deles) muito hábeis tanto para falar como para escrever. Por isso, Jesus, meu avô, depois de se ter aplicado com grande cuidado à leitura da Lei, dos profetas e dos outros livros que nossos pais nos legaram, quis também escrever alguma coisa acerca da doutrina e sabedoria... Eu vos exorto, pois a ver com benevolência, e a empreender esta leitura com uma atenção particular e a perdoar-nos, se algumas vezes parecer que, ao reproduzir este retrato da soberania, somos incapazes de dar o sentido (claro) das expressões." Este prólogo é um auto-reconhecimento da falibilidade humana.
3. Contém erros históricos (v. Tobias 1.3-5 e 14.11) e graves heresias, como a oração pelos mortos (2Macabeus 12.45,46; 4). 4. Embora seu conteúdo tenha algum valor para a edificação nos momentos devocionais, na maior parte se trata de texto repetitivo; são textos que já se encontram nos livros canônicos.
5. Há evidente ausência de profecia, o que não ocorre nos livros canônicos. 6. Os apócrifos nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas. 7. O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originalmente apresentados, recusou-os terminantemente. A comunidade judaica nunca mudou de opinião a respeito dos livros apócrifos. Alguns cristãos têm sido menos rígidos e categóricos; mas, seja qual for o valor que se lhes atribui, fica evidente que a igreja como um todo nunca aceitou os livros apócrifos como Escrituras Sagradas.
"Eis as razões porque definitivamente rejeitamos os Apócrifos" *Este estudo foi fruto de várias pesquisas em livros, enciclopédias, manuais, léxicos, dicionários e internet. Compilados e adaptados pela equipe editorial do C.A.C.P.
1. Merece Confiança o Antigo Testamento?, Gleason L. Archer. Jr. Ed. Vida Nova. 2. Introdução Bíblica, Norman Geisler e William Nix. Ed. Vida. 3. Panorama do Velho Testamento, Ângelo Gagliardi Jr. Ed. Vinde. 4. O Novo Comentário da Bíblia vol I, vários autores. Ed. Vida Nova. 5. Evidência Que Exige um Veredito vol I, Josh McDowell. Ed. Candeia. 6. Os Fatos sobre "O Catolicismo Romano", John Ankerberg e John Weldon. Ed. Chamada da Meia-Noite. 7. O Catolicismo Romano, Adolfo Robleto. Ed. Juerp. 8. Estudos particulares de, Pr. José Laérton - IBR Emanuel - (085) 292-6204.(internet) 9. Estudos particulares de, Paulo R. B. Anglada.(internet) 10. Teologia Sistemática, Green. Ed. Vida Nova. 11. Anotações particulares do autor. Presb. Paulo Cristiano
OS LIVROS APÓCRIFOS DA BÍBLIA
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Os livros apócrifos da Bíblia são uma importante e complementar fonte de informação e conhecimento, acrescentando preciosos esclarecimentos às Sagradas Escrituras, principalmente naquilo que se refere à vida de Jesus Cristo entre os oito e os trinta anos.
A INFÂNCIA DE CRISTO SEGUNDO TIAGO
INTRODUÇÃO
Apresentamos, numa versão modernizada, textos considerados apócrifos e que trazem importantes informações a respeito da vida de Cristo, preenchendo lacunas até então criadas pelos Evangelhos constantes da Bíblia.
Estes textos retratam os acontecimentos que precederam o nascimento de Cristo, contando a história de Maria e da natividade, além da história da infância do Senhor Jesus, no Evangelho de Tomé. Há também excertos do Livro da Infância do Salvador, onde a vida de Jesus, dos cinco aos doze anos, é retratada.
Vale lembrar que numa outra obra desta coleção, o Evangelho de São Pedro, a Infância de Cristo é apresentada na sua íntegra, mostrando fatos e passagens importantes da vida do Senhor Jesus, nos seus primeiros anos.
Os textos chamados de apócrifos são aqueles não incluídos pela Igreja no Cânon das Escrituras autênticas e divinamente inspiradas.
Como foi feita essa seleção, até hoje a Igreja não explicou adequadamente. Se inspirados ou não, são relatos dos primeiros tempos do Cristianismo, importantes para quem deseja conhecer a fundo essa religião.
A NATIVIDADE
Este livro, apesar de conhecido como o Evangelho de Tiago ou Proto-Evangelho de Tiago, tem sua autoria desconhecida. Publicado em fins do século XVI, não se sabe exatamente ainda qual a época em que foi escrito, mas os maiores estudiosos dos Livros Apócrifos afirmam que é anterior aos
Quatro Evangelhos Canônicos, servindo, em muitos aspectos, como base para estes.
O Proto-Evangelho de Tiago conta a vida de Maria, seu nascimento de Ana e Joaquim, considerados estéreis, de como foi sua educação no Templo até a sua puberdade, como se deu a escolha de seu futuro esposo, José, velho, viúvo e pai de seis filhos: Judas, Josetos, Tiago, Simão, Lígia e Lídia. Continua, narrando a concepção e a virgindade, que se manteve após dar à luz o Salvador, numa caverna. Fala da estrela misteriosa e radiante, que guiou os magos até a caverna e da nuvem de luz que pairou sobre o local, na hora em que o Senhor Jesus nascia.
Narra, também, a participação da parteira que testemunhou a virgindade de Maria, após o nascimento do Senhor E cita o testemunho de uma parteira que constatou a virgindade de Maria após dar à luz.
PROTO-EVANGELHO DE TIAGO
I
Segundo narram as memórias das doze tribos de Israel, havia um homem muito rico, de nome Joaquim, que fazia suas oferendas em quantidade dobrada, dizendo:
- O que sobra, ofereça-o para todo o povoado e o devido na expiação de meus pecados será para o Senhor, a fim de ganhar-lhe as boas graças.
Chegou a grande festa do Senhor, na qual os filhos de Israel devem oferecer seus donativos. Rubem se pôs à frente de Joaquim, dizendo-lhe:
- Não te é lícito oferecer tuas dádivas, enquanto não tiveres gerado um rebento em Israel.
Joaquim mortificou-se tanto que se dirigiu aos arquivos de Israel, com intenção de consultar o censo genealógico e verificar se, porventura, teria sido ele o único que não havia tido prosperidade em seu povoado.
Examinando os pergaminhos, constatou que todos os justos haviam gerado descendentes. Lembrou-se, por exemplo, de como o Senhor deu Isaac ao patriarca Abraão, em seus derradeiros anos de vida.
Joaquim ficou muito atormentado, não procurou sua mulher e se retirou para o deserto. Ali armou sua tenda e jejuou por quarenta dias e quarenta noites, dizendo:
- Não sairei daqui nem sequer para comer ou beber, até que não me visite o Senhor meu Deus. Que minhas preces me sirvam de comida e de bebida.
II
Ana lamentava-se e gemia dolorosamente, dizendo:
- Chorarei minha viuvez e minha esterilidade.
Chegou, porém, a grande festa do Senhor e disse-lhe Judite, sua criada:
- Até quando vais humilhar tua alma? Já é chegada a festa maior e não te é lícito entristecer-te. Toma este lenço de cabeça, que me foi dado pela dona da tecelagem, já que não posso cingir-me com ele por ser eu de condição servil e levar ele ao selo real.
Disse Ana:
- Afasta-te de mim, pois que não fiz tal coisa e, além do mais, o Senhor já me humilhou em demasia para que eu o use. A não ser que algum malfeitor o haja dado e tenhas vindo para fazer-me também cúmplice do pecado.
Replicou Judite:
- Que motivo tenho eu para maldizer-te, se o Senhor já te amaldiçoou não te dando fruto de Israel?
Ana, ainda que profundamente triste, despiu suas vestes de luto, cingiu-se com um toucado, vestiu suas roupas de bodas e desceu, na hora nona, ao jardim para passear. Ali viu um loureiro, assentou-se à sua sombra e orou ao Senhor, dizendo:
- Ó Deus de nossos pais! Ouve-me e bendize-me da maneira que bendisseste o ventre de Sara, dando-lhe como filho Isaac!
III
Tendo elevado seus olhos aos céus, viu um ninho de passarinhos no loureiro e novamente lamentou-se dizendo:
- Ai de mim! Por que nasci e em que hora fui concebida? Vim ao mundo para ser como terra maldita entre os filhos de Israel. Estes me cumularam de injúrias e me escorraçaram do templo de Deus. Ai de mim! A quem me assemelho eu? Não às aves do céu, pois elas são fecundas em tua presença, Senhor. Ai de mim! A quem me pareço eu? Não às bestas da terra, pois que até esses animais irracionais são prolíficos ante teus olhos, Senhor. Ai de mim! A quem me posso comparar? Nem sequer a estas águas, porque até elas são férteis diante de ti, Senhor. Ai de mim! A quem me igualo eu? Nem sequer a esta terra, porque ela também é fecundada, dando seus frutos na ocasião própria e te bendiz, Senhor.
IV
Eis que se lhe apresentou o anjo de Deus, dizendo-lhe:
- Ana, Ana, o Senhor escutou teus rogos! Conceberás e darás à luz e de tua prole se falará em todo o mundo.
Ana respondeu:
- Viva o Senhor meu Deus, que, se chegar a ter algum fruto de bênção, seja menino ou menina, levá-lo-ei como oferenda ao Senhor e estará a seu serviço todos os dias de sua vida.
Então vieram a ela dois mensageiros com este recado:
- Joaquim, teu marido, está de volta com seus rebanhos, pois que um anjo de Deus desceu até ele e lhe disse que o Senhor escutou seus rogos e que Ana, sua mulher, vai conceber em seu ventre.
Tendo saído Joaquim, mandou que seus pastores lhe trouxessem dez ovelhas sem mancha.
Disse ele:
- Estas serão para o Senhor.
Mandou, então separar doze novilhas de leite, dizendo:
- Estas serão para os sacerdotes e para o sinédrio.
Finalmente, mandou apartar cem cabritos para todo o povoado.
Ao chegar Joaquim com seus rebanhos, estava Ana à porta e, ao vê-lo chegar, pôs-se a correr e atirou-se ao seu pescoço dizendo:
- Agora vejo que Deus me bendisse copiosamente, pois, sendo viúva, deixo de sê-lo e, sendo estéril, vou conceber em meu ventre.
Então Joaquim repousou naquele dia em sua casa.
V
No dia seguinte, ao ir oferecer sua dádivas ao Senhor, dizia para consigo mesmo:
- Saberei se Deus me vai ser favorável se eu chegar a ver o éfode do sacerdote.
Ao oferecer o sacrifício, observou o éfode do sacerdote, quando este se acercava do altar de Deus, e, não encontrando pecado algum em sua consciência, disse:
- Agora vejo que o Senhor houve por bem perdoar todos os meus pecados.
Desceu Joaquim justificado do templo e foi para casa. O tempo de Ana cumpriu-se e no nono mês deu à luz.
Perguntou à parteira:
- A quem dei à luz?
A parteira respondeu:
- Uma menina.
Então Ana exclamou:
- Minha alma foi enaltecida - e reclinou a menina no berço.
Ao fim do tempo marcado pela lei, Ana purificou-se, deu o peito à menina e pôs-lhe o nome de Maria.
VI
Dia a dia a menina ia robustecendo-se. Ao chegar aos seis meses, sua mãe deixou-a só no chão, para ver se sustentava-se de pé. Ela, depois de andar sete passos, voltou ao regaço de sua mãe. Esta levantou-se, dizendo:
- Salve o Senhor! Não andarás mais por este solo, até que te leve ao templo do Senhor.
Fez-lhe um oratório em sua casa e não consentiu que nenhuma coisa vulgar ou impura passasse por suas mãos. Chamou, além disso, umas donzelas hebréias, todas virgens, para que a entretivessem.
Quando a menina completou um ano, Joaquim deu um grande banquete, para o qual convidou os sacerdotes, os escribas, o sinédrio e todo o povo de Israel. Apresentou a menina aos sacerdotes, que a abençoaram assim:
- Ó Deus de nossos pais, bendiz esta menina e dá-lhe um nome glorioso e eterno por todas as gerações.
Ao que todo o povo respondeu:
- Assim seja, assim seja! Amém!
Apresentou-a também Joaquim aos príncipes e aos sacerdotes e estes a abençoaram assim:
- Ó Deus Altíssimo, põe teus olhos nesta menina e outorga-lhe uma bênção perfeita, dessas que excluem as ulteriores.
Sua mãe levou-a ao oratório de sua casa e deu-lhe o peito. Compôs, então, um hino ao Senhor Deus, dizendo:
- Entoarei um cântico ao Senhor meu Deus, porque me visitaste, afastaste de mim o opróbrio de meus inimigos e me deste um fruto santo, que é único e múltiplo a seus olhos. Quem dará aos filhos de Rubem a notícia de que Ana está amamentando? Ouvi, ouvi, ó Doze Tribos de Israel: Ana está amamentando!
Tendo deixado a menina para que repousasse na câmara onde havia o oratório, saiu e pôs-se a servir os comensais. Estes, uma vez terminada a ceia, saíram regozijando-se e louvando ao Deus de Israel.
VII
Entretanto, os meses iam-se passando para a menina. Ao fazer dois anos, disse Joaquim a Ana:
- Levemo-la ao templo do Senhor para cumprir a promessa que fizemos, para que Senhor não a reclame e nossa oferenda se torne inaceitável a seus olhos.
Ana respondeu:
- Esperamos, todavia, até que complete três anos, para que a menina não tenha saudades de nós.
Joaquim respondeu:
- Esperaremos.
Ao chegar aos três anos, disse Joaquim:
- Chama as donzelas hebréias que não têm mancha e que tomem, duas a duas, uma candeia acesa e a acompanhem, para que a menina não olhe para trás e seu coração seja cativado por alguma coisa fora do templo de Deus.
Assim fizeram enquanto iam subindo ao templo de Deus. Lá recebeu-a o sacerdote, o qual, depois de tê-la beijado, abençoou-a e exclamou:
- O Senhor engrandeceu teu nome diante de todas as gerações, pois que, no final dos tempos, manifestará em ti sua redenção aos filhos de Israel.
Fê-la sentar-se no terceiro degrau do altar. O Senhor derramou graças sobre a menina, que dançou cativando toda a casa de Israel.
VIII
Saíram, então, seus pais, cheios de admiração, louvando ao Senhor Deus porque a menina não havia olhado para trás. Maria permaneceu no templo como uma pombinha, recebendo alimento pelas mãos de um anjo.
Ao completar doze anos, os sacerdotes reuniram-se para deliberar, dizendo:
- Eis que Maria cumpriu doze anos no templo do Senhor. Que faremos para que ela não chegue a manchar o santuário?
Disseram ao sumo sacerdote:
- Tu que tens o altar ao teu cargo, entra e ora por ela. O que o Senhor te disser, isso será o que haveremos de fazer.
O sumo sacerdote, cingindo-se com o manto das doze sinetas, entrou no Santo dos Santos e orou por ela. Eis que um anjo do Senhor apareceu, dizendo-lhe:
- Zacarias, Zacarias, sai e reúne a todos os viúvos do povoado. Que cada um venha com um bastão e o daquele em que o Senhor fizer um sinal singular, deste será ela a esposa.
Saíram os arautos por toda a região da Judéia e, ao soar a trombeta do Senhor, todos acudiram.
IX
José, deixando de lado sua acha, uniu-se a eles. Uma vez que se juntaram todos, tomaram cada qual seu bastão e puseram-se a caminho, à procura do sumo sacerdote. Este tomou todos os bastões, entrou no templo e pôs-se a orar. Terminadas as suas preces, tomou de novo os bastões e os entregou, mas em nenhum deles apareceu sinal algum. Porém, ao pegar José o último, eis que uma pomba saiu dele e se pôs a voar sobre sua cabeça. Então o sacerdote disse:
- A ti coube a sorte de receber sob tua custódia a Virgem do Senhor.
José replicou:
- Tenho filhos e sou velho, enquanto que ela é uma menina. Não gostaria de ser objeto de zombaria por parte dos filhos de Israel.
Então tornou o sacerdote:
- Teme ao Senhor teu Deus e tem presente o que fez Ele com Datan, Abiron e Corê, de como abriu-se a terra e foram sepultados por sua rebelião. Teme agora tu também, José, para que não aconteça o mesmo a tua casa.
Ele, cheio de temor, recebeu-a sob proteção. Depois, disse-lhe:
- Tomei-te do templo. Deixo-te agora em minha casa e vou continuar minhas construções. Logo voltarei. O Senhor te guardará.
X
Os sacerdotes, então, reuniram-se e concordaram em fazer um véu para o templo do Senhor.
O sumo sacerdote disse:
- Chama algumas donzelas sem mancha, da tribo de Davi.
Os ministros se foram e, depois de terem procurado, encontraram sete virgens. Então o sacerdote lembrou-se de Maria, a jovenzinha que, sendo de estirpe davídica, se conservava imaculada aos olhos de Deus. Os emissários foram buscá-la.
Depois de as terem introduzido no templo, disse o sacerdote:
- Vejamos qual há de bordar o ouro, o amianto, o linho, a seda, o zircão, o escarlate e a verdadeira púrpura.
O escarlate e a verdadeira púrpura couberam a Maria que, tomando-as, foi para casa.
Naquela época, Zacarias ficou mudo, sendo substituído por Samuel, até quando pôde falar novamente. Maria tomou em suas mãos o escarlate e pôs-se a tecê-lo.
XI
Certo dia, pegou Maria um cântaro e foi enchê-lo de água. Eis que ouviu uma voz que lhe dizia:
- Deus te salve, cheia de graça! O Senhor está contigo, bendita és entre as mulheres!
Ela olhou a sua volta, à direita, à esquerda, para ver de onde vinha aquela voz. Tremendo, voltou para casa, deixou a ânfora, pegou a púrpura, sentou-se no divã e pôs-se a tecê-la. Logo um anjo do Senhor apresentou-se diante dela, dizendo:
- Não temas, Maria, pois alcançaste graça ante o Senhor onipotente e vais conceber por Sua palavra!
Ela, ao ouví-lo, ficou perplexa e disse consigo mesma:
- Deverei eu conceber por virtude de Deus vivo e haverei de dar à luz como as demais mulheres?
Ao que lhe respondeu o anjo:
- Não será assim, Maria, pois que a virtude do Senhor te cobrirá com sua sombra. Depois, o fruto santo que deverá nascer de ti será chamado de Filho do Altíssimo. Chamar-lhe-ás Jesus, pois Ele salvará seu povo de suas iniqüidades. Então, disse Maria:
- Eis aqui a escrava do Senhor em Sua presença. Que isto aconteça a mim conforme Sua palavra.
XII
Concluído seu trabalho com a púrpura e o escarlate, levou-o ao sacerdote. Este a abençoou dizendo:
- Maria, o Senhor enaltecer seu nome e serás bendita entre todas as gerações da terra.
Cheia de alegria, Maria foi à casa de sua parente Isabel. Chamou-a da porta e, ao ouví-la, Isabel largou o escarlate, correu para a porta, abriu-a e, vendo Maria, louvou-a dizendo:
- Que fiz eu para que a mãe do meu Senhor venha a minha casa? Pois saiba que o fruto que carrego em meu ventre se pôs a pular dentro de mim, como que para bendizer-se.
Maria havia se esquecido dos mistérios que o anjo Gabriel lhe comunicara, elevou os olhos aos céus e disse:
- Quem sou eu, Senhor, para que todas as gerações me bendigam?
Passou três meses em casa de Isabel. Dia a dia seu ventre aumentava e, cheia de temor, pôs-se a caminho de casa e escondia-se dos filhos de Israel. Quando sucederam essas coisas, ela contava dezesseis anos.
XIII
Ao chegar Maria ao sexto mês de gravidez, voltou José de suas construções e, ao entrar em casa, deu-se conta de que ela estava grávida. Então, feriu seu próprio rosto, jogou-se no chão sobre uma manta e chorou amargamente, dizendo:
- Como é que me vou apresentar agora diante do meu Senhor? E que oração direi eu agora por esta donzela, pois que a recebi virgem do templo do Senhor e não a soube guardar? Será que a história de Adão se repetiu comigo? Assim como no instante em que ela estava glorificando a Deus veio a serpente e, ao encontrar Eva sozinha, a enganou, o mesmo me aconteceu.
Levantando-se, José chamou Maria e disse-lhe:
- Predileta como eras de Deus, como foste capaz de fazer isso? Acaso te esqueceste do Senhor teu Deus? Com pudeste vilipendiar tua alma, tu que te criaste no Santo dos Santos e recebeste alimento das mãos de um anjo?
Ela chorou amargamente dizendo:
- Sou pura e não conheço varão algum.
Replicou José:
- De onde, pois, provém o que carregas no seio?
Ao que Maria respondeu:
- Pelo Senhor, meu Deus, eu juro que não sei como aconteceu.
XIV
José encheu-se de temor, retirou-se da presença de Maria e pôs-se a pensar sobre o que faria com ela. Dizia consigo próprio:
- Se escondo seu erro, contrario a lei do Senhor. Se a denuncio ao povo de Israel, temo que o que acontecer a ela se deva a uma intervenção dos anjos e venha a entregar à morte uma inocente. Como deverei proceder, pois? Mandá-la embora às escondidas.
Enquanto isso, caiu a noite. Eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, dizendo-lhe:
- Não temas por esta donzela, pois o que ela carrega em suas entranhas é fruto do Espírito Santo. Dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, pois que ele há de salvar seu povo dos pecados.
Ao despertar, José levantou-se, glorificou a Deus de Israel por haver-lhe concedido tal graça e continuou guardando Maria.
XV
Por essa ocasião, veio à casa de José um escriba chamado Anás, que lhe disse:
- Por que não compareceste à nossa reunião?
Respondeu-lhe José:
- Estava cansado da caminhada e decidi repousar este primeiro dia.
Ao voltar-se, Anás deu-se conta da gravidez de Maria.
Então, correu ao sacerdote, dizendo-lhe:
- Esse José, por quem respondes, cometeu uma falta grave.
- Que queres dizer com isso? - perguntou o sacerdote. Ao que respondeu Anás:
- Pois violou aquela virgem que recebeu do templo de Deus, com fraude de seu casamento e sem manifestá-lo ao povo de Israel.
Disse o sacerdote:
- Estás certo de que foi José que fez tal coisa?
Replicou Anás:
- Envia uma comissão e te certificarás de que a donzela está realmente grávida.
Saíram os emissário e encontraram-na tal qual havia dito Anás. Por isso levaram-na, juntamente com José, ante o tribunal.
O sacerdote iniciou, dizendo:
- Maria, como fizeste tal coisa? Que te levou a vilipendiar tua alma e esquecer-te do Senhor teu Deus? Tu que te criaste no Santo dos Santos, que recebias alimento das mãos de um anjo, que escutaste os hinos e que dançavas na presença de Deus? Como fizeste isso?
Ela se pôs a chorar amargamente, dizendo:
- Juro pelo Senhor meu Deus que estou pura em sua presença e que não conheci varão.
Então o sacerdote dirigiu-se a José, perguntando-lhe:
- Por que fizeste isso?
Replicou José:
- Juro pelo Senhor meu Deus, que me encontro puro com relação a ela.
Acrescentou o sacerdote:
- Não jures em falso! Dize a verdade! Usaste fraudulentamente o matrimônio e não o deste a conhecer ao povo de Israel. Não abaixaste tua cabeça sob a mão poderosa de Deus, por quem sua descendência havia sido bendita.
José guardou silêncio.
XVI
- Devolve, pois - continuou o sacerdote, - a virgem que recebeste do templo do Senhor.
José ficou com os olhos marejados em lágrimas. Acrescentou ainda o sacerdote:
- Farei com que bebais da água da prova do Senhor e ela vos mostrará, diante de vossos próprios olhos, vossos pecados.
Tomando da água, fez José bebê-la, enviando-o em seguida à montanha, de onde voltou são e salvo. Fez o mesmo com Maria, enviando-a também à montanha, mas ela voltou sã e salva.
Toda a cidade encheu-se de admiração ao ver que não havia pecado neles.
Disse o sacerdote:
- Posto que o Senhor não declarou vosso pecado, tampouco irei condenar-vos.
Então despediu-os. Tomando Maria, José voltou para casa cheio de alegria e louvado ao Deus de Israel.
XVII
Veio uma ordem do imperador Augusto para que se fizesse o censo de todos os habitantes de Belém da Judéia.
Disse José:
- A meus filhos posso recensear, mas que farei desta donzela? Como vou incluí-la no censo? Como minha esposa? Envergonhou-me. Como minha filha? Mas já sabem todos os filhos de Israel que não é! Este é o dia do Senhor, que se faça a sua vontade.
Selando sua asna, fez com que Maria se acomodasse sobre ela. Enquanto um de seus filhos ia à frente, puxando o animal pelo cabresto, José os acompanhava. Quando estavam a três milhas de distância de Belém, José virou-se para Maria e viu que ela estava triste.
Disse consigo mesmo:
- Deve ser a gravidez que lhe causa incômodo.
Ao voltar-se novamente, encontrou-a sorrindo e indagou-lhe:
- Maria, que acontece, pois que algumas vezes te vejo sorridente e outras triste?
Ela lhe disse:
- É que se apresentam dois povos diante de meus olhos: um que chora e se aflige e outro que se alegra e se regozija.
Ao chegar à metade do caminho, disse Maria a José:
- Desça-me, porque o fruto de minhas entranhas luta por vir à luz.
Ele a ajudou a apear da asna, dizendo-lhe:
- Aonde poderia eu levar-te para resguardar teu pudor, já que estamos em campo aberto?
XVIII
Encontrando uma caverna, levou-a para dentro e, havendo deixado seus filhos com ela, foi buscar uma parteira na região de Belém.
Eis que José encontrou-se andando, mas não podia avançar. Ao levantar seus olhos para o espaço, pareceu lhe ver como se o ar estivesse estremecido de assombro. Quando fixou vista no firmamento, encontrou-o estático e os pássaros do céu, imóveis. Ao dirigir seu olhar à terra, viu um recipiente no solo e uns trabalhadores sentados em atitude de comer, com suas mãos na vasilha. Os que pareciam comer, na realidade não mastigavam, e os que estavam em atitude de pegar a comida, tampouco a tiravam do prato. Finalmente, os que pareciam levar os manjares à boca, não o faziam, ao contrário, tinham seus rostos voltados para cima.
Também havia umas ovelhas que estavam sendo tangidas, mas não davam um passo. Estavam paradas. O pastor levantou sua destra para bater-lhes com um cajado, mas parou sua mão no ar.
Ao dirigir seu olhar à corrente do rio, viu como uns cabritinhos punham nela seus focinhos, mas não bebiam. Em uma palavra, todas as coisas estavam afastadas, por uns instantes, de seu curso normal.
XIX
Então uma mulher que descia da montanha disse-lhe:
- Aonde vais?
Ao que ele respondeu:
- Ando procurando uma parteira hebréia.
Ela replicou:
- Mas és de Israel?
Ele respondeu:
- Sim.
- E quem é a que está dando à luz na caverna?
- É minha esposa.
- Então, não é tua mulher?
Ele respondeu:
- É Maria, a que se criou no templo do Senhor, e ainda que me tivesse sido dada por mulher, não o é, pois que concebeu por virtude do Espírito Santo.
Insistiu a parteira:
- Isso é verdade?
José respondeu:
- Vem e verás.
Então a parteira se pôs a caminho junto com ele. Ao chegar à gruta, pararam, e eis que esta estava sombreada por uma nuvem luminosa.
Exclamou a parteira:
- Minha alma foi engrandecida, porque meus olhos viram coisas incríveis, pois que nasceu a salvação para Israel. De repente, a nuvem começou a sair da gruta e dentro brilhou uma luz tão grande que seus olhos não podiam resistir. Esta, por um momento, começou a diminuir tanto que deu para ver o menino que estava tomando o peito da mãe, Maria. A parteira então deu um grito, dizendo:
- Grande é para mim o dia de hoje, já que pude ver com meus próprios olhos um novo milagre.
Ao sair a parteira da gruta, veio ao seu encontro Salomé.
- Salomé, Salomé! - exclamou. - Tenho de te contar uma maravilha nunca vista. Uma virgem deu à luz; coisa que, como sabes, não permite a natureza humana.
Salomé replicou:
- Pelo Senhor, meus Deus, não acreditarei em tal coisa, se não me for dado tocar com os dedos e examinar sua natureza.
XX
Havendo entrado a parteira, disse a Maria:
- Prepara-te, porque há entre nós uma grande querela em relação a ti.
Salomé, pois, introduziu seu dedo em sua natureza, mas, de repente, deu um grito, dizendo:
- Ai de mim! Minha maldade e minha incredulidade é que têm a culpa! Por descrer do Deus vivo, desprende-se de meu corpo minha mão carbonizada.
Dobrou os joelhos diante do Senhor, dizendo:
- Ó Deus de nossos pais! Lembra-te de mim, porque sou descendente de Abraão, Isaac e Jacó! Não faças de mim um exemplo para os filhos de Israel! Devolve-me curada, porém, aos pobres, pois que tu sabes, Senhor, que em teu nome exercia minhas curas, recebendo de ti meu salário!
Apareceu um anjo do céu, dizendo-lhe:
- Salomé, Salomé, Deus escutou-te. Aproxima tua mão do menino, toma-o e haverá para ti alegria e prazer.
Acercou-se Salomé e o tomou, dizendo:
- Adorar-te-ei, porque nasceste para ser o grande Rei de Israel.
De repente, sentiu-se curada e saiu em paz da gruta. Nisso ouviu uma voz que dizia:
- Salomé, Salomé, não contes as maravilhas que viste até estar o menino em Jerusalém.
XXI
José dispôs-se a partir para Judéia. Por essa ocasião, sobreveio um grande tumulto em Belém, pois vieram um magos dizendo:
- Aonde está o recém-nascido Rei dos Judeus, pois vimos sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo?
Herodes, ao ouvir isso, perturbou-se. Enviou seus emissários aos magos e convocou os príncipes e os sacerdotes, fazendo-lhes esta pergunta:
- Que está escrito em relação ao Messias? Aonde ele vai nascer?
Eles responderam:
- Em Belém da Judéia, segundo rezam as escrituras. Com isso, despachou-os e interrogou os magos com estas palavras:
- Qual é o sinal que vistes em relação ao nascimento desse rei?
Responderam-lhes os magos:
- Vimos um astro muito grande, que brilhava entre as demais estrelas e as eclipsava, fazendo-as desaparecer. Nisso soubemos que a Israel havia nascido um rei e viemos com a intenção de adorá-lo.
Replicou Herodes:
- Ide e buscai-o, para que também possa eu ir adorá-lo!
Naquele instante, a estrela que haviam visto no Oriente voltou novamente a guiá-los, até que chegaram à caverna e pousou sobre a entrada dela. Vieram, então, os magos a ter com o Menino e Sua mãe, Maria, e tiraram oferendas de seus cofres: ouro, incenso e mirra.
Depois, avisados por um anjo para que não entrassem na Judéia, voltaram a suas terras por outro caminho.
XXII
Ao dar-se conta Herodes de que havia sido enganado, encolerizou-se e enviou seus sicários, dando-lhes a missão de assassinar todos os meninos de menos de dois anos.
Quando chegou até Maria a notícia da matança das crianças, encheu-se de temor e, envolvendo seu filho em fraldas, colocou-o numa manjedoura.
Quando Isabel inteirou-se de que também buscavam a seu filho João, pegou-o e levou-o a uma montanha. Pôs-se a ver onde haveria de escondê-lo, mas não havia um lugar bom para isso. Entre soluços, exclamou em voz alta:
- Ó Montanha de Deus, recebe em teu seio a mãe com seu filho, pois que não posso subir mais alto.
Nesse instante, abriu a montanha suas entranhas para recebê-los. Acompanhou-os uma grande luz, pois estava com ele um anjo de Deus para guardá-los.
XXIII
Herodes prosseguia na busca de João e enviou seus emissários a Zacarias para que lhe dissessem:
- Aonde escondeste teu filho?
Ele respondeu desta maneira:
- Eu me ocupo do serviço de Deus e me encontro sempre no templo. Não sei onde está meu filho.
Os emissários informaram a Herodes tudo o que se passara e ele encolerizou-se muito, dizendo consigo mesmo:
- Deve ser seu filho que vai reinar em Israel.
Enviou, então, um outro recado, dizendo-lhe:
- Diga-nos a verdade sobre onde está teu filho, porque do contrário bem sabes que teu sangue está sob minhas mãos.
Zacarias respondeu:
- Serei mártir do Senhor, se te atreveres a derramar meu sangue, porque minha alma será recolhida pelo Senhor, ao ser segada uma vida inocente no vestíbulo do santuário. Ao romper da aurora, foi assassinado Zacarias, sem que os filhos de Israel se dessem conta desse crime.
XXIV
Os sacerdotes se reuniram à hora da saudação, mas Zacarias não saiu a seu encontro, como de costume, para abençoá-los. Puseram-se a esperá-lo para saudá-lo na oração e para glorificar o Altíssimo.
Ante sua demora, começaram a ter medo. Tomando ânimo, um deles entrou, viu ao lado do altar sangue coagulado e ouviu uma voz que dizia:
- Zacarias foi morto e não se limpará o seu sangue até que chegue o vingador.
Ao ouvir a voz, encheu-se de temor e saiu para informar os sacerdotes que, tomando coragem, entraram e testemunharam o ocorrido. Então, os frisos do templo rangeram e eles rasgaram suas vestes de alto a baixo.
Não encontraram o corpo, somente a poça de sangue coagulado. Cheios de temor, saíram para informar a todo o povo que Zacarias havia sido assassinado. A notícia correu em todas as tribos de Israel, que o choraram e guardaram luto por três dias e três noites.
Concluído esse tempo, reuniram-se os sacerdotes para deliberar sobre quem iriam pôr em seu lugar. Recaiu a sorte sobre Simeão, pois, pelo Espírito Santo, havia sido assegurado de que não veria a morte até que lhe fosse dado contemplar o Messias Encarnado.
XXV
Eu, Tiago, escrevi esta história. Ao levantar-se um grande tumulto em Jerusalém, por ocasião da morte de Herodes, retirei-me ao deserto até que cessasse o motim, glorificando ao Senhor meu Deus, que me concedeu a graça e a sabedoria necessárias para compor esta narração.
Que a graça esteja com todos aqueles que temem a Nosso Senhor Jesus Cristo, para quem deve ser a glória.
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TERIA SIDO JESUS CRUCIFICADO?
MERECEM CONFIANÇA OS LIVROS APÓCRIFOS?
A Constituição Dogmática sobre Revelação Divina, o Concílio Vaticano II, declarou que "Ela (a igreja) sempre considerou as Escrituras junto com a tradição sagrada como a regra suprema de fé, e sempre as considerará assim".
Nós, cristãos evangélicos, rejeitamos a tradição como regra de fé. Quando a Igreja Católica Romana se refere ao cânon do Velho Testamento inclui uma série de livros chamados "apócrifos", os quais não aparecem nas versões evangélica e hebraica da Bíblia. O resultado disto foi que, na opinião popular dos católicos, existem duas Bíblias: uma católica e outra protestante. Mas semelhante asseveração não é certa. Só existe uma Bíblia, uma Palavra (escrita) de Deus.
Apócrifos, o que significa?
No grego clássico, a palavra apocrypha significava "oculto" ou "difícil de entender". Posteriormente, tomou o sentido de "esotérico" ou algo que só os iniciados podem entender; não os de fora. Na época de Irineu e de Jerônimo (séculos III e IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado aos livros não-canônicos do Antigo Testamento, mesmo aos que foram classificados previamente como "pseudepígrafos".
Como os apócrifos foram aprovados
A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 8 de Abril de 1546 para combater a reforma protestante. Nessa época, os protestantes se opunham violentamente às doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras etc. A primeira edição da Bíblia católico-romana com os apócrifos deu-se em 1592, com autorização do papa Clemente VIII.
Os reformadores protestantes publicaram a Bíblia com os apócrifos, colocando-os entre o Antigo e o Novo Testamentos, não como livros inspirados, mas bons para a leitura e de valor literário histórico. Isto continuou até 1629. A famosa versão inglesa King James (Versão do Rei Tiago) de 1611 ainda os trouxe. Mas, após 1629, as igrejas reformadas excluíram totalmente os apócrifos das suas edições da Bíblia, e "induziram a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, sob pressão do puritanismo escocês, a declarar que não editaria Bíblias que tivessem os apócrifos, e de não colaborar com outras sociedades que incluíssem esses livros em suas edições". Melhor assim. Tinham em vista evitar confusão entre o povo simples, que nem sempre sabe discernir entre um livro canônico e um apócrifo.
Há várias razões porque rejeitamos os apócrifos. Eis algumas delas:
Não temos nenhum registro de alguma controvérsia entre Jesus e os judeus sobre a extensão do cânon. Jesus e os autores do Novo Testamento citam, mais de 295 vezes, várias partes das Escrituras do Antigo Testamento como palavras autorizadas por Deus, mas nem uma vez sequer mencionam alguma declaração extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro escrito como se tivesse Autoridade Divina.
Historicidade
A conquista da Palestina por Alexandre, o Grande, ocasionou uma nova dispersão dos judeus por todo o império greco-macedônico. Morrendo Alexandre, seu domínio dividiu-se em quatro ramos, ficando o Egito sob a dinastia dos Ptolomeus. O segundo deles, Ptolomeu Filadelfo, preocupou-se em enriquecer a famosa biblioteca que seu pai havia fundado. Muitos livros foram traduzidos para o grego. Segundo um relato de Josefo, o sumo sacerdote de Jerusalém, Eleazar, enviou, a pedido de Ptolomeu Filadelfo, uma embaixada de 72 tradutores a Alexandria, com um valioso manuscrito do Velho Testamento, do qual traduziram o Pentateuco. A tradução continuou depois, não se completando senão no ano 150 antes de Cristo.
Essa tradução, que se conhece com o nome de Septuaginta ou Versão dos Setenta, foi aceita pelo Sinédrio judaico de Alexandria; mas, não havendo tanto zelo ali como na Palestina e devido às tendências helenistas contemporâneas, os tradutores alexandrinos fizeram adições e alterações e, finalmente, sete dos livros apócrifos foram acrescentados ao texto grego como apêndice do Velho Testamento. Mas os judeus da Palestina nunca os aceitaram no cânon de seus livros sagrados.
Depois de referir-se aos cinco livros de Moisés, aos treze livros dos profetas e aos demais escritos (os quais "incluem hinos a Deus e conselhos pelos quais os homens podem pautar suas vidas"), ele continua afirmando: "Desde Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido registrado, mas não tem sido considerado digno de tanto crédito quanto aquilo que precedeu a esta época, visto que a sucessão dos profetas cessou. Mas a fé que depositamos em nossos próprios escritos é percebida através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo, ninguém jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles coisa alguma, nem alterar neles qualquer coisa que seja".
Testemunho dos pais da Igreja
ORÍGENES: No terceiro século A.D., Orígenes (que morreu em 254) deixou um catálogo de vinte e dois Livros do Antigo Testamento, preservado na História Eclesiástica de Eusébio, VI: 25. Inclui a mesma lista do cânone de vinte e dois Livros de Josefo (e do Texto Massorético), inclusive Ester, mas nenhum dos apócrifos é declarado canônico, e se diz explicitamente que os livros de Macabeus estão "fora desses [Livros canônicos]".
TERTULIANO: Tertuliano (160-250 D.C.) era aproximadamente contemporâneo de Orígenes. Declara que os Livros canônicos são vinte e quatro.
HILÁRIO: Hilário de Poitiers (305-366) os menciona como sendo vinte e dois.
ATANÁSIO: De modo semelhante, em 367 d.C., o grande líder da igreja, Atanásio, bispo de Alexandria, escreveu sua Carta Pascal e alistou todos os Livros do nosso atual cânon do Novo Testamento e do Antigo Testamento, exceto Ester.
JERÔNIMO: Jerônimo (340-420. A.D.) fez a seguinte citação: "Este prólogo, como vanguarda, com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos os livros que traduzimos do hebraico para o latim, de tal maneira que possamos saber que tudo quanto é separado destes deve ser colocado entre os apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus, filho de Siraque, e Judite e Tobias e o Pastor (supõe-se que seja o Pastor de Hermas), não fazem parte do cânon. Descobri o Primeiro livro de Macabeus em hebraico; o Segundo foi escrito em grego, conforme testifica sua própria linguagem".
MELITO: A mais antiga lista cristã dos Livros do Antigo Testamento que existe hoje é a de Melito, bispo de Sardes, que escreveu em cerca de 170 D.C.
"Quando cheguei ao Oriente e encontrei-me no lugar em que essas coisas foram proclamadas e feitas, e conheci com precisão os Livros do Antigo Testamento, avaliei os fatos e os enviei a ti. São estes os seus nomes: cinco Livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Números, Levítico, Deuteronômio, Josué, filho de Num, Juizes, Rute, quatro Livros dos Reinos, os dois Livros de Crônicas, os Salmos de Davi, os Provérbios de Salomão e sua Sabedoria, Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos, Jó, os profetas Isaías, Jeremias, os doze num único livro, Daniel, Ezequiel, Esdras".
É digno de nota que Melito não menciona aqui nenhum livro dos apócrifos, mas inclui todos os nossos atuais livros do Antigo Testamento, exceto Ester. Mas as autoridades católicas passam por cima de todos esses testemunhos para manter, em sua teimosia, os apócrifos!
As heresias dos apócrifos
TOBIAS - (200 a.C.) - É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael.
Apresenta:
• justificação pelas obras - 4.7-l 1; 12.8.
• mediação dos Santos - 12.12
• superstições - 6.5, 7-9,19
• um anjo engana Tobias e o ensina a mentir - 5.l6 a 19
JUDITE - (150 a.C.) É a história de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. Grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.
BARUQUE - (100 a.D.) - Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da
destruição de Jerusalém. Mas é de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo.
Traz, entre outras coisas, a intercessão pelos mortos - 3.4.
ECLESIÁSTICO - (180 a.C.) – É muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas heresias:
• justificação pelas obras - 3.33, 34.
• trato cruel aos escravos - 33.26 e 30; 42.l e 5.
• incentiva o ódio aos samaritanos - 50.27 e 28
SABEDORIA DE SALOMÃO - (40 a.D.) - Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era Cristã).
Apresenta:
• o corpo como prisão da alma - 9.15
• doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma - 8.19 e 20
• salvação pela sabedoria - 9.19
I MACABEUS - (100 a.C.) - Descreve a história de três irmãos da família "Macabeus", que no chamado período interbíblico (400 a.C. 3 A.D.) lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e terra.
II MACABEUS - (100 a.C.) - Não é a continuação de 1 Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu.
Apresenta:
• a oração pelos mortos - 12.44 - 46
• culto e missa pelos mortos -12.43
• o próprio autor não se julga inspirado - 15.38-40; 2.25-27.
• intercessão pelos santos - 7.28 e 15.14
ADIÇÕES A DANIEL:
Capítulo 13 - A história de Suzana - segundo esta lenda Daniel salva Suzana num julgamento fictício baseado em falsos testemunhos.
Capítulo 14 - Bel e o Dragão - Contém histórias sobre a necessidade da idolatria.
Capítulo 3.24-90 - o cântico dos três jovens na fornalha.
Lendas, erros e outras heresias:
1. Histórias fictícias, lendárias e absurdas
Tobias 6.1-4 - "Partiu, pois, Tobias, e o cão o seguiu, e parou na primeira pousada junto ao rio Tigre. E saiu a lavar os pés, e eis que saiu da água um peixe monstruoso para o devorar. À sua vista, Tobias, espavorido, clamou em alta voz, dizendo: Senhor, ele lançou-se a mim. E o anjo disse-lhe: Pega-lhe pelas guelras, e puxa-o para ti. Tendo assim feito, puxou-o para terra, e o começou a palpitar a seus pés".
2. Erros históricos e geográficos
Esses livros contêm erros históricos, geográficos e cronológicos, além de doutrinas obviamente heréticas; eles até aconselham atos imorais (Judite 9.10,13). Os erros dos apócrifos são freqüentemente apontados em obras de autoridade reconhecida. Por exemplo: o erudito Bíblico DL René Paehe comenta: "Exceto no caso de determinada informação histórica interessante (especialmente em I Macabeus) e alguns belos pensamentos morais (por exemplo, Sabedoria de Salomão). Tobias contém certos erros históricos e geográficos, tais como a suposição de que Senaqueribe era filho de Salmaneser (1.15) em vez de Sargão II, e que Nínive foi tomada por Nabucodonosor e por Assuero (14.15) em vez de Nabopolassar e por Ciáxares... Judite não pode ser histórico porque contém erros evidentes... [Em II Macabeus]. Há também numerosas desordens e discrepâncias em assuntos cronológicos, históricos e numéricos, os quais refletem ignorância ou confusão..".
3.Ensinam artes mágicas ou de feitiçaria como método de exorcismo
Tobias 6.5-9 - "Então disse o anjo: Tira as entranhas a esse peixe, e guarda, porque estas coisas te serão úteis. Feito isto, assou Tobias parte de sua carne, e levaram-na consigo para o caminho; salgaram o resto, para que lhes bastassem até que chegassem a Ragés, cidade dos Medos. Então Tobias perguntou ao anjo e disse-lhe: Irmão Azarias, suplico-lhe que me digas de que remédio servirá estas partes do peixe, que tu me mandaste guardar: E o anjo, respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um pedacinho do seu coração sobre brasas acesas, o seu fumo afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem como da mulher, de sorte que não tomam mais a chegar a eles. E o fel é bom para untar os olhos que têm algumas névoas, e sararão".
Este ensino de que o coração de um peixe tem poder para expulsar toda espécie de demônios contradiz tudo o que a Bíblia diz sobre superstição.
4. Ensinam que esmolas e boas obras limpam os pecados e salvam a alma
a)Tobias l2.8,9 - "É boa a oração acompanhada do jejum, dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da morte (eterna), e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna".
b) Eclesiástico 3.33 - "A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados".
A salvação por obras destrói todo o valor da obra vicária de Cristo em favor do pecador.
5. Ensinam o perdão dos pecados através das orações
Eclesiástico 3.4 - "O que ama a Deus implorará o perdão dos seus pecados, e se absterá de tornar a cair neles, e será ouvido na sua oração de todos os dias".
O perdão dos pecados não está baseado na oração que se faz pedindo o perdão, não é fé na oração, e sim fé naquele que perdoa o pecado.
6. Ensinam a oração pelos mortos
II Macabeus 12.43-46 - "e tendo feito uma coleta, mandou 12 mil dracmas de prata a Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifícios pelos pecados dos mortos, sentindo bem e religiosamente a ressurreição (porque, se ele não esperasse que os que tinham sido mortos, haviam um dia de ressuscitar, teria por uma coisa supérflua e vã orar pelos defuntos); e porque ele considerava que aos que tinham falecido na piedade estava reservada uma grandíssima misericórdia. E, pois, um santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados". É nesse texto de um livro não canônico que a Igreja Católica Romana baseia sua doutrina do purgatório.
7. Ensinam a existência de um lugar chamado purgatório
Sabedoria 3.1-4 - "As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte. Pareceu aos olhos dos insensatos que morriam; e a sua saída deste mundo foi considerada como uma aflição, e a sua separação de nós como um extermínio; mas eles estão em paz (no céu). E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de imortalidade".
A Igreja Católica baseia a doutrina do purgatório na última parte desse texto. Afirmam os católicos que o tormento em que o justo está é o purgatório que o purifica para entrar na imortalidade. Isto é uma deturpação do próprio texto do livro apócrifo.
8. Tobias 5.15-19
"E o anjo disse-lhe: Eu o conduzirei e to reconduzirei. Tobias respondeu: Peço-te que me digas de que família e de que tribo és tu? O anjo Rafael disse-lhe: Procuras saber a família do mercenário, ou o mesmo mercenário que vá com teu filho? Mas para que te não ponhas em cuidados, eu sou Azarias, filho do grande Ananias. E Tobias respondeu-lhe: Tu és de uma ilustre família. Mas peço-te que te não ofendas por eu desejar conhecer a tua geração".
Um anjo de Deus não poderia mentir sobre a sua identidade sem violar a própria lei santa de Deus. Todos os anjos de Deus foram verdadeiros quando lhes perguntado a sua identidade. Veja Lucas 1.19.
Decisão polêmica e eivada de preconceito
Resumindo todos esses argumentos, essa postura afirma que o amplo emprego dos livros apócrifos por parte dos cristãos desde os tempos mais primitivos é evidência de sua aceitação pelo povo de Deus. Essa longa tradição culminou no reconhecimento oficial desses livros, no Concílio de Trento, como se tivessem sido inspirados por Deus. Mesmo não-católicos, até o presente momento, conferem aos livros apócrifos uma categoria de paracanônicos, o que se deduz do lugar que lhes dão em suas Bíblias e em suas igrejas.
O cânon do Antigo Testamento até a época de Neemias compreendia 22 (ou 24) Livros em hebraico, que, nas Bíblias dos cristãos, seriam 39, como já se verificara por volta do século IV a.C. Foram os livros chamados apócrifos, escritos depois dessa época, que obtiveram grande circulação entre os cristãos, por causa da influência da tradução grega de Alexandria. Visto que alguns dos primeiros pais da igreja, de modo
especial no Ocidente, mencionaram esses livros em seus escritos, a igreja (em grande parte por influência de Agostinho) deu-lhes uso mais amplo e eclesiástico. No entanto, até a época da Reforma esses livros não eram considerados canônicos. A canonização que receberam no Concílio de Trento não recebeu o apoio da história. A decisão desse Concílio foi polêmica e eivada de preconceito.
Que os livros apócrifos. seja qual for o valor devocional ou eclesiástico que tiverem, não são canônicos, o que se comprova pelos seguintes fatos:
1. A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos.
2. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento.
3. A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja rejeitou sua canonicidade.
4. Nenhum concílio da igreja os considerou canônicos senão no final do século IV.
5. Jerônimo, o grande especialista Bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente os livros apócrifos.
6. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, rejeitaram os livros apócrifos.
7. Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até a presente data, reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.
Em virtude desses fatos importantíssimos, torna-se absolutamente necessário que os cristãos de hoje jamais usem os livros apócrifos como se fossem Palavra de Deus, nem os citem em apoio autorizado a qualquer doutrina cristã. Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados de canonicidade estabelecidos, verificamos que aos livros apócrifos faltam:
1. Os apócrifos não reivindicam ser proféticos.
2. Não detêm a autoridade de Deus. O prólogo do livro apócrifo Eclesiástico (180 a.C.) diz: "Muitos e excelentes ensinamentos nos foram transmitidos pela Lei, pelos profetas, e por outros escritores que vieram depois deles, o que torna Israel digno de louvor por sua doutrina e sua sabedoria, visto não somente os autores destes discursos tiveram de ser instruídos, também os próprios estrangeiros se podem tornar (por meio deles) muito hábeis, tanto para falar como para escrever. Por isso, Jesus, meu avô, depois de se ter aplicado com grande cuidado à leitura da Lei, dos profetas e dos outros livros que nossos pais nos legaram, quis também escrever alguma coisa acerca da doutrina e sabedoria... Eu vos exorto, pois, a ver com benevolência, e a empreender esta leitura com uma atenção particular e a perdoar-nos, se algumas vezes parecer que, ao reproduzir este retrato da soberania, somos incapazes de dar o sentido (claro) das expressões". Este prólogo é um auto-reconhecimento da falibilidade humana. (grifo acrescentado)
Diante de tudo isso, perguntamos: "Merecem confiança os livros Apócrifos?" A resposta obvia é: NÃO!
Natureza e número dos apócrifos do Antigo Testamento
Há quinze livros chamados apócrifos (quatorze, se a Epístola de Jeremias se unir a Baruque, como ocorre nas versões católicas de Douai). Com exceção de II Esdras, esses livros preenchem a lacuna existente entre Malaquias e Mateus e compreendem especificamente dois ou três séculos antes de Cristo.
Significado das palavras cânon e canônico
CÂNON - (de origem semítica, na língua hebraica "qãneh" em Ez 40.3; e no grego: "kanón", em Gl 6.16) tem sido traduzido em nossas versões em português como "regra", "norma". Literalmente, significa vara ou instrumento de medir.
CANÔNICO - Que está de acordo com o cânon. Em relação aos 66 livros da Bíblia hebraica e evangélica.
Significado da palavra Pseudoepígrafado
Literalmente significa "escritos falsos" - Os apócrifos não são necessariamente escritos falsos, mas, sim, não-canonicos, embora também contenham ensinos errados ou hereges.
Diferença entre as Bíblias Hebraicas, Protestantes e Católicas
1. Bíblia hebraica
(a Bíblia dos Judeus)
2. Bíblia protestante
3. Bíblia católica
a) Contem somente os 39 livros do V.T.
b) Rejeita os 27 do N.T. como inspirado, assim como rejeitou Cristo.
c) Não aceita os livros apócrifos incluídos na Vulgata (versão Católica Romana).
a) Aceita os 39 livros do V.T. e também os 27 do N.T.
b) Rejeita os livros apócrifos incluídos na Vulgata, como não canônicos.
a) Contém os 39 livros do V.T. e os 27 do N.T.
b) Inclui, na versão Vulgata, os livros apócrifos ou não canônicos que são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, I e II de Macabeus, seis capítulos e dez versículos acrescentados no livro de Ester e dois capítulos de Daniel.
A seguir, a lista dos que se encontravam na Septuaginta:
1. 3 Esdras
2. 4 Esdras
3. Oração de Azarias
4. Tobias
5. Adições a Ester
6. A Sabedoria de Salomão
7. Eclesiástico (Também chamado de Sabedoria de Jesus, filho de Siraque).
8. Baruque
9. A Carta de Jeremias
10. Os acréscimos de Daniel
11. A Oração de Manasses
12. I Macabeus
13. II Macabeus
14. Judite
Autor: Paulo Cristiano, do CACP (Centro Apologético Cristão de Pesquisa www.cacp.org.br/)
Fonte: Revista Defesa da Fé – ano 6, n.º 41 / dezembro/2001 – pags. 54 a 59
Instituto Cristão de Pesquisa (ICP) www.icp.com.br
estudos.htmestudos.htm
Razões porque os APÓCRIFOS
Foram rejeitados como inspirados no Cânon da Escritura Sagrada
0. TESE: Demonstrar que somente os 66 livros que temos atualmente na Bíblia (protestante ou evangélica) são a PALAVRA DE DEUS,
a) São os únicos livros inspirados por Deus, ou seja, que cada escritor destes 66 livros, não escreveram suas idéias e pensamentos, porém o Espírito Santo os moveu a escrever somente os pensamentos, idéias e palavras de Deus, (II Tm 3.16-17; II Pe 1.19-21)
b) O Espírito Santo superintendeu o ato de escrever de cada escritor de maneira tão exata e precisa, que a inspiração Divina se estendeu não
somente as palavras, mas até as letras empregadas nos originais do Velho e do Novo Testamentos. (Mt 5.18; 3.15-16)
Demonstrar que os livros apócrifos, incluídos impropriamente nas versões católicas romanas não são canônicos, ou seja não estão de acordo com os critérios e normas que trouxeram reconhecimento como inspirados aos outros 66 livros. Estes livros são:
LIVRO APÓCRIFO
8
Baruque
1
3 Esdras
9
A Carta de Jeremias
2
4 Esdras
10
Os acréscimos de Daniel
3
Oração de Manassés
11
A Oração de Manassés
4
Tobias
12
1 Macabeus
5
O Restante de Ester
13
2 Macabeus
6
A Sabedoria de Salomão
7
Eclesiástico (Também chamado de Sabedoria de Jesus, filho de Siraque)
1. INTRODUÇÃO:
Significado da palavra APÓCRIFO:
Etimologia = "oculto", "não canônico",
1.1. Significado da palavra CÂNON e CANÔNICO
a) CÂNON - (de origem semítica, na língua hebraica "qãneh" em Ez 40.3; e no grego grega: "kanón" em Gl 6.16"), tem sido traduzido em nossas versões em português como, "regra", "norma".
- Significado literal: vara ou instrumento de medir.
- Significado figurado: Regra ou critérios que comprovam a autenticidade e inspiração dos livros bíblicos; Lista dos Escritos Sagrados; Sinônimo das ESCRITURAS - como a regra de fé e ação investida de autoridade divina.
- Outros significados: Credo formulado (a doutrina da Igreja em Geral); Regras eclesiásticas (lista ou série de procedimentos)
b) CANÔNICO - Que está de acordo com o cânon. Em relação aos 66 livros da Bíblia chamada hebraica e da Bíblica "evangélica", é o mesmo que dizer, inspirado por Deus.
1.2. Significado da palavra PSEUDOEPÍGRAFO - Literalmente significa "escritos falsos" - Os apócrifos não são necessariamente escritos falsos, mas, sim não canônicos, embora, também contenham ensinos errados ou hereges.
2 - DIFERENÇAS ENTRE AS BÍBLIAS HEBRAICAS, PROTESTANTES E CATÓLICAS
2.A) Diferenças Básicas
1. Bíblia Hebraica – [a Bíblia dos judeus]
a) Contém somente os 39 livros do V.T.
b) Rejeita os 27 do N.T. como inspirado, assim como rejeitou Cristo.
c) Não aceita os livros apócrifos incluídos na Vulgata [versão Católica Romana)
2. Bíblia Protestante -
a) Aceita os 39 livros do V.T. e também os 27 do N.T.
b) Rejeita os livros apócrifos incluídos na Vulgata, como não canônicos
3. Bíblia Católica -
a) Contém os 39 livros do V.T. e os 27 do N.T.
b) Inclui na versão Vulgata, os livros apócrifos ou não canônicos.
2.B) Como os apócrifos acabaram sendo incluídos na versão Católica Romana?
1. Os judeus rejeitaram de modo uniforme os livros apócrifos, por isto não se encontram na Bíblia Hebraica;
2. Os apócrifos foram escritos depois do livro de Malaquias, ou seja, depois do Velho Testamento estar concluído.
3. O período é de 300 a.C. e 100 depois de Cristo. Este é o período da Helenização, onde os gregos tentarão impor a cultura pagã grega no mundo todo.
4. Nesta época a Bíblia hebraica foi traduzida em Alexandria, para o grego, e nesta versão chamada LXX ou septuaginta, foram incluídas alguns livros apócrifos.
5. No segundo século depois de Cristo, as primeiras Bíblias em latim, foram traduzidas não da Bíblia Hebraica, mas da Septuaginta, a versão grega, que tinha incluído os apócrifos no Velho Testamento.
6. A Vulgata, a versão oficial da igreja católica, feita por Jerônimo, distinguia entre:
- libris canonice = Livros canônicos e
- libris ecclesiastici = Livros apócrifos
7. No Concílio de Cartago (397), onde a igreja Romana já estava bem solidificada, foi resolvido aceitar os livros apócrifos como próprios para leitura religiosa, embora, não fossem canônicos.
8. Foi somente em 1548, como mais um dogma herético, que a Roma reconheceu os livros apócrifos como de igual valor aos livros 66 livros canônicos. Com exceção de 3 e 4 Esdras e da Oração de Manassés.
9. Os reformadores rejeitaram completamente os apócrifos como canônicos.
3 - RAZÕES POR QUE OS LIVROS APÓCRIFOS FORAM REJEITADOS
3.1a) Não estão de acordo com os critérios usados para aceitação dos livros canônicos.
1) O Pentateuco [os primeiros cinco livros da Bíblia] serve de critério na aceitação de todos os outros livros da Bíblia. Se os livros apócrifos não concordam com o Pentateuco eles não são inspirados. (Is 8.20; Mt.5.18-19)
2) Se João, o evangelista tivesse escrito algo que contradisse o que Moisés escreveu, o evangelho de João deveria ser rejeitado como não inspirado, por Deus não se contradiz;
3) Os livros apócrifos contradizem Moisés e os outros profetas, várias vezes;
4) Nem Cristo nem os apóstolos citaram os apócrifos;
5) São Jerônimo os rejeitou porque não foram escrito em hebraico (com exceção de Eclesiástico, Tobias, e 1 Macabeus )
6) Foi a igreja católica no concílio de Trento Em 1548 d.C. que colocou os 12 livros apócrifos como inspirados.
7) O verdadeiro teste de canonicidade é o testemunho que Deus, O Espírito Santo dá a autoridade de Sua própria Palavra.
- Na sua boa providência Deus fez que seu povo reconhece a Sua Palavra e recebesse a Sua Palavra.
- Assim como revelou sua Palavra as autores Bíblicos, também, agiu soberanamente para que os livros canônicos fosse como de autoria Divina.
3.2a) Os Apócrifos Não São Inspirados. - Razões.
1. Seus ensinos baseados em histórias fictícios, lendárias e absurdas
- Tobias 6.1-4 - "Partiu, pois, Tobias, e o cão o seguiu, e parou na primeira pousada junto ao rio Tigre. E saiu a lavar os pés, e eis que saiu da água um peixe monstruoso para o devorar. À sua vista, Tobias, espavorido, clamou em alta voz, dizendo: Senhor, ele lançou-se a mim. E o anjo disse disse-lhe: Pega-lhe pelas guerras, e puxa-o para ti. Tendo assim feito, puxou-o para terra, e o começou a palpitar a seus pés
2. Ensina erros doutrinários - tais como:
a) Orações pelos mortos
b) Falsas curas
c) Queimar o coração de um peixe para expulsar o demônio [fetiçaria]
d) Salvação por esmolas e obras;
e) Alteração dos destino das almas após a morte.
f) A falsa doutrina do purgatório
3. Por estas razões a igreja católica aceita os livros apócrifos, porque eles dão uma falsa base para seus ensinos heréticos.
4. - ENSINOS HERÉTICOS PELOS QUAIS OS LIVROS APÓCRIFOS FORAM REJEITADOS
4.1o) Ensinam Artes Mágicas ou de Feitiçaria como método de exorcismo
a) Tobias 6.5-9 - "Então disse o anjo: Tira as entranhas a esse peixe, e guarda, porque estas coisas te serão úteis. Feito isto, assou Tobias parte de sua carne, e levaram-na consigo para o caminho; salgaram o resto, para que lhes bastassem até chegassem a Ragés, cidade dos Medos. Então Tobias perguntou ao anjo e disse-lhe: Irmão Azarias, suplico-lhe que me digas de que remédio servirão estas partes do peixe, que tu me mandaste guardar: E o anjo, respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um pedacinho do seu coração sobre brasas acesas , o seu fumo afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem como da mulher, de sorte que não tornam mais a chegar a eles. E o fel fel é bom para untar os olhos que têm algumas névoas, e sararão"
b) Este ensino que o coração de um peixe tem o poder para expulsar toda espécie de demônios contradiz tudo o que a Bíblia diz sobre como enfrentar o demônio.
c) Deus jamais iria mandar um anjo seu, ensinar a um servo seu, como usar os métodos da macumba e da bruxaria para expulsar demônios.
d) Satanás não pode ser expelido pelos métodos enganosos da feitiçaria e bruxaria, e de fato ele não tem interesse nenhum em expelir demônios (Mt 12.26).
e) Um dos sinais apostólicos era a expulsão de demônios, e a única coisas que tiveram de usar foi o nome de Jesus (Mc 16.17; At 16.18)
4.2o) Ensinam que Esmolas e Boas Obras - Limpam os Pecados e Salvam a Alma
a) Tobias 12.8, 9 - "É boa a oração acompanhada do jejum, dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da morte (eterna), e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna".
Eclesiástico 3.33 - "A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados"
b) Este é o primeiro ensino de Satanás, o mais terrível, e se encontrar basicamente em todas a seitas heréticas.
c) A Salvação por obras, destrói todo o valor da obra vicária de Cristo em favor do pecador. Se caridade e boas obras limpam nossos pecados, nós não precisamos do sangue de Cristo. Porém, a Bíblia não deixa dúvidas quanto o valor exclusivo do sangue como um único meio de remissão e perdão de pecados:
- Hb 9:11, 12, 22 - "Mas Cristo... por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido um eterna redenção ...sem derramamento de sangue não há remissão."
- I Pe 1:18, 19 - "sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo,"
d) Contradiz Bíblia toda. Ela declara que somente pela graça de Deus e o sangue de Cristo o homem pode alcançar justificação e completa redenção:
- Romanos 3.20, 24, 24 e 29 - "Ninguém será justificado diante dele pelas obras da lei.. sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. A quem Deus propôs no seu sangue.... Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei".
4.3o) Ensinam o Perdão dos pecados através das orações-
a) Eclesiástico 3.4 - "O que ama a Deus implorará o perdão dos seus pecados, e se absterá de tornar a cair neles, e será ouvido na sua oração de todos os dias".
b) O perdão dos pecados não está baseado na oração que se faz pedindo o perdão, não é fé na oração, e sim fé naquele que perdoa o pecado, a oração por si só, é uma boa obra que a ninguém pode salvar. Somente a oração de confissão e arrependimento baseadas na fé no sacrifício vicário de Cristo traz o perdão (Pv. 28.13; I Jo 1.9; I Jo 2.1,2)
4.4o) Ensinam a Oração Pelos Mortos
a) 2 Macabeus 12:43-46 - "e tendo feto uma coleta, mandou 12 mil dracmas de prata a Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifícios pelos pecados dos mortos, sentindo bem e religiosamente a ressurreição, (porque, se ele não esperasse que os que tinham sido mortos, haviam um dia de ressuscitar, teria por uma coisa supérflua e vã orar pelos defuntos); e porque ele considerava que aos que tinham falecido na piedade estava reservada uma grandíssima misericórdia. É, pois, um santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados".
b) É neste texto falso, de um livro não canônico, que contradiz toda a Bíblia, que a Igreja Católica Romana baseia sua falta e herege doutrina do purgatório.
c) Este é novamente um ensino Satânico para desviar o homem da redenção exclusiva pelo sangue de Cristo, e não por orações que livram as almas do fogo de um lugar inventado pela mente doentia e apostata dos teólogos católicos romanos.
d) Após a morte o destino de todos os homens é selado, uns para perdição eterna e outros para a Salvação eterna - não existe meio de mudar o destinos de alguém após a sua morte. Veja Mt. 7:13,13; Lc 16.26
4.5o) Ensinam a Existência de um Lugar Chamado PURGATÓRIO
a) Este é o ensino Satânico inventado pela Igreja Católica Romana, de que o homem, mesmo morrendo perdido, pode ter uma Segunda chance de Salvação.
b) Sabedoria 3.1-4 - "As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte. Pareceu aos olhos dos insensatos que morriam; e a sua saída deste mundo foi considerada como uma aflição, e a sua separação de nós como um extermínio; mas eles estão em paz (no céu). E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de imortalidade".
c) A Igreja Católica baseia a doutrina do purgatório na ultima parte deste texto, onde diz: " E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de imortalidade".
- Eles ensinam que o tormento em que o justo está, é o purgatório que o purifica para entrar na imortalidade.
- Isto é uma deturpação do próprio texto do livro apócrifo. De modo, que a igreja Católica é capaz de qualquer desonestidade textual, para manter suas heresias.
- Até porque, ganha muito dinheiro com as indulgências e missas rezadas pelos mortos.
d) Leia atentamente as seguinte textos das Escrituras, que mostram a impossibilidade do purgatório : I Jo 1.7; Hb 9.22; Lc 23.40-43; I6: 19-31; I Co 15:55-58; I Ts 4:12-17; Ap 14:13; Ec 12:7; Fp 1:23; Sl 49:7-8; II Tm 2:11-13; At 10:43)
4.6o) Nos Livros Apócrifos Os Anjos Mentem
a) Tobias 5.15-19 - "E o anjo disse-lhe: Eu o conduzirei e to reconduzirei. Tobias respondeu: Peço-te que me digas de que família e de tribo és tu? O anjo Rafael disse-lhe: Procuras saber a família do mercenário, ou o mesmo mercenário que vá com teu filho? Mas para que te não ponhas em cuidados,, eu sou Azarias, filho do grande Ananias. E Tobias respondeu-lhe: Tu és de uma ilustre família. Mas peço-te que te não ofendas por eu desejar conhecer a tua geração.
b) Um anjo de Deus não poderia mentir sobre a sua identidade, sem violar a própria lei santa de Deus. Todos os anjos de Deus, foram verdadeiros quando lhes foi perguntado a sua identidade. Veja Lc 1.19
4.7o) Mulher que Jejuava Todos os Dias de Sua Vida
a) Judite 8:5,6 - "e no andar superior de sua casa tinha feito para si um quarto retirado, no qual se conservava recolhida com as suas criadas, e, trazendo um cilício sobre os seus rins, jejuava todos os dias de sua vida, exceto nos sábados, e nas neomênias, d nas festas da casa de Israel"
b) Este texto legendário tem sido usado por romana relacionado com a canonização dos "santos" de idolatria. Em nenhuma parte da Bíblia jejuar todos os dias da vida é sinal de santidade. Cristo jejuou 40 dias e 40 noites e depois não jejuou mais.
c) O livro de Judite é claramente um produção humana, uma lenda inspirada pelo Diabo, para escravizar os homens aos ensinos da igreja Católica Romana.
4.8o) Ensinam Atitudes Anticristãs, como: VINGANÇA, CRUELDADE E EGOÍSMO
a) VINGANÇA - Judite 9:2
b) CRUELDADE e EGOÍSMO - Eclesiástico 12:6
c) Contraria o que a Bíblia diz sobre:
- Vingança (Rm 12.19, 17)
- Crueldade e Egoísmo ( Pv. 25:21,22; Rm 12:20; Jo 6:5; Mt 6:44-48)
4.9o) A igreja Católica tenta defender a IMACULADA CONCEIÇÃO baseando em uma deturpação dos apócrifos (Sabedoria 8:9,20) - Contradizendo: Lc. 1.30-35; Sl 51:5; Rm 3:23)
5. CONCLUSÃO: - Temos todas as razões para rejeitar os livros apócrifos.
5.1. Eles são um poderoso instrumento de Satanás para semear heresias destrutivas.
5.2. A igreja Católica Romana os abraçou, porque não podia apoiar suas heresias nos livros canônicos, então, como é falsa até a raiz, apelou para livros que são fontes de falsidades e heresias.
5.3. Satanás tem usado de todos os meios e artimanhas para confundir a doutrina Bíblica, mas os eleitos terão a luz do Espírito Santo e não se deixaram enganar.
5.4. A Bíblia completa, se compõe de 66 livros, que são a Única, Verdadeira e Comprovada Palavra de Deus.
* Este estudo foi resultado de pesquisas em várias fontes tais como: ”Léxicos e dicionários de grego, Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Novo Dicionário da Bíblia, Dic. Int. de Teol. Do N.T., folhetos, etc..
Pr. José Laérton – IBR Emanuel – (085) 292-6204
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A LENDA DE ABGARO
Fonte: "Enciclopédia Católica"
Autor: H. Leclercq
Tradução: Renata Itimura
O historiador Eusébio registra uma tradição (H.E. LXII) - em que ele acredita firmemente - concernente a uma correspondência trocada entre Nosso Senhor e a autoridade local de Edessa. Três são os documentos associados a esta correspondência:
A carta de Abgaro para Nosso Senhor;
A resposta de Nosso Senhor; e
Um retrato de Nosso Senhor, pintado em vida.
Esta lenda teve grande popularidade tanto no Ocidente como no Oriente durante a Idade Média: a carta de Nosso Senhor foi copiada em pergaminho, mámore e metal, e usada como um talismã ou amuleto.
Na época de Eusébio pensava-se que as cartas originais escritas em siríaco estivessem guardadas nos arquivos de Edessa. Nos dias de hoje, possuímos não apenas o texto siríaco mas também uma versão armênia, bem como duas versões gregas independentes - menores que a siríaca - e várias inscrições em pedra, todas elas discutidas em dois artigos no "Dicitionnaire d'archeólogie chrétienne et de liturgies" col. 88 sq. e 1807 sq. Os únicos dois trabalhos a serem consultados com referência a estes tópicos literários são a "História Eclesiástica" de Eusébio e os "Atos de Tadeu" que professam pertencer à Era Apostólica.
O fato, conforme esses dois trabalhos, ocorreu assim: Abgaro, rei de Edessa, aflito com uma doença incurável, escutou a fama do poder e dos milagres de Jesus e escreveu para Ele, suplicando para que viesse curá-lo. Jesus recusa a vir, mas promete mandar um mensageiro investido com Seu poder, chamado Tadeu, um dos setenta e dois discípulos.
As cartas de Nosso Senhor e do rei de Edessa variam na versão dada em Eusébio e a dada nos "Atos de Tadeu". A que segue é retirada dos "Atos de Tadeu", que é menos acessível do que a da História de Eusébio:
Abgaro Ukkama a Jesus, o Bom Médico que apareceu na terra de Jerusalem, saudações:
Escutei falar de Ti e de Tuas curas: que Tu não fazes uso de remédios nem raízes; que, por Tua palavra, abriste [os olhos] de um cego, fizeste o aleijado andar, limpaste o leproso, fizeste o surdo ouvir; que por Tua palavra tu [também] expulsaste espíritos daqueles que eram atormentados por demônios imundos; que, outra vez, Tu ressussitaste o morto [trazendo-o] para a vida.
E, conhecendo as maravilhas que Tu fazes, concluí que [das duas uma]: ou Tu desceste do céu, ou mais: Tu és o Filho de Deus e por isso fizeste todas essas coisas. Por esse motivo escrevo para Ti, e rezo para que venhas até mim, que Te adoro, e cure toda a doença que carrego, de acordo com a fé que tenho em Ti.
Também soube que os judeus murmuram contra Ti e Te perseguem; que buscam crucificar-Te e destruir-Te. Eu não possuo mais que uma pequena cidade, mas é bela e grande o suficiente para que nós dois vivamos em paz.
Quando Jesus recebeu esta carta, na casa de um alto sacerdote dos judeus, ele disse para Hannan, o secretário:
"Vá e dize para teu senhor que te enviou para mim: 'Feliz és tu que acreditaste em Mim não tendo Me visto, porque está escrito sobre Mim que aqueles que me verão não acreditarão em Mim, e aqueles que não me verão acreditarão em Mim'. Quanto ao que escreveste, que eu deveria ir até ti, devo cumprir todas as coisas para as quais fui enviado aqui; quando eu ascender outra vez para o Meu Pai que me enviou, e quando eu tiver ido ter com Ele, Eu te enviarei um dos meus discípulos, que curará todos os teus sofrimentos, e eu te darei saúde outra vez, e converterei todos os que estão contigo para a vida eterna. E tua cidade será abençoada para sempre, e os teus inimigos nunca a dominarão".
Segundo Eusébio não foi Hannan que escreveu a resposta, mas o próprio Nosso Senhor. Um crescimento legendário curioso originou-se desta ocorrência imaginária. A natureza da doença de Abgaro tem sido discutida gravemente, para crédito da imaginação de vários escritores, uns sustentando que era gota, outros lepra; os primeiros dizendo que isto tinha durado sete anos, os últimos descobrindo que o doente tinha contraído a doença durante uma estadia na Pérsia. Outros cronistas, por sua vez, sustentam que a carta foi escrita em pergaminho, embora alguns favoreçam o papiro. A passagem crucial na carta de Nosso Senhor, entretanto, é a que promete à cidade de Edessa vitória sobre todos os inimigos. Isto deu à pequena cidade uma popularidade que desapareceu no dia que ela caiu nas mãos dos conquistadores. Foi um rude choque para aqueles que acreditavam na lenda; eles preferiram atribuir a queda da cidade à cólera de Deus contra os habitantes do que admitir a falha da salvaguarda, que não era menos confiante naquele tempo do que no passado.
O fato relacionado correspondente há muito deixou de ter qualquer valor histórico. O texto foi tirado de duas partes do evangelho, o que em si mesmo é o suficiente para provar a não autenticidade da carta. Além disso, as citações são feitas não dos próprios evangelistas, mas da famosa concordância de Taciano, compilada no século II e conhecida como "Diatessaron", deste modo fixando a data da lenda como aproximadamente da metade do século III. Em adição, entretanto, para a importância que é alcançada no ciclo apócrifo, a correspondência do rei Abgaro também ganha lugar na liturgia . O decreto "De libris non recipiendis", do psêudo-Gelásio, coloca a carta entre os apócrifos, o
que pode, possivelmente, ser uma alusão dela ter sido inserida entre as lições de liturgia oficialmente sancionadas. As liturgias sírias comemoram a correspondência de Abgaro durante a Quaresma. A liturgia celta parece ter acrescentado importância à lenda; o "Liber Hymnorum", um manuscrito preservado na Universidade Trinity, em Dublin (E. 4,2), apresenta duas compilações nas linhas da carta para Abgaro. Nem, de qualquer maneira, é impossível que esta carta, seguida de muitas orações, possa ter formado um ofício litúrgico menor em certas igrejas.
O relatório dado por Adda contém um detalhe que pode ser brevemente referido aqui. Hannan, que escreveu o ditado por Nosso Senhor, era um arquivista em Edessa e pintor do rei Abgaro. Ele tinha sido encarregado de pintar um retrato de Nosso Senhor - tarefa que ele cumpriu diligentemente - trazendo de volta com ele, para Edessa, uma pintura que veio a ser objeto de veneração geral, mas que, depois de certo tempo, disse-se que foi pintada pelo próprio Nosso Senhor. Como a carta, o retrato estava destinado a ser o núcleo de um crescimento legendário: a "Face Santa de Edessa" era principalmente famosa no mundo Bizantino. Entretanto, uma mera alusão deste fato aqui deve ser suficiente, já que a lenda do retrato de Edessa faz parte de um tema extremamente difícil e obscuro da iconografia de Cristo e de pinturas de origens miraculosas conhecidas como "acheiropoietoe" (=feita sem as mãos).
Como os Manuscritos do Mar Morto têm ajudado no estudo do texto do Antigo Testamento?
Antes da descoberta dos manuscritos do Mar Morto, a mais antiga cópia hebraica de todo o Antigo Testamento era o assim chamado texto Ben Asher, encontrado no Códice B19A da Biblioteca Pública de Leningrado e datado de 1008 dC, que foi usado por P. Kahle na terceira edição da Bíblia Hebraica de Kittel, de 1937, e muitas vezes reimpresso. Já que os documentos bíblicos de Qumran oferecem uma forma do Antigo Testamento hebraico pelo menos mil anos mais antiga que aquele códice, seu testemunho do texto do Antigo Testamento é precioso. Aqui temos de incluir também os textos bíblicos recuperados no Wadi Murabba'at, Nahal Hever e Massada. Todos juntos, esses documentos datam de meados do século III aC ao início do século II dC, e revelam como os textos do Antigo Testamento eram copiados na Palestina daquela época. Quanto aos textos bíblicos copiados especificamente em Qumran, sua datação estaria aproximadamente entre 150 aC e 68 dC, datas que são confirmadas pela cerâmica e outros artefatos encontrados nas grutas relacionadas com o Khirbet Qumran. O terminus ad quem para os textos de Massada seria 74 dC; para Nahal Hever e Murabba'at, 132-35 dC (a revolta de Bar Kokhba).
Por um lado, esses textos bíblicos muitas vezes simplesmente confirmaram as leituras do Texto Massorético medieval, o texto hebraico comumente usado para as modernas edições críticas do Antigo Testamento. Há, é claro, muitas diferenças de soletração. A scriptio plena, "escrita plena" (ou seja, com um uso abundante de consoantes como letras vogais), supera a scriptio defectiva, "escrita defectiva", especialmente nos manuscritos de Qumran, mas isso realmente é irrelevante. Por outro lado, os textos bíblicos de Qumran apresentaram formas de alguns livros do Antigo Testamento que diferem do
Texto Massorético. Em tais casos, podem concordar com as diferenças encontradas no Pentateuco samaritano ou no Antigo Testamento grego, a Septuaginta. Isso é especialmente importante no último caso, já que os textos de Qumran revelam agora que a Septuaginta não era uma tradução descuidada do hebraico, nem uma alteração deliberada deste, como alguns pensavam antigamente, mas, na verdade, uma tradução cuidadosa de uma forma ou recensão hebraica diferente de alguns livros. Isso é particularmente importante para o livro de Jeremias, que em sua forma na Septuaginta é quase um oitavo mais curto que no Texto Massorético; e uma forma curta hebraica relacionada à Septuaginta é atestada agora em 4QJerb. Uma forma do texto hebraico de 1-2 Samuel relacionada à Septuaginta também foi encontrada em 4QSama e 4QSamb.
A maioria dos textos bíblicos de Qumran foi copiada nas escritas dos habituais caracteres quadrados, às vezes chamados "escrita assíria" ou "escrita aramaica", mas as Grutas 1, 2, 4, 6 e 11 revelaram textos do Antigo Testamento copiados na escrita paleo-hebraica, uma escrita que imitava a antiga escrita fenícia. A maioria estava copiada em pele, mas foram encontrados papiros com textos bíblicos nas Grutas 1, 4, 6 e 9 (se 9Q1 de fato for um fragmento de texto bíblico). Em um caso (4QNumb) alguns versículos foram escritos com tinta vermelha (20,22-23; 22,21,23,13; 23,27, 31, 25, 28,48; 32,25; 33,1); o significado disso ainda não foi determinado.
Os críticos textuais debatem entre si sobre como melhor caracterizar as diferentes tradições textuais representadas pelos documentos bíblicos de Qumran. Os especialistas norte-americanos W. F. Albright e F. M. Cross distinguiram textos locais: o tipo de texto protomassorético derivado de Babilônia, o tipo Septuaginta derivado do Egito, e o tipo proto-samaritano derivado da Palestina, mas o especialista israelense S. Talmon rejeita as designações geográficas e relaciona os tipos a contextos religioso-sociológicos diferentes. Outros ainda, Como o israelense E. Tov, preferem não falar de tipos de texto ou recensões, mas apenas de textos independentes não aparentados.
De qualquer modo, os mais importantes textos do Antigo Testamento de Qumran são as cópias de Isaías da Gruta 1, e as da Gruta 4 dos seguintes livros: Êxodo, Samuel, Jeremias e Daniel. Esses textos da Gruta 4 são os livros que manifestam as variantes textuais mais notáveis e importantes.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Existe mesmo o Apocalipse de São Pedro?
Um irmão católico ficou surpreso ao saber, pelo fragmento de Muratori (v. Área de Patrística), da existência de um "Apocalipse" atribuído a São Pedro e me pediu informações a respeito (em azul). A minha resposta segue em preto...
Caro Irmão Nabeto,
Antes de mais nada, parabenizo pelo site Agnus Dei, pela diversificação dos temas e pela qualidade. [...]
Lendo um dos assuntos abordados dentro do texto "Cânon de Muratori" me deparei com a afirmação do autor do texto, escrito por volta de 150 dC, o qual reproduzo abaixo a afirmação completa:
"Quantos aos apocalipses, recebemos dois: o de João e o de Pedro; mas, quanto a este último, alguns dos nossos não querem que seja lido".
Caro Irmão, sinceramente é a primeira vez que escuto sobre um apocalipse "escrito" por Pedro. Você poderia me fornecer maiores informações sobre isso??
Agradeço sua atenção. Saudações em Cristo Jesus Nosso Senhor !! (Maristone)
Caro Maristone,
Pax Domini!
Agradeço pela visita ao site do Agnus Dei e por suas cordiais palavras. Quanto ao Apocalipse de Pedro, trata-se de um livro apócrifo redigido entre 125 e 150 dC (i.é, séc. II) e falsamente atribuído ao príncipe dos apóstolos, São Pedro. De fato, alguns cristãos consideravam-no inspirado, como, por exemplo, o escritor e doutor grego Clemente de Alexandria e o autor do já citado fragmento de Muratori (ainda que faça a ressalva).
Além disso, algumas igrejas da Palestina liam partes de seu texto na liturgia da Sexta-Feira Santa (até meados do séc. V) mas, com a definição oficial do cânon bíblico no final do séc. IV, e consequente classificação do Apocalipse de Pedro como "apócrifo", o mesmo deixou de ser lido e empregado, sendo destruído ou caindo no esquecimento até que, por fim, acabou por desaparecer.
E assim foi durante muito tempo; só se tinha conhecimento de sua existência através de alguns fragmentos (como um que foi encontrado num túmulo do Alto Egito) ou por ter sido citado nas obras de Clemente de Alexandria. Porém, em 1910, foi descoberto o texto completo em uma tradução etíope, que foi pesquisado por mons. Sylvain Grebaut e publicado na íntegra vários anos depois.
Possui uma parte que pode ser considerada, de certa forma, paralela a Mt 24: "Muitos virão em meu nome e dirão: 'Eu sou o Cristo'. Não confieis neles e nem vos aproximeis. Na realidade, a época da vinda do Filho do Senhor não é conhecida. Mas, como o raio que surge do oriente até o poente, assim chegarei nas nuvens do céu, com um exército numeroso para minha glória e minha cruz virá na frente. Virei em minha glória resplandecendo sete vezes mais que o sol. Virei em minha glória
com todos os meus santos e os meus anjos, e meu Pai me colocará, então, uma coroa sobre a cabeça para que eu julgue os vivos e os mortos e pague a cada um de acordo com seus atos. [...] Não sabes que a árvore do figo é a casa de Israel? [...] Certo eu te digo que, quando os seus ramos tiverem esverdeado no último dia, virão falsos messias. E eles dirão nas suas promessas: 'Eu sou o Cristo que vim ao mundo'. E, quando tiverem visto a malícia de suas obras, irão atrás deles e renegarão o primeiro Cristo, aquele que foi crucificado e ao qual nossos pais deram glória. Esse mentiroso não é o Cristo. E quantos se lhe opuserem, ele os matará a todos com a espada. Haverá então muitos mártires".
Mas talvez a passagem mais interessante seja sobre como deverá acabar o mundo... Provavelmente teria feito muito "sucesso" no último dia 11 de agosto de 1999, dia previsto por alguns falsos profetas como final dos tempos... :) Trata-se da passagem - que muitos talvez já tenham escutado e até acreditam que será verdade (mas não será!) - que afirma que o mundo irá ser destruído pelo fogo: "Serão escancaradas as cataratas de fogo. Sobrevirá escuridão e trevas que revestirão e cobrirão com véu o mundo todo. As águas serão mudadas e transformadas em carvões de fogo. Tudo o que está nelas queimará. Também o mar se tornará fogo. Sob o céu haverá um fogo cruel que não se apagará jamais. E escorrerá para o julgamento da ira. Também as estrelas serão fundidas pelas chamas e ficarão como se não tivessem sido criadas. [...] Os espíritos dos cadáveres se assemelharão ao fogo e se tornarão fogo por ordem do Senhor. Então todas as criaturas serão liquefeitas. Em todo lugar a ira do fogo pavoroso alcançará os filhos do homem. E, empurrando-os, as chamas que não se apagarão os obrigarão a ir para o julgamento da ira, em um rio de fogo que não se apagará e que correrá queimando. [...] E me vereis chegar sobre uma nuvem luminosa e eterna. [...] E suas ações se apresentarão perante cada um deles. E cada um será retribuído segundo seus atos."
Assustador?? Talvez, afinal faz parte do gênero literário classificado como "Apocalipse" (v. livro de Daniel, Apocalipse de João)... Mas o Apocalipse de "Pedro" não tem valor nenhum para nós, cristãos, por dois motivos:
Primeiro, porque é um livro *apócrifo*, escrito por alguém que não sabemos quem é, mas que, para dar "autoridade" à sua obra, resolveu atribuir a "autoria" a São Pedro (mesmo este estando morto há pelo menos 60 anos naquela época!). Além disso, a análise do conteúdo da obra demonstra várias discordâncias com o resto do Novo Testamento... uma delas é o fato de que tal Apocalipse se diz ser "revelação secreta de Jesus a Pedro"; contudo, o próprio Jesus deixou bem claro que o Reino está aberto a todos os homens de boa vontade, sendo esta a Boa Nova a ser pregada para todas as nações; percebemos, assim, que não há espaço para "revelação secreta"... Devemos, ainda, observar que qualquer "revelação secreta" só serve para beneficiar a pessoa que a recebeu e não as demais!
Segundo, porque o cristão não deve temer o final do mundo e pouco lhe interessa saber como e quando isto se dará. Ora, tendo recebido a salvação por Cristo e perseverado como cristãos, reconhecemos que devemos estar sempre preparados para o segundo advento de Cristo, uma vez que não sabemos nem o dia e nem a hora em que Ele virá para nos julgar... O próprio Jesus, aliás, já alertara: "Orai e vigiai...". Portanto, estando sempre "rigorosamente em dia" com as nossas obrigações como cristãos, ficamos apenas fazendo eco ao penúltimo versículo da Bíblia - que, por sinal, pertence ao Apocalipse de São João (este sim divinamente inspirado e de revelação pública e geral): "Vem, Senhor Jesus!" (Ap 22,20).
Fontes cristãs não-canônicas
1) EVANGELHOS APÓCRIFOS
O termo "apócrifos" geralmente é usado para indicar os apócrifos veterotestamentários, mas há também apócrifos do Novo Testamento, isto é, livros que em determinadas épocas e regiões, em determinadas comunidades cristãs, foram mais ou menos aceitos como Sagrada Escritura, mas não foram colocados no cânon pela Igreja universal. Geralmente trata-se de escritos demonstravelmente tardios (século III e depois), evidentemente imitações e/ou pretensos suplementos dos escritos canônicos do Novo Testamento. A essa categoria pertencem os evangelhos apócrifos, alguns dos quais continuaram conhecidos em toda a tradição cristã, e até o dia de hoje podem ser adquiridos em traduções modernas.
O evangelho mais importante dessa categoria é o Proto-evangelho de Tiago. Admite-se geralmente que foi escrito no século II. Descreve o nascimento e a infância de Jesus, mas começa com vários detalhes da juventude da Virgem Maria. É tipicamente uma tentativa de satisfazer à curiosidade popular em torno de coisas não mencionadas nos evangelhos canônicos. A teologia desse "evangelho" é a de um docetismo popular: Jesus tem um Corpo não sujeito às leis do espaço e do tempo. O escrito não tem valor como fonte histórica sobre Jesus.
Os apócrifos do Novo Testamento têm valor para nosso conhecimento da piedade popular no século II e depois. Alguns deles tiveram no passado uma influência pelo menos tão grande quanto a dos evangelhos canônicos. O evangelho do Pseudo-Mateus, por exemplo, foi muito conhecido na Idade Média. É uma compilação (do início da Idade Média) de textos mais antigos, entre os quais o Proto-evangelho de Tiago. Teoricamente, devia ser possível encontrar nesse tipo de escritos tardios um caminho para chegar às fontes mais antigas. Mas há tantas incertezas que na prática tal programa se mostra inexeqüível. Uma segunda categoria é formada por alguns evangelhos sobre cuja existência informa a literatura cristã antiga, mas dos quais nada ou quase nada foi conservado. Dispomos apenas de alguns textos citados por Santos Padres ou teólogos da Igreja antiga. Devem ser mencionados: o Evangelho dos Egípcios, o Evangelho dos Hebreus e o Evangelho dos Ebionitas. Sem dúvida trata-se de textos bastante antigos. Clemente de Alexandria (falecido por volta
de 215) cita o Evangelho dos Egípcios e o Evangelho dos Hebreus. Orígenes (falecido em 254) conheceu possivelmente o Evangelho dos Ebionitas.
Qual foi o conteúdo desses textos e como devemos avaliá-los? Quem estiver esperando novidades sensacionais ficará decepcionado. Grande parte deles baseia-se evidentemente nos evangelhos canônicos. Acrescentam-se pormenores; o texto é tornado mais impressionante: indício indubitável de adaptação. Às vezes o teor de uma palavra de Jesus é ligeiramente modificado. Uma característica geral que pode ser constatada é a tendência encratista. Precisa-se de muita imaginação para encontrar nessas palavras uma tradição autêntica sobre Jesus.
Uma terceira categoria de evangelhos apócrifos consta de textos em papiros e pergaminhos descobertos neste último século. Fazendo abstração, por ora, da biblioteca copta de Nag Hammadi (cf. infra), trata-se de um pequeno grupo de escritos dos quais possuímos também apenas alguns fragmentos. Os mais conhecidos são os textos evangélicos do Papiro 2 de Egerton e o Evangelho de Pedro. Ambos os textos foram escritos provavelmente no século II. Egerton 2 conta quatro cenas, três das quais, as primeiras, têm paralelos nos evangelhos canônicos; a quarta está tão danificada que é difícil formar sobre ela uma opinião sensata. Quanto a esses papiros, a maioria dos especialistas julga tratar-se de uma compilação; alguns, porém, defendem ardentemente a tese de que são independentes dos evangelhos canônicos. Estou inclinado a concordar com a maioria, acrescentando que esses fragmentos, ainda que fossem independentes, contribuem pouco ou nada para nosso conhecimento a respeito do Jesus histórico. O Evangelho de Pedro (o fragmento que se conservou) descreve o processo contra Jesus, sua execução e sua ressurreição. Característica é a tendência antijudaica ainda mais forte que nos evangelhos canônicos. Teologicamente, ele está mais próximo de João; em contraste com João, porém, a cristologia é a do docetismo: aquele que sofre e morre é apenas uma aparição do verdadeiro Jesus, que é divino e por isso não pode sofrer e morrer. As opiniões sobre esse texto são as mesmas que sobre o papiro de Egerton. Para mim, é um rewritten gospel, uma adaptação baseada nos evangelhos canônicos.
Finalmente. temos a grande biblioteca copta, encontrida, pouco depois da Segunda Guerra Mundial, perto de Nag Hammadi, no Egito superior. Além de um texto completo do Evangelho de Tomé, esta coleção contém dois outros evangelhos apócrifos: o Evangelho de Filipe e o Evangelho da Verdade. Esse último não é um evangelho no sentido costumeiro da palavra; é antes uma meditação, uma espécie de sermão sobre a redenção pelo conhecimento (gnosis) de Deus. É atribuído ao gnóstico Valentino, que viveu em meados do século II; por conseguinte, não ajuda em nada a pesquisa sobre o Jesus histórico. O Evangelho de Filipe foi escrito antes de 350; é evidentemente uma compilação de materiais mais antigos. Como sempre, coloca-se ai a questão se seria possível destacar do texto atual as fontes utilizadas. Também no caso do Evangelho de Filipe isso parece muito problemático. O texto causou certo sensacionalisnio porque sugere uma relação amorosa entre Jesus e Maria Madalena. Coisa semelhante consta no Evangelho de Maria Madalena, não encontrado em Nag Hammadi, mas proveniente de um ambiente semelhante.
Alegando esses apócrifos, pessoas não-especializadas no assunto proferiram a suspeita de que a Igreja teria escamoteado valiosos documentos antigos. Sem dúvida, a Igreja estabeleceu seu cânon com base em determinadas suposições dogmáticas, freqüentemente em consciente polêmica contra grupos que invocavam a autoridade de escritos cuja autenticidade reivindicavam. Eu seu julgamento, o historiador terá de ponderar também esse fato. Não é impossível que em semelhantes grupos tradições originais tenham sido transmitidas, embora seja praticamente certo que elas então passaram por adaptações mais ou menos profundas. Porém, ao ler esses escritos, é difícil não chegar à conclusão de que a Igreja, com relação a eles, traçou os limites de seu cânon com razoável objetividade e com certeira avaliação da qualidade.
Divergem muito entre si as opiniões acerca do valor desses escritos como fontes para a biografia de Jesus. O certo é que nenhum desses evangelhos apócrifos vem diretamente de testemunhas oculares; mas isso vale também para os evangelhos canônicos. Sobre fragmentos pequeninos não se pode dizer muita coisa. Textos de maior envergadura sempre têm uma motivação teológica, não biográfica ou histórica no sentido moderno. Mas também isso vale igualmente para os evangelhos canônicos. O fato de muitos desses escritos apresentarem traços ligeiramente "gnósticos" é para alguns motivo de desconfiança de seu valor como testemunhas, ao passo que outros lhes dão tanto mais crédito, já que para eles o próprio Jesus foi um mestre gnosticizante.
Onde, então, estão as diferenças? Principalmente nas datações. Os evangelhos canônicos foram escritos antes do fim do século I. Os textos evangélicos apócrifos, porém, na forma em que os possuimos agora, são todos posteriores. Se é que contém material historicamente confiável, teremos de investigar sua origem. Em si, isso não tem nada de extraordinário. Esse tipo de literatura costuma utilizar fontes: raramente uma narrativa sobre Jesus ou uma palavra atribuida teria nascido inteiramente da piedosa fantasia de um autor. Mas o que a fantasia piedosa fez com as fontes não pode ser mais apurado. Aí inevitavelmente a subjetividade do pesquisador vai desempenhar importante papel.
2. PALAVRAS ATRIBUÍDAS A JESUS POR COPIADORES DE MANUSCRITOS
São os chamados agrapha, declarações de Jesus ou sobre ele que se encontram em um ou em alguns manuscritos, mas faltam naqueles mais confiáveis, e por isso não constam das edições críticas dos textos dos evangelhos. Podem ser encontradas, naturalmente, no aparato crítico. Esses textos provam que circulavam diversas tradições sobre Jesus que não foram integradas aos quatro evangelhos. Se são historicamente confiáveis, é outra questão.
O exemplo mais conhecido é provavelmente o texto que se encontra no códex Bezae depois de Lc 6,5: "Naquele dia, (Jesus), vendo alguém trabalhar no sábado, disse-lhe: 'Homem, bem-aventurado és tu se sabes o que estás fazendo; mas, se não o sabes, és amaldiçoado e um transgressor da Lei'".
Também do "final não-autêntico" de Marcos existem algumas variantes nos manuscritos.
3. AUTORES CRISTÃOS ANTIGOS
Também aí encontramos agrapha a provar que, além das canônicas, circulavam ainda outras tradições sobre Jesus. Sabemo-lo igualmente por uma observação de Papias, transmitida por Eusébio: "Quando me encontrava com alguém que fora discípulo dos anciãos, perguntava sempre pelas declarações ("palavras") dos anciãos: o que dizia André ou Pedro ou Filipe ou Tomé ou Tiago ou João ou Mateus ou um dos demais discípulos do Senhor... Pois partia do princípio de que as coisas escritas nos livros não são tão úteis quanto aquilo que eu podia ouvir de uma voz viva que continuava presente".
Papias é uma das testemunhas mais antigas de palavras canônicas de Jesus, mas até no século IV encontramos semelhantes agrapha. Como em outros casos, reconhecer autenticidade é em grande parte questão de gosto. Conforme já observamos, não devemos esquecer nunca que personagens famosos como Jesus muitas vezes são citados como autores de sentenças na realidade formuladas por outros, menos conhecidos.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Por que os apócrifos não podem ser considerados inspirados por Deus? Jesus realmente existiu?
Um irmão católico manifesta certa preocupação com relação aos apócrifos e à existência histórica de Jesus. Suas palavras seguem em azul; a minha resposta está em preto.
Olá, meu caro irmão em Cristo! Tudo bom com você? Eu me chamo Fernando [...] e resido [...] no interior do Estado de São Paulo.
Sou católico e comecei a me interessar por Deus após eu ler o Sermão da Montanha (isto ocorreu no ano de 1998) e aprender que sem Ele eu não posso viver corretamente.
Excelente! Tenho a certeza de que, se persistir, você irá adorá-Lo (literalmente falando) cada vez mais!
Durante a minha busca por Cristo, deparei-me com comentários ateus a respeito dEle, por exemplo: "Jesus é um mito inventado", "Os Evangelhos são cópias de lendas pagãs (deuses que morrem e ressuscitam)"... Ora, eu pensei comigo: se Jesus não tivesse ressuscitado, de nada adiantaria Pedro e Paulo morrerem por testemunhar o Senhor.
(1) A História atesta a morte de Jesus na cruz ou os historiadores dizem que Cristo é uma figura mitológica?
Se Jesus Cristo fosse uma figura meramente mitológica, por que os historiadores ainda "perderiam" tempo procurando provas ou escrevendo livros sobre Ele? Só em 1996, existiam mais de 80 mil livros sobre Jesus no mercado editorial e mais de 1000 cursos sobre "Religião e Ciência" no mundo. É como aquele velho paradoxo: o ateu gasta tanto tempo para provar a inexistência de Deus que jamais é possível dizer que ele é completamente ateu. O problema todo é que certos pesquisadores contestam tudo, principalmente os Evangelhos, que são a fonte principal para se conhecer a vida de Jesus. Entretanto, o ponto citado por você é o mais importante: por que milhares e milhares de pessoas estariam dispostas a morrerem martirizadas no séc. I se Jesus fosse uma simples invenção? Os mártires não se deram apenas em terras estrangeiras (onde poderia ser criada uma figura lendária chamada "Jesus") mas também na Palestina (onde Jesus era conhecido por seus contemporâneos). É interessante ainda observar que os pesquisadores que declaram que as fontes primitivas não cristãs foram adulteradas não têm nenhuma prova concreta, mas apenas teorias... É noção básica de Direito que "aquele que acusa tem que provar" e não simplesmente sugerir.
(2) O que eu devo fazer para que Jesus seja o meu Senhor e Salvador (eu fui batizado quando bebê...)?
É facil de se falar, mas apenas poucos conseguem: ame-O e CUMPRA os Seus ensinamentos (Jo 14-15). Em outras palavras: não basta apenas ter fé, são necessárias boas obras para demonstrar o seu amor por Ele (Tg 2,14); mas não bastam as boas obras, é necessária a fé em Cristo (Ef 2,9).
Ou, ainda em outras palavras: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mt 22,38-29)...
Quanto ao seu batismo quando bebê, tem plena validade, de forma que você não precisa ser rebatizado! Só haveria preocupação caso tivesse sido ministrado de forma inválida. Para saber o que torna válido um batismo, leia o artigo "O Batismo segundo São Tomás de Aquino", na área de Artigos Diversos.
(3) Por quê os livros apócrifos não foram considerados como inspirados por Deus?
Porque foram redigidos por hereges que se afastaram daquelas comunidades que mantinham a sucessão apostólica; tais hereges não pensaram duas vezes ao alterar as palavras e ensinamentos do Senhor (que as verdadeiras comunidades cristãs receberam por Tradição) para que expressassem conforme às suas heresias (ex.: Jesus era simples
ser humano adotivo de Deus; o Deus do Antigo Testamento não era o mesmo Deus do Novo Testamento; etc.).
Desde já, agradeço por sua atenção. Aguardo respostas. (Fernando).
Que a bênção do Senhor Deus todo-poderoso venha sobre você e toda a sua família!
APOLOGÉTICA
Qual a importância dos apócrifos?
Escritos entre o período intertestamentário e os primeiros séculos do Cristianismo, os apócrifos sempre confundiram as primeiras comunidades cristãs por causa de algumas doutrinas estranhas e também por receberem autoria de personagens bíblicos famosos. Quando a Igreja resolve definir o cânon das Sagradas Escrituras, a partir do séc. IV, pouco a pouco os apócrifos vão caindo no esquecimento até desaparecerem. Contudo, nas últimas décadas têm sido descobertos diversos desses escritos que, mesmo não pertencendo à Bíblia, nos mostram as divergências da época e esclarecem detalhes não apresentados pelos livros canônicos.
INTRODUÇÃO
"Ele disse: 'Aquele que encontrar o significado destas palavras não provará a morte'". Estas palavras, escritas em tom desafiador, foram retiradas do Evangelho segundo Tomé o Dídimo, escrito gnóstico do séc. II, cujos manuscritos (datados do séc. IV) foram descobertos em 1945 em Khenoboskian (Egito), contendo 114 frases (lógios) atribuídas a Jesus.
Da mesma forma que o Evangelho de Tomé o Dídimo, a arqueologia tem descoberto nas últimas décadas diversos outros "Evangelhos" (atribuídos a Pedro, Filipe, Bartolomeu, Nicodemos, etc...) e outros escritos que poderiam ser classificados como do Novo Testamento (Atos de Pedro, Apocalipse de Paulo, etc...) ou do Antigo Testamento (Ascensão de Isaías, Segredos de Enoch, etc...). Mesmo tratando sobre intervenções e milagres divinos, feitos de personagens bíblicos e outras coisas do gênero, todos são considerados apócrifos, isto é, não são reconhecidos pela Igreja como escritos inspirados. Mas por que a Igreja, os críticos e pesquisadores não os aceitam. Por acaso a Bíblia estaria completa?
CANÔNICO X APÓCRIFO
A palavra apócrifo deriva do grego apocryphos. A princípio, significava algo oculto, secreto ou escondido, mas com o passar do tempo, passou a ter sentido de heresia ou de autênticidade duvidosa.
Ao contrário, a palavra canônico origina-se do grego kanon, significando regra ou medida. É a palavra que indica a lista dos livros inspirados por Deus, que compõem a Bíblia e são aceitos sem contestações pela Igreja.
A maioria dos livros apócrifos foram escritos por volta de 200 a.C. até 350 d.C, nos mais diversos locais: Palestina, Síria, Arábia, Egito... Em contraste com os livros canônicos, os apócrifos não eram lidos nas igrejas (e sinagogas), pois a grande maioria apresentava ensinamentos heréticos e doutrinas falsas; tinham a finalidade de defender idéias de certos grupos isolados como os gnósticos, os docetas e os judaizantes. Principalmente por não receberem crédito da Igreja oficial, os apócrifos foram desaparecendo juntamente com as seitas que os usavam e defendiam.
Uma observação importante: os livros canônicos estão classificados em protocanônicos, que são aqueles livros cuja autênticidade a Igreja jamais questionou, e deuterocanônicos, que são aqueles que foram aceitos pela Igreja após alguns debates que se prolongaram até o séc. IV (leia o meu artigo "Livros Deuterocanônicos" para um maior aprofundamento). É interessante saber que os protestantes chamam os livros deuterocanônicos de apócrifos e os livros apócrifos de pseudoepígrafos, que quer dizer falsa autoria. Saber isso é de suma importância para os católicos porque, como os livros deuterocanônicos contradizem algumas de suas doutrinas, foram retirados de suas Bíblias como se fossem falsos.
AS RECENTES DESCOBERTAS
As duas maiores descobertas de escritos apócrifos se deram em 1945, na região de Nag Hammadi (Alto Egito) e em Qumran (Palestina), nas grutas do Mar Morto, onde existia nas imediações uma comunidade de israelitas separados, conhecidos como essênios, que formavam um grupo à parte do judaísmo.
Vez ou outra escutamos alguma notícia relatando o descobrimento de algum outro escrito, mas nenhum, até o momento, foi tão significante quanto os achados de Nag Hammadi e Qumran.
A BÍBLIA ESTARIA INCOMPLETA?
É a primeira pergunta que se faz quando se faz nova descoberta de escritos antigos.
Seria um erro afirmar que a Bíblia está completa porque ela própria não fala isso em parte alguma. Muito pelo contrário, ela afirma que outros livros, inclusive cartas, foram escritos e temos duas passagens bem claras em Lucas e em Paulo:
"Muitos já tentaram compor a história do que aconteceu entre nós, assim como nos transmitiram os que foram testemunhas oculares e ministros da Palavra desde o princípio." (Lc 1,1)
"Uma vez lida esta carta entre vós, fazei com que seja lida também na Igreja de Laodicéia. E vós, lede a [carta] de Laodicéia" (Cl 4,16)
Portanto, vemos que a Bíblia não está completa e, como ela mesma não define quais os livros que são inspirados e que a formam, fica muito difícil determinar quando e como a Bíblia estará realmente completa.
A princípio, para provar que um livro apócrifo não é inspirado, é necessário primeiro ser totalmente traduzido e devidamente interpretado pelos pesquisadores e exegetas e, depois disso, demonstrar que ele contradiz alguma outra parte da Bíblia e a doutrina e tradição da Igreja.
APÓCRIFOS NA BÍBLIA?
O cânon da Bíblia é formado por 73 livros. Foi a Igreja Católica, sob a inspiração do Divino Espírito Santo, que determinou o cânon dos livros inspirados por Deus e, assim, podemos ter certeza que todos os livros da Bíblia são verdadeiramente inspirados. Mesmo assim, a Bíblia faz referências a passagens que se encontram somente em livros apócrifos. Dois bons exemplos podem ser vistos na epístola de São Judas:
"O arcanjo Miguel, quando discutia com o diabo na disputa pelo corpo de Moisés, não se atreveu a proferir um juízo de blasfêmia, mas disse-lhe: 'Que o Senhor te repreenda'" (Jd 1,9)
"É deles que Henoc, o sétimo patriarca desde Adão, profetizou dizendo: 'Eis que vem o Senhor com suas santas miríades, para exercer um juízo contra todos os ímpios por causa das impiedades que praticaram e por todas as palavras duras que os ímpios pecadores falaram contra Ele" (Jd 1,14-15)
As duas citações feitas por Judas não são encontradas na Bíblia, mas apenas em escritos apócrifos. A primeira passagem foi retirada do Livro da Assunção de Moisés que possui material herético, mas na carta de Judas possui o sentido canônico de que os homens não devem julgar, mas deixar o julgamento para Deus, como demonstrou o arcanjo Miguel ao dialogar com o diabo. A segunda passagem foi retirada do Livro de Henoc e ensina, conforme os livros canônicos, que Cristo voltará como juiz supremo para julgar todos os homens. Portanto, como a carta de São Judas não contradiz os outros livros da Bíblia e concorda plenamente com a ortodoxia da Igreja, logo é também um livro canônico, mesmo citando trechos de livros apócrifos na intenção de ensinar a verdadeira doutrina.
CLASSIFICAÇÃO DOS APÓCRIFOS
Assim como os livros canônicos estão classificados pelo gênero literário, também os apócrifos podem ser classificados segundo seu gênero. Já dissemos que os apócrifos foram escritos entre 200 a.C. e 350 d.C. e que eles podem ser distinguidos como pertencentes ao Antigo ou ao Novo Testamento.
Assim, os livros do Antigo Testamento podem ser classificados em:
1. Históricos: são os que pretendem contar certos fatos históricos sobre o povo eleito, a grande maioria expressando a esperança da vinda do Messias prometido.
2. Proféticos: são aqueles que falam dos acontecimentos que devem acontecer num futuro eminente ou no fim dos tempos (apocalípticos).
3. Exortativos: são os que falam sobre a sabedoria e dão bons conselhos.
Já os livros do Novo Testamento podem ser assim classificados:
1. Evangelhos: são os escritos que falam unicamente sobre a vida, as obras e os ensinamentos de Jesus Cristo.
2. Atos: são os que se dedicam a falar sobre os fatos, as obras e os ensinamentos de um ou mais apóstolos na missão de pregar o Evangelho.
3. Epístolas: são escritos atribuídos ao próprio punho dos apóstolos.
4. Proféticos: são apocalipses que narram os últimos acontecimentos, o juízo final e o triunfo de Cristo.
VALOR DOS APÓCRIFOS
Se, por um lado, os apócrifos não possuem a verdadeira doutrina de Cristo e de sua Igreja, por outro lado têm grande valor histórico pois demonstram as correntes ideológicas (religiosas e morais) do período em que foram escritos.
Os apócrifos do Novo Testamento apresentam diversos aspectos da era pós-Cristo. Algumas idéias são conformes com o reto ensinamento da Igreja como, por exemplo, a virgindade e a assunção de Maria, a descida de Cristo aos Infernos e a divindade de Jesus. Outros esclarecem pequenos detalhes que não foram abordados pelos Evangelhos canônicos, como o nome e número dos reis magos, os nomes dos pais de Maria, o nome do soldado que traspassou a lança em Jesus, a morte de São José na presença de Jesus, a apresentação de Maria no Templo de Jerusalém e a sua morte assistida pelos apóstolos, alguns outros milagres de Jesus, etc...
ALGUNS APÓCRIFOS
Do Antigo Testamento:
Livro dos Jubileus, Livro de Adão e Eva, Salmos de Salomão, Terceiro Livro dos Macabeus, Quarto Livro dos Macabeus, Apocalipse de Baruc, Ascensão de Isaías, Assunção de Moisés, etc...
Do Novo Testamento:
Evangelho de Pedro, Evangelho de Tomé o Dídimo, Evangelho de Filipe, Evangelho dos Hebreus, Atos de Tomé, Atos de Paulo e Tecla, Carta dos Apóstolos, Apocalipse de Paulo, Proto-Evangelho de Tiago, etc...
APOLOGÉTICA
Quais são os livros apócrifos?
Como vá vimos no artigo "Qual a importância dos apócrifos?", existem alguns livros escritos antes ou pouco depois de Cristo que tinham como intenção figurar como Escritura Sagrada. Mas, pelo Magistério da Igreja e assistência do Espírito Santo, esses livros espúrios foram definitivamente afastados, restando apenas o cânon bíblico que guardamos até hoje. Por esse motivo, muitos desapareceram, outros sobreviveram em uma ou outra comunidade antiga, ou, ainda, em traduções, fragmentos ou citações.
A seguir, apresentamos uma lista exaustiva de livros apócrifos do Antigo e do Novo Testamento que, embora longa, provavelmente não esgota todos os livros escritos ou existentes, porém, bem demonstra a quantidade de livros escritos com a intenção de "completar" a Bíblia.
Incluímos também, ao final, os manuscritos encontrados em Qumran, nas grutas do Mar Morto, que foram escritos ou preservados por uma comunidade que vivia nesse deserto separada dos grupos religiosos da Palestina do tempo de Jesus (Saduceus, Fariseus, Samaritanos, etc.). Esse grupo, denominado Essênio, como podemos ver, considerava o Antigo Testamento como Escritura Sagrada (inclusive os deuterocanônicos), mas tinha como característica própria seguir ainda outros "livros sagrados".
Portanto, temos como apócrifos as seguintes obras: (ATENÇÃO: os livros abaixo NÃO são Escrituras Sagradas e, portanto, NÃO são inspirados por Deus. Eles estão sendo listados aqui apenas com o objetivo de referência)
ANTIGO TESTAMENTO
1. Apocalipse de Adão
2. Apocalipse de Baruc
3. Apocalipse de Moisés
4. Apocalipse de Sidrac
5. As Três Estelas de Seth
6. Ascensão de Isaías
7. Assunção de Moisés
8. Caverna dos Tesouros
9. Epístola de Aristéas
10. Livro dos Jubileus
11. Martírio de Isaías
12. Oráculos Sibilinos
13. Prece de Manassés
14. Primeiro Livro de Adão e Eva
15. Primeiro Livro de Enoque
16. Primeiro Livro de Esdras
17. Quarto Livro dos Macabeus
18. Revelação de Esdras
19. Salmo 151
20. Salmos de Salomão (ou Odes de Salomão)
21. Segundo Livro de Adão e Eva
22. Segundo Livro de Enoque (ou Livro dos Segredos de Enoque)
23. Segundo Livro de Esdras (ou Quarto Livro de Esdras)
24. Segundo Tratado do Grande Seth
25. Terceiro Livro dos Macabeus
26. Testamento de Abraão
27. Testamento dos Doze Patriarcas
28. Vida de Adão e Eva
NOVO TESTAMENTO
1. A Hipostase dos Arcontes
2. (Ágrafos Extra-Evangelhos)
3. (Ágrafos de Origens Diversas)
4. Apocalipse da Virgem
5. Apocalipse de João o Teólogo
6. Apocalipse de Paulo
7. Apocalipse de Pedro
8. Apocalipse de Tomé
9.
10. Atos de André
11.
12. Atos de André e Mateus
13. Atos de Barnabé
14.
15. Atos de Filipe
16. Atos de João
17. Atos de João o Teólogo
18. Atos de Paulo
19. Atos de Paulo e Tecla
20. Atos de Pedro
21. Atos de Pedro e André
22.
23. Atos de Pedro e Paulo
24. Atos de Pedro e os Doze Apóstolos
25. Atos de Tadeu
26. Atos de Tomé
27.
28. Atos e Martírio de André
29.
30. Atos e Martírio de Mateus
31. Consumação de Tomé
32.
33. Correspondência entre Paulo e Sêneca
34. Declaração de José de Arimatéia
35. Descida de Cristo ao Inferno
36. Desistência de Pôncio Pilatos
37. Discurso de Domingo
38. Ditos de Jesus ao rei Abgaro
39. Ensinamentos de Silvano
40. Ensinamentos do Apóstolo [T]adeu
41. Ensinamentos dos Apóstolos
42. Epístola aos Laodicenses
43. Epístola de Herodes a Pôncio Pilatos
44. Epístola de Jesus ao rei Abgaro (2 versões)
45. Epístola de Pedro a Filipe
46. Epístola de Pôncio Pilatos a Herodes
47. Epístola de Pôncio Pilatos ao Imperador
48. Epístola de Tibério a Pôncio Pilatos
49. Epístola do rei Abgaro a Jesus
50. Epístola dos Apóstolos
51. Eugnostos, o Bem-Aventurado
52. Evangelho Apócrifo de João
53. Evangelho Apócrifo de Tiago
54. Evangelho Árabe de Infância
55. Evangelho Armênio de Infância (fragmentos)
56. Evangelho da Verdade
57. Evangelho de Bartolomeu
58. Evangelho de Filipe
59. Evangelho de Marcião
60. Evangelho de Maria Madalena (ou Evangelho de Maria de Betânia)
61. Evangelho de Matias (ou Tradições de Matias)
62. Evangelho de Nicodemos (ou Atos de Pilatos)
63. Evangelho de Pedro
64. Evangelho de Tome o Dídimo
65. Evangelho do Pseudo-Mateus
66. Evangelho do Pseudo-Tomé
67.
68. Evangelho dos Ebionitas (ou Evangelho dos Doze Apóstolos)
69. Evangelho dos Egípcios
70. Evangelho dos Hebreus
71. Evangelho Secreto de Marcos
72. Exegese sobre a Alma
73. Exposições Valentinianas
74. (Fragmentos Evangélicos Conservados em Papiros)
75. (Fragmentos Evangélicos de Textos Coptas)
76. História de José o Carpinteiro
77. Infância do Salvador
78. Julgamento de Pôncio Pilatos
79. Livro de João o Teólogo sobre a Assunção da Virgem Maria
80. Livro de Tomé o Contendor
81. Martírio de André
82.
83. Martírio de Bartolomeu
84. Martírio de Mateus
85. Morte de Pôncio Pilatos
86. Natividade de Maria
87. O Pensamento de Norea
88. O Testemunho da Verdade
89. O Trovão, Mente Perfeita
90. Passagem da Bem-Aventurada Virgem Maria
91. "Pistris Sophia" (fragmentos)
92. Prece de Ação de Graças
93. Prece do Apóstolo Paulo
94. Primeiro Apocalipse de Tiago
95. Proto-Evangelho de Tiago
96. Retrato de Jesus
97. Retrato do Salvador
98. Revelação de Estevão
99. Revelação de Paulo
100. Revelação de Pedro
101. Sabedoria de Jesus Cristo
102. Segundo Apocalipse de Tiago
103. Sentença de Pôncio Pilatos contra Jesus
104. Sobre a Origem do Mundo
105. Testemunho sobre o Oitavo e o Nono
106. Tratado sobre a Ressurreição
107. Vingança do Salvador
108. Visão de Paulo
ESCRITOS DE QUMRAN
1. A Nova Jerusalém (5Q15)
2. A Sedutora (4Q184)
3. Antologia Messiânica (4Q175)
4. Bênção de Jacó (4QPBl)
5. Bênçãos (1QSb)
6. Cânticos do Sábio (4Q510-4Q511)
7. Cânticos para o Holocausto do Sábado (4Q400-4Q407/11Q5-11Q6)
8. Comentários sobre a Lei (4Q159/4Q513-4Q514)
9. Comentários sobre Habacuc (1QpHab)
10. Comentários sobre Isaías (4Q161-4Q164)
11. Comentários sobre Miquéias (1Q14)
12. Comentários sobre Naum (4Q169)
13. Comentários sobre Oséias (4Q166-4Q167)
14. Comentários sobre Salmos (4Q171/4Q173)
15. Consolações (4Q176)
16. Eras da Criação (4Q180)
17. Escritos do Pseudo-Daniel (4QpsDan/4Q246)
18. Exortação para Busca da Sabedoria (4Q185)
19. Gênese Apócrifo (1QapGen)
20. Hinos de Ação de Graças (1QH)
21. Horóscopos (4Q186/4QMessAr)
22. Lamentações (4Q179/4Q501)
23. Maldições de Satanás e seus Partidários (4Q286-4Q287/4Q280-4Q282)
24. Melquisedec, o Príncipe Celeste (11QMelq)
25. O Triunfo da Retidão (1Q27)
26. Oração Litúrgica (1Q34/1Q34bis)
27. Orações Diárias (4Q503)
28. Orações para as Festividades (4Q507-4Q509)
29. Os Iníquos e os Santos (4Q181)
30. Os Últimos Dias (4Q174)
31. Palavras das Luzes Celestes (4Q504)
32. Palavras de Moisés (1Q22)
33. Pergaminho de Cobre (3Q15)
34. Pergaminho do Templo (11QT)
35. Prece de Nabonidus (4QprNab)
36. Preceito da Guerra (1QM/4QM)
37. Preceito de Damasco (CD)
38. Preceito do Messianismo (1QSa)
39. Regra da Comunidade (1QS)
40. Rito de Purificação (4Q512)
41. Salmos Apócrifos (11QPsa)
42. Samuel Apócrifo (4Q160)
43. Testamento de Amran (4QAm)
OUTROS ESCRITOS
1. História do Sábio Ahicar
2. Livro do Pseudo-Filon
Relembramos que esses livros não possuem qualquer valor doutrinário, podendo, no máximo, esclarecer alguns aspectos históricos da época em que foram escritos ou refletir as idéias defendidas pelos grupos heréticos que os usavam.
31 LIVROS PERDIDOS CITADOS PELA BÍBLIA
Autor: Charles the Hammer
Fonte: Traditional Catholic Apologetics
Tradução: Carlos Martins Nabeto
NO ANTIGO TESTAMENTO:
1. Livro das Guerras de Javé: "Por isso se diz no Livro das Guerras de Javé: 'Assim como fez no Mar Vermelho, assim fará nas torrentes do Arnon. Os rochedos das torrentes se inclinaram, para descansar em Ar, e repousarem sobre os confins dos moabitas" (Num. 21,14-15) .
2. Livro do Justo: "Foi então que Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor entregou os amorreus aos filhos de Israel. Disse Josué na presença de Israel: 'Sol, detém-te em Gabaão, e tu, lua, no vale de Ajalão!' E o sol e a lua pararam até que o povo se vingou de seus inimigos. Não está isto escrito no Livro do Justo? Parou pois o sol no meio do céu, e não se apressou a pôr-se durante o espaço de um dia" (Jos. 10,12-13).
"E (Davi) ordenou que ensinassem aos filhos de Judá o (cântico chamado do) arco, conforme está escrito no Livro do Justo. E disse: 'Considera, ó Israel, os que morreram sobre os teus altos, cobertos de feridas'" (2Sam. 1,18).
3. Provérbios e Cânticos de Salomão: "Proferiu ele (Salomão) três mil provérbios, e foram os seus cânticos mil e cinco. Discorreu acerca das plantas, desde o cedro que está no Líbano até o hissopo que brota da parede. Também falou dos animais e das aves, e dos répteis, e dos peixes" (1Rs. 4,32-33).
4. Livro dos Atos de Salomão: "Quanto aos demais atos de Salomão, e a tudo quanto fez, e à sua sabedoria, porventura não está escrito no Livro dos Atos de Salomão?" (1Rs. 11,41).
5. Livro das Crônicas dos Reis de Israel: "Quanto ao restante dos atos de Jeroboão, como guerreou e como reinou, está escrito no Livro das Crônicas dos Reis de Israel" (1Rs. 14,19).
6. Livro das Crônicas dos Reis de Judá: "Quanto ao restante dos atos de Roboão, e a tudo quanto fez, porventura não está escrito no Livro das Crônicas dos Reis de Judá?" (1Rs. 14,29).
7. Livro do Profeta Natã: "Os atos do rei Davi, tanto os primeiros quanto os últimos, estão escritos no livro de Samuel, o vidente, no Livro de Natã, o profeta, e no Livro de Gade, o vidente" (1Cr. 29,29).
"Quanto ao resto dos atos de Salomão, dos primeiros aos últimos, porventura não estão escritos no livro da história de Natã, o profeta, e nos livros de Aías, o silonita, e nas visões de Ado, o vidente, acerca de Jeroboão, filho de Nebate?" (2Cr. 9,29).
8. Livro de Samuel, o Vidente: "Os atos do rei Davi, tanto os primeiros quanto os últimos, estão escritos no livro de Samuel, o vidente, no Livro de Natã, o profeta, e no Livro de Gade, o vidente" (1Cr. 29,29).
9. Livro de Aías, o Silonita: "Quanto ao resto dos atos de Salomão, dos primeiros aos últimos, porventura não estão escritos no livro da história de Natã, o profeta, e nos livros de Aías, o silonita, e nas visões de Ado, o vidente, acerca de Jeroboão, filho de Nebate?" (2Cr. 9,29).
10. Livro de Ado, o Vidente: "Quanto ao resto dos atos de Salomão, dos primeiros aos últimos, porventura não estão escritos no livro da história de Natã, o profeta, e nos livros de Aías, o silonita, e nas visões de Ado, o vidente, acerca de Jeroboão, filho de Nebate?" (2Cr. 9,29).
"Quanto ao resto dos atos de Roboão, dos primeiros aos últimos, está escrito nos livros de Semaias, o profeta, e de Ado, o vidente, e diligentemente registrado: 'houve guerra entre Roboão e Jeroboão durante todos os seus dias'" (2Cr. 12,15).
"Quanto ao resto dos atos de Abias, seu caráter e obras, está diligentemente escrito no Livro de Ado, o profeta" (2Cr. 13,22).
11. Livros de Semaias, o profeta: "Quanto ao resto dos atos de Roboão, dos primeiros aos últimos, está escrito nos livros de Semaias, o profeta,
e de Ado, o vidente, e diligentemente registrado: 'houve guerra entre Roboão e Jeroboão durante todos os seus dias'" (2Cr. 12,15).
12. Livro dos Reis de Judá e Israel: "Mas os feitos de Asa, dos primeiros aos últimos, estão escritos no Livro dos Reis de Judá e Israel" (2Cr. 16,11).
13. Livro dos Reis de Israel e Judá: "Quanto ao resto dos atos de Joatão, e todas as suas guerras e obras, estão escritos no Livro dos Reis de Israel e Judá" (2Cr. 27,7).
14. Livro dos Reis: "O relato dos seus filhos, as muitas sentenças proferidas contra ele e o registro da restauração da casa de Deus, estão escritos diligentemente no Livro dos Reis. E Amasias, seu filho, reinou em seu lugar" (2Cr. 24,27).
15. Anais dos Reis de Israel: "Mas o resto dos atos de Manassés, sua oração ao seu Deus e as palavras dos videntes que falaram-lhe em nome do Senhor Deus de Israel, estão contidas nos Anais dos Reis de Israel" (2Cr. 33,18).
16. Comentários de Jeú, filho de Hanani: "Mas o resto dos atos de Josafá, dos primeiros aos últimos, estão escritos nos comentários de Jeú, filho de Hanani, que observou nos Livros dos Reis de Israel" (2Cr. 20,34).
17. A História de Osias, por Isaías, filho de Amós, o profeta: Mas o resto dos atos de Ozias, dos primeiros aos últimos, foi escrito por Isaías, filho de Amós, o profeta" (2Cr. 26,22).
18. Palavras de Hozai: "A oração que ele (Manassés) fez, como foi ouvido, todos os seus pecados e o desprezo (de Deus), os lugares também em que mandou edificar altos, em que mandou plantar bosques, e colocar estátuas, antes de fazer penitência, encontra-se tudo escrito no Livro de Hozai" (2Cr. 33,19).
19. Livros dos Medos e dos Persas: "Ora, o rei Assuero tinha imposto tributo a toda terra e todas ilhas do mar. Nos Livros dos Medos e dos Persas se acha escrito qual foi o seu podere o seu domínio, a dignidade e a grandeza a que ele exaltou Mardoqueu" (Est. 10,1-2).
20. Anais do Pontificado de João: "O resto dos atos de João, das suas guerras, das empresas que valorosamente se portou, da reedificação dos muros que construiu e de todas as suas ações, tudo está escrito no Livro dos Anais do seu pontificado, começando desde o tempo em que foi constituído sumo-pontífice em lugar de seu pai" (1Mac. 16,23-24).
21. Descrições de Jeremias, o profeta: "Nos documentos referentes ao profeta Jeremias, lê-se que ele ordenou aos que eram levados para o cativeiro que tomassem o fogo, como já foi referido, e que lhe faz recomendações (...) Lia-se também nos mesmos escritos, que este profeta, por uma ordem particular recebida de Deus, mandou que se levassem com ele o tabernáculo e a arca, quando escalou o monte a que Moisés tinha subido para ver a herança de Deus. Tendo ali chegado, Jeremias achou uma caverna; pôs nela o tabernáculo, a arca e o altar dos perfumes, e tapou a entrada. Alguns dos que o seguiam voltaram de novo para marcar o caminho com sinais, mas não puderam encontrá-lo" (2Mac. 2,1.4-6).
22. Memórias e Comentários de Neemias: "Estas mesmas coisas se achavam nos comentários e memórias de Neemias, onde se lia que ele formou uma biblioteca, recolhendo os livros referentes aos reis e
profetas, os de Davi e as cartas dos reis respeitantes às oferendas" (2Mac. 2,13).
23. Os Cinco Livros de Jasão de Cirene: "A história de Judas Macabeu e seus irmãos, a purificação do grande templo e a dedicação do altar, as guerras contra Antíoco Epífanes e seu filho Êupator, as manifestações do céu a favor dos que pelejaram pelo judaísmo com valentia e zelo, os quais, sendo poucos, se tornaram senhores de todo o país e puseram em fuga um grande número de bárbaros, recobraram o templo famoso em todo o mundo, livraram a cidade da escravidão, restabeleceram as leis que iam ser abolidas, graças ao Senhor que lhes foi propício com evidentes provas da sua bondade, tudo isto, que Jasão de Cirene escreveu em cinco livros, procuramos nós resumir num só volume".
NO NOVO TESTAMENTO:
1. A Epístola Prévia de Paulo aos Coríntios: "Por carta vos escrevi que não tivésseis comunicação com os fornicadores; não certamente com os fornicadores deste mundo, ou com os avarentos, ou ladrões, ou com os idólatras; doutra sorte deveríeis sair deste mundo. (1Cor. 5,9-10).
2. Epístola de Paulo aos Laodicenses: "Saudai os irmãos que estão em Laodicéia, e Ninfas e a igreja que se reúne em sua casa. Lida que for esta carta entre vós, fazei que seja lida também na Igreja dos Laodicenses; e vós, lede a dos laodicenses" (Col. 4,15-16).
3. A Profecia de Enoque: "Também Enoque, o sétimo patriarca depois de Adão, profetizou destes, dizendo: 'Eis que vem o Senhor, entre milhares dos seus santos, a fazer juízo contra todos, e a argüir todos os ímpios de todas as obras da sua impiedade, que impiamente fizeram, e de todas as palavras injuriosas, que os pecadores ímpios têm proferido contra Deus'" (Jd. 1,14-15).
4. [A Disputa pelo Corpo de Moisés: "Quando o arcanjo Miguel, disputando com o demônio, altercava sobre o corpo de Moisés, não se atreveu a proferir contra ele a sentença da maldição, mas disse somente: 'Reprima-te o Senhor'" (Jd. 1,9)].
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ALGUÉM ACRESCENTOU LIVROS AO CATÁLOGO BÍBLICO?
Há quem afirme que a Igreja Católica acrescentou os livros deuterocanônicos (os apócrifos, na linguagem protestante) ao cânon ou catálogo bíblico no Concílio de Trento (1545-1563). Entre outros, assim pensa o Pastor Antônio Gilberto da Silva em seu escrito intitulado "A Bíblia através dos séculos". Visto que há nisso evidente equívoco, a bem da verdade transcreveremos, a seguir, os dizeres de Antônio Gilberto; após o quê, proporemos a história do texto do Antigo Testamento e as declarações de Concílios e Papas que desde 393 pro-fessam a canonicidade dos livros "apócrifos". Donde se evidenciará que não foi a Igreja Católica que acrescentou livros, mas foi Lutero que retirou do texto sagrado os sete livros em foco e os fragmentos ditos deuterocanônicos.
1. ESCREVE O PASTOR
Às pp. 63-65 do livro citado lê-se o seguinte:
"Nas Bíblias de edição da Igreja Romana, o total de livros é 73, porque essa igreja, desde o Concílio de Trento, em 1546, incluiu no cânon do Antigo Testamento 7 livros apócrifos, além de 4 acréscimos ou apêndices a livros canônicos, acrescentando, assim, ao todo, 11 escritos apócrifos...
São 14 os escritos apócrifos: 10 livros e 4 acréscimos a livros. Antes do Concílio de Trento, a Igreja Romana aceitava todo, mas depois passou a aceitar apenas 11: 7 livros e os 4 acréscimos. A Igreja Ortodoxa Grega mantém os 14 até hoje.
Os 7 livros apócrifos constantes das Bíblia de edição católico-romana são:
1) Tobias (após o livro canônico de Esdras)
2) Judite (após o livro de Tobias)
3) Sabedoria de Salomão (após o livro canônico de Cantares)
4) Eclesiástico (após o livro de Sabedoria)
5) Baruque (após o livro canônico de Jeremias)
6) 2 Macabeus (ambos, após o livro canônico de Malaquias)
Os 4 acréscimos ou apêndices são:
1) Ester (Ester 10,4-16,24)
2) Cântico dos Três Santos Filhos (Daniel 3,24-90)
3) História de Suzana (Daniel, capo 13) e
4) Bel e o Dragão (Daniel, capo 14)...
A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 18 de abril de 1546 para combater o movimento de Reforma Protestante, então recente. Nessa época, os protestantes combatiam violentamente as novas doutrinas romanistas: do Purgatório, da oração pelos mortos, da salvação mediante obras, etc. A Igreja Romana via nos apócrifos bases para essas doutrinas, e apelou para eles, aprovando-os como canônicos.
A primeira edição da Bíblia romana com os apócrifos deu-se em 1592, com autorização do Papa Clemente VIII. A falsidade destes dizeres ficará patente no título 4 deste fascículo (N.d.R.).
Pode-se logo notar que o próprio autor cai em contradição e ele mesmo refuta a sua tese, tão inconsistente que é. Com efeito; diz que "antes do Concílio de Trento a Igreja Romana aceitava todo, isto é, os 14 apócrifos (10 livros e 4 acréscimos), mas depois do Concílio de Trento passou a aceitar apenas 11: 7 livros e os 4 acréscimos". - Ora, se antes de Trento, a Igreja já aceitava 14 apócrifos, como é que ela introduziu na Bíblia 11 desses apócrifos que já estavam na Bíblia? Não seria mais lógico dizer que ela retirou três "apócrifos", passando de 14 para 11? - Na verdade a Igreja Católica nem acrescentou nem eliminou livro algum, mas manteve intacto o cânon bíblico professado desde 393, como se depreenderá dos textos citados sob o título 4 deste opúsculo.
Os nossos comentários começarão por propor algumas notas de nomenclatura.
2. Nomenclatura
Eis alguns vocábulos-chaves:
1) Cânon, do grego kanón = regra, medida, catálogo
2) Canônico = livro catalogado - o que implica seja inspirado.
3) Protocanônico = livro catalogado próton, isto é, em primeiro lugar ou sempre catalogado.
4) Deuterocanônico = livro catalogado déuteron ou em segunda instância, posteriormente (após ter sido controvertido).
5) Apócrifo, do grego apókryphon = livro oculto, isto é, não lido' nas assembléias públicas de culto, reservado à leitura particular. Em conseqüência, livro não canônico ou não catalogado, embora tenha aparência de livro canônico (Evangelho segundo Tomé, Evangelho da Infância, Assunção de Moisés...).
O Cânon católico compreende 47 livros do AT., se se conta como unidade distinta a carta de Jeremias (= Baruque 6); se, ao contrário. é considerado como o capítulo 6 de Baruque, o total é de 46 livros. No Novo Testamento há 27 livros - o que perfaz 74 (73) livros sagrados ao todo.
Examinaremos, a seguir, a história do Cânon ou a maneira como se foi formando o catálogo do Antigo Testamento pois o que vem ao caso são livros e fragmentos do Antigo Testamento: Tobias (Tb), Judite (Jt), Sabedoria (Sb), Baruque (Br), Eclesiástico (Eclo), 1/2 Macabeus (1/2 Mc), além de Est 10,4-16,24; Dn 3,24-90; Dn 13-14.
3. História do Cânon do Antigo Testamento
As passagens bíblicas começaram a ser escritas esporadicamente desde os tempos anteriores a Moisés; é de notar que a escrita era uma arte rara e cara na antigüidade. Moisés foi o primeiro codificador das tradições orais e escritas de Israel, no século XIII a.C. - Essas tradições (leis, narrativas, peças litúrgicas) foram sendo acrescidas aos poucos por outros escritos no decorrer dos séculos, sem que os judeus se preocupassem com a catalogação das mesmas...
Todavia, no século I da era cristã, deu-se um fato importante: começaram a aparecer os livros cristãos (cartas de S. Paulo, Evangelhos...), que se apresentavam como a continuação dos livros sagrados dos judeus. Estes, porém, não tendo aceitado o Cristo, trataram de impedir que se fizesse a aglutinação de livros judeus e livros cristãos. Por isto reuniram-se no sínodo de Jâmnia ou Jabnes ao Sul da Palestina, por volta do ano 100 d.C., a fim de estabelecer as exigências que deveriam caracterizar os livros sagrados ou inspirados por Deus. Foram estipulados os seguintes critérios:
1) o livro sagrado não pode ter sido escrito fora da terra de Israel;
2) ... não em língua aramaica ou grega, mas somente em hebraico
3) ... não depois de Esdras (458-428 a.C.);
4) .., não em contradição com a Torá ou Lei de Moisés.
Em conseqüência, os judeus da Palestina fecharam o seu cânon sagrado sem reconhecer os livros e escritos que não obedeciam a tais critérios. Acontece, porém, que em Alexandria (Egito) havia próspera colônia judaica, que, vivendo em terra estrangeira e falando língua estrangeira (o grego), não adotou os critérios nacionalistas estipulados aos judeus de Jâmnia. Os judeus de Alexandria chegaram a traduzir os livros sagrados hebraicos para o grego entre 250 a 100 a.C., dando assim origem à versão grega dita "Alexandrina" ou "dos Setenta Intérpretes". Essa edição grega bíblica encerra livros que os judeus de Jâmnia não aceitaram, mas que os de Alexandria liam como palavra de Deus; assim os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruque, Eclesiástico (Siracides), 1/2 Macabeus, além de Est 10,4-16,24; Dn 3,24-90; Dn 13-14.
Podemos, pois, dizer que havia dois cânones entre os judeus no início da era cristã: o restrito da Palestina, e o amplo de Alexandria.
Ora acontece que os Apóstolos e Evangelistas, ao escreverem o Novo Testamento em grego, citavam o Antigo Testamento, usando a tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta diferia do texto hebraico; tenham-se em vista Mt 1,23 ( Is 7,14); Hb 10,5 ( SI 40,7). E tornou-se a forma comum entre os cristãos; em conseqüência o cânon amplo, incluindo os sete livros atrás citados, passou para o uso dos cristãos.
Verificamos também que nos escritos do Novo Testamento há citações implícitas dos livros deuterocanônicos. Assim, por exemplo, Rm 1,19-32 Sb 12-15; Rm 13,1 Sb 6,38; Mt 27,43 Sb 2,13; Tg 1,19 Eclo 4,34; Mt 11,29s Eclo 51,23-30; Hb 11, 34s 2Mc 6,18-7,42.
Deve-se, por outro lado, notar que não são nem implicitamente citados no Novo Testamento livros que, de resto, todos os cristãos têm como canônicos; assim Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum.
Nos mais antigos escritos patrísticos são citados os deuterocanônicos como Escritura Sagrada: Clemente Romano (em cerca de 95), na epístola aos Coríntios, recorre a Jt, Sb, fragmentos de Dn, Tb e Eclo; o Pastor de Hermas, em 140, faz amplo uso do Eclo e do 2Mc (cf. Semelh. 5,3.8; Mand. 1,1...); Hipólito († 235) comenta o livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos; cita como Escritura Sagrada Sb, Br e utiliza Tb e 1/2 Mc.
Nos séculos II/IV houve dúvidas entre os escritores cristãos com referência aos sete livros, pois alguns se valiam da autoridade dos judeus de Jerusalém para hesitar. Finalmente, porém, prevaleceu na Igreja a consciência de que o cânon do Antigo Testamento deveria seguir o de Alexandria, adotado pelos Apóstolos. Em conseqüência, os Concílios regionais de Hipona (393), Cartago III (397), Cartago IV (419), Trulos (692) definiram sucessivamente o Cânon amplo como sendo o da Igreja. Esta definição foi repetida pelos Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546), Vaticano I (1870). Vejam-se os textos transcritos sob o título 4 deste opúsculo.
S. Jerônimo († 421) foi, sem dúvida, uma voz destoante neste conjunto. Tendo ido do Ocidente para Belém da Palestina a fim de aprender o hebraico, assimilou também o modo de pensar dos rabinos da Palestina neste particular.
Durante a Idade Média pode-se dizer que houve unanimidade entre os cristãos a respeito do cânon.
No século XVI, porém, Martinho Lutero (1483-1546), querendo contestar a Igreja, resolveu adotar o cânon dos judeus da Palestina, deixando de lado os sete livros deuterocanônicos que a Igreja recebera dos judeus de Alexandria. É esta a razão pela qual a Bíblia dos protestantes não tem os sete livros e os fragmentos que a Bíblia dos católicos inclui. Para dirimir as dúvidas, observamos que
- os critérios adotados pelos judeus de Jâmnia para não reconhecer certos livros sagrados eram critérios nacionalistas;
- é o Espírito Santo quem guia a Igreja de Cristo e fez que, após o período de hesitação (séc. I-IV), os cristãos reconhecessem como válido o cânon amplo.
Aliás, o próprio Lutero traduziu para o alemão os livros deuterocanônicos - o que bem mostra que eles eram usuais entre os cristãos. Não foi o Concílio de Trento que os introduziu no cânon.
Para os católicos, os livros deuterocanônicos do Antigo Testamento são tão valiosos como os protocanônicos; são a Palavra de Deus inerrante, que, aliás, os próprios judeus da Palestina estimavam e liam como textos edificantes. Por exemplo, os próprios rabinos serviam-se do Eclesiástico até o séc. X como Escritura Sagrada; o 1Mc era lido na festa de Encênia ou da Dedicação do Templo (Hanukkah). Baruque era lido em alta voz nas sinagogas do séc. IV d.C., como atestam as Constituições Apostólicas. De Tobias e Judite temos midrachim ou comentários em aramaico, que atestam como tais livros eram lidos na sinagoga.
4. Declarações Oficiais da Igreja desde o século IV
Serão citados cinco textos.
4.1. Concílio de Hipona (393)
A 8 de outubro de 393 o Concílio plenário de toda a África do Norte definiu, pela primeira vez, o cânon bíblico como ele hoje é professado pela Igreja Católica. Eis o texto:
'[Placuit] ut praeter Scripturas canonicas nihil in Ecclesia legatur sub nomine divina rum scripturarum. Sunt aufem canonicae scripturae: Genesis, Exodus, Leviticus, Numeri, Deuteronomium. Jesu Nave, Judicum, Ruth, Regnorum libri quatuor, Paralipomenon libri duo, Job, Psalterium Davidicum, Salomonis libri quinque, Duodecim libri Prophetarum, Esaias, Jeremias, Daniel, Ezechiel, Tobias, Judith, Hester, Hesdrae libri duo, Machabaeorum libri duo.
Novi autem Testamenti: Evangeliorum libri quatuor, Actus Apostolorum liber unus, Pauli Apostoli epistolae tredecim, eiusdem ad Hebraeos una, Petri duae, Joannis tres, Jacobi una, Judae una, Apocalypsis Joannis" (cânon 36).
Em tradução portuguesa:
"Além das Escrituras canônicas, nada seja lido na Igreja a título de Divinas Escrituras. Tais são as Escrituras canônicas: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué filho de Nun, Juizes, Rute, quatro livros dos Reinos, dois livros dos Paralipômenos, Jó, o Saltério de Davi, cinco livros de Salomão, doze livros dos Profetas, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras, dois livros dos Macabeus.
E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos, o livro dos Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo Apóstolo, uma do mesmo aos Hebreus, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas, o Apocalipse de João".
Observações: os quatro livros dos Reinos são os dois de Samuel e os dois dos Reis, que os LXX designavam como livros dos Reinos.
Paralipômenos são os dois livros das Crônicas, que os antigos julgavam conter textos restantes (paralipômena, em grego) não apresentados pelos livros dos Reinos.
Os cinco livros de Salomão são: Provérbios, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Eclesiástico, Sabedoria.
O livro de Baruque é tido como apêndice do de Jeremias.
O mesmo catálogo foi repetido pelo Concílio de Cartago III em 397 (cânon 47) e pelo de Cartago IV em 419 (cânon 29).
4.2. O Papa Inocêncio I (401-417)
Aos 20 de fevereiro de 405, o Papa Inocêncio I escrevia a carta Consulenti tibi a Exupério, Bispo de Tolosa, da qual seja extraído o seguinte texto:
"...Qui uero libri recipiantur in canone [scripturarum] breuis adnexus ostendit. Moysi libri V, id est, Genesis, Exodi, Leuitici, Numeri, Deuteronomii et lesu Naue I, ludicum I, Regnorum libri III simul et Ruth. Prophetarum livri XVI, Salomonis Iibri V; Psalterium. Item historiarum, lob liber I, Tobiae liber I, Hesther liber /, Judith liber /, Machabaeorum libri II, Hesdrae libri II, Paralypomenon libri II.
Item noui testamenti euangeliorum libri IIII, apostoli Pauli epistulae XIII, epistulae lohannis III, epistulae Petri II, epistula ludae I, epistula lacobi /, actus apostolorum, apocalypsis lohannis".
Em tradução portuguesa:
"Quais os livros aceitos no cânon das Escrituras, o breve apêndice o mostra. Cinco livros de Moisés, isto é, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, um livro de Josué filho de Nun, um livro dos Juizes, quatro livros dos Reinos e Rute. Dezesseis livros dos Profetas, cinco livros de Salomão, o Saltério, Livros históricos: um livro de Jó, um de Tobias, um de Ester, um de Judite, dois dos Macabeus, dois de Esdras, dois dos Paralipômenos.
Do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos, quatorze epístolas do Apóstolo Paulo, três de João, duas de Pedro, uma de Judas, uma de Tiago, os Atos dos Apóstolos, o Apocalipse de João".
4.3. Decreto Gelasiano
Atribui-se ao Papa S. Gelásio (492-496) o seguinte decreto, que alguns críticos preferem atribuir ao Papa São Damaso I (366-384) ou ao papa Sto. Hormisdas (514-523):
"Nunc vero de scripturis divinis agendum est, quid universalis catholica recipiat ecclesia vel quid vitari debeat.
1. Incipit ordo veteris testamenti: Genesis liber unus, Exodus liber unus, Leviticus liber unus, Numeri liber unus, Deuteronomium liber unus, lesa Nave liber unus, ludicum liber unus, Ruth liber unus, Regum libri quattuor, Paralypomenon libri duo, Psalmorum CL liber unus, Salomonis libri tres, proverbia liber unus, ecclesiastes liber unus, cantica canticorum liber unus. Item sapientiae liber unus, ecclesiasticum liber unus.
2. Item ordo prophetarum: Esaiae liber unus, Hieremiae liber unus cum Cinoth id est lamentationibus suis, Ezechielis liber unus, Denihelis liber unus, Oseae liber unus, Amos liber unus, Micheae liber unus, lohef liber unus, Abdiae liber unus, Ionae liber unus, Naum liber unus, Abbacuc liber unus, Sophoniae liber unus, Aggei liber unus, Zachariae liber unus, Malachiae liber unus.
3. Item ordo historiarum: lob liber unus, Tobiae liber unus, Hesdrae libri duo, Hester liber unus, ludith liber unus, Machabeorum libri duo.
4. Item ordo scripturarum novi testamenti quem sancta et catholica Romana suscipit et veneratur ecclesia: Evangeliorum libri quattuor: secundum Matheum liber unus, secundam Marcum liber unus, secundam Lucam liber unus, secundam lohannem liber unus, Item actuum apostolorum liber unus.
Epistulae Pauli apostoli numero quattuordecim: ad Romanos epistula una, ad Corinthios epistulae duae, ad GaIatas epistula una, ad Phillippenses epistula una, ad Colosenses epistula una, ad Timotheum epistulae duae, ad Ephesios epistula una, ad Thesalonicenses epistulae duae, ad Titun epistula una, ad Philemonem epistula una, ad Hebreos epistula una.
Item apocalypsis lohannis liber unus.
Item canonicae epistulae numero septem: Petri apostoli epistula duae, lacobi apostoli epistula una, lohannis apostoli epistula una, alteriu lohannis presbyteri epistulae duae, ludae Zelotis apostoli epistula una"
Em tradução portuguesa:
"Devemos agora tratar das Escrituras Divinas; vejamos o que a Igreja Católica Universal aceita e o que deve ser evitado.
1. Começa a ordem do Antigo Testamento: um livro do Gênesis, um do Êxodo, um do Levítico, um dos Números, um do Deuteronômio, um de Josué filho de Nun, um dos Juizes, um de Rute, quatro livros dos Reis, dois dos Paralipômenos, um livro de 150 salmos, três livros de Salomão, um dos Provérbios, um do Eclesiastes, um do Cântico dos Cânticos. Ainda um livro d Sabedoria, um do Eclesiástico.
,2. A ordem dos Profetas: um livro de Isaías, um livro de Jeremias com Cinoth, isto é, as suas Lamentações, um livro de Ezequiel, um de Daniel, um de Oséias, um de Amós, um de Miquéias, um de Joel, um de Abdias, um de Jonas, um de Naum, um de Habacuque, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias, um de Malaquias.
3. A ordem dos livros históricos: um livro de Jó, um de Tobias, dois de Esdras, um de Ester, um de Judite, dois dos Macabeus.
4. A ordem das Escrituras do Novo Testamento que a Santa e Católica Igreja Romana aceita e venera: quatro livros dos Evangelhos: um segundo Mateus, um segundo Marcos, um segundo Lucas, um segundo João. Ainda um livro dos Atos dos Apóstolos.
Ouatorze epístolas de Paulo Apóstolo: aos Romanos uma, aos Coríntios duas, aos Efésios uma, aos Tessalonicenses duas, aos Gálatas uma, aos Filipemses uma, aos Colossensses uma, a Timóteo duas, a Tito uma, a Filemon uma, aos Hebreus uma.
Ainda um livro do Apocalipse de João.
Ainda sete epístolas canônicas: duas do Apóstolo Pedro, uma do Apóstolo Tiago, uma de João Apóstolo, duas epístolas do outro João presbítero, uma de Judas Apóstolo zelota".
Observação: no elenco dos escritos do Antigo Testamento, há referência a três livros de Salomão, cujos títulos são a seguir citados: Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos. A quanto parece, Sabedoria e Eclesiástico mencionados logo depois, não são tidos como obras de Salomão.
4.4. Concílio de Florença (1438-1445)
Este é o 17º Concílio geral. Aos 4 de fevereiro de 1442 publicou o Decreto para os Jacobitas, no qual se lê o seguinte:
"... Unum atque eumdem Deum veteris et novi testamenti, hoc est legis et prophetarum atque evangelii, profitetur auctorem, quoniam eodem Spiritu sanctu inspirante utriusque testamenti sancti locuti sunt, quorum libros suseipit et veneratur, qui titulis sequentibus continentur: Quinque Moysis, id est Genesi, Exodo, Levitico, Numeris, Deuteronomio; losue, ludicum, Ruth, quatuor Regum, duobus Paralipomenon, Esdra, Nehemia, Tobia, Judith, Hester, Iob, Psalmis David, Parabolis, Eeelesiaste, Canticis Canticorum, Sapientia, Ecclesiastico, Isaja, Jeremia, Barueh, Ezeehiele, Daniele; duodecim prophetis minoribus, id est Osea, Joele, Amos, Abdia, Jona, Michaea, Nahum, Habacuc, Sophonia, Aggaeo, Zacharia, Malachia; duobus Machabaeorum; quatuor evangeliis: Matthaei, Marci, Lucae, Joannis; quatuordecim epistolis Pauli: ad Romanos, duabus ad Corinthios, ad GaIatas, ad Ephesios, ad Philippenses, ad Colossenses, duabus ad Thessalonicenses, duabus ad Timotheum, ad Titum, ad Philemonem, ad Hebraeos; Petri duabus, tribus Joannis, una Jacobi, una Judae; actibus apostolorum et apocalypsi Joannis".
Em tradução portuguesa:
"O Sacrossanto Concílio professa que o único e mesmo Deus é o autor do Antigo e do Novo Testamento, isto é, da Lei, dos Profetas e do Evangelho, pois os Santos de ambos os Testamentos falaram sob a Inspiração do mesmo Espírito Santo: Este Concílio aceita e venera os seus livros que vêm indicados pelos títulos seguintes:
Cinco livros de Moisés, isto é, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juizes, Rute, quatro livros dos Reis, dois dos Paralipômenos, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, Jó, o Saltério de Davi, as Parábolas (Provérbios), Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico, Isaías, Jeremias, Baruque, Ezequiel, Daniel, os doze profetas menores, isto é, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, dois livros dos Macabeus.
Quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas, João), quatorze epístolas de Paulo (aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, duas a Timóteo, uma a Tito, uma a Filemon, uma aos Hebreus), duas epístolas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas, os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse de João".
4.5. Concílio de Trento (1545-1563)
Este é o 19º Concílio geral, que aos 8 de abril de 1546 emitiu o seguinte Decreto:
"Sacrorum vero librorum indicem huic decreto adscribendum censuit, ne cui dubitatio suboriri possit, quinam sint, qui ab ipsa Synodo suscipiuntur.
Sunt vere infrascripti. Testamenti veteris: Quinque Moisis, id est Genesis, Exodus, Leviticus, Numeri, Deuteronomium; Iosue, ludicum, Ruth, quatuor Regum, duo Paralipomenon, Esdrae primus et secundus; qui dicitur Nehemias, Tobias, ludith, Esther, lob, Psalterium Davidicum centum quinquaginta psalmorum, Parabolae, Ecclesiastes, Canticum Canticorum, Sapientia, Ecclesiasticus, Isaias, leremias cum Baruch, Ezechiel, Daniel, duodecim Prophetae minores, id est: Osea, Ioel, Amos, Abdias, lonas, Michaeas, Nahum, Habacuc, Sophonias, Aggaeus, Zacharias, Malachias; duo Machabaeorum, primus et secundus.
Testamenti novi: Quatuor Evangelia, secundum Matthaeum, Marcum, Lucam, loannem; Actus Apostolorum a Luca Evangelista conscripti, quatuordecim epistolae Pauli Apostoli, ad Romanos, duae ad Corinthios, ad GaIatas, ad Ephesios, ad Philippenses, ad Colossenses, duae ad Thessalonicenses, duae ad Timotheum, ad Titum, ad Philemonem, ad Hebraeos; Petri Apostoli duae, Ioannis Apostoli tres, Iacobi Apostoli una, Iudae Apostoli una, et Apocalypsis Ioannis Apostoli.
Em tradução portuguesa:
"Este Concílio houve por bem acrescentar ao presente Decreto o catálogo dos livros sagrados, a fim de que nenhuma dúvida possa haver a respeito de quais sejam os escritos que o Concílio reconhece.
São os seguintes:
Do Antigo Testamento: Cinco livros de Moisés, isto é, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juizes, Rute, quatro livros dos Reis, dois dos Paralipômenos, o primeiro e o segundo de Esdras (este segundo também dito de Neemias), Tobias, Judite, Ester, Jó. O saltério de Davi com cento e cinqüenta salmos, Parábolas (ou Provérbios), Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico, Isaías, Jeremias com Baruque, Ezequiel, Daniel, doze Profetas menores, isto é, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, primeiro e segundo dos Macabeus.
Do Novo Testamento: os quatro Evangelhos (segundo Mateus, Marcos, Lucas, João), Atos dos Apóstolos redigidos pelo evangelista Lucas, quatorze epístolas do Apóstolo Paulo (uma aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, duas a Timóteo, uma a Tito, uma a Filemon, uma aos Hebreus), duas do apóstolo Pedro, três do Apóstolo João, uma do Apóstolo Tiago, uma do Apóstolo Judas e o Apocalipse de João Apóstolo".
A leitura destas páginas evidencia claramente que os deuterocanônicos ("apócrifos" dos protestantes) sempre estiveram no cânon bíblico. Foram daí retirados por Lutero.
O que acaba de ser dito é confirmado por famosos escritores protestantes.
5. Os Testemunhos de Autores Protestantes
Serão citados Edgard Johnson Goodspeed e Bruce M. Metzger.
5.1. "Como nos veio a Bíblia" (Edgard J. Goodspeed)
Tal obra foi traduzida do inglês e enriquecida com notas por B. P. Bittencourt; é edição da Imprensa Metodista, datada de 1981.
Diz o tradutor da obra no Prefácio:
"Edgar Johnson Goodspeed não necessita apresentação. Nasceu em 1871, doutorando-se na Universidade de Chicago em 1898. No mesmo ano tornou-se professor da Faculdade de Teologia da mesma Universidade, no Departamento de Novo Testamento. Em 1915 foi nomeado Professor Catedrático de Novo Testamento. Em 1933 foi designado "professor distinto" da cátedra "Ernest D. Burton" de grego patrístico da qual se tornou pro-fessor emérito ao aposentar-se em 1953.
Visitei a Universidade de Chicago no verão de 1954. Pelos corredores vetustos da Faculdade de Teologia paira o espírito erudito do Dr. Goodspeed. Sua obra é imortal. Autor de mais de cinqüenta volumes sobre a Bíblia e seu significado, é ele conhecido através do mundo inteiro".
Eis o que Goodspeed apresenta como resultado de seus estudos:
Páginas 61-63 da obra em foco:
"Enquanto os judeus da Palestina limitavam o conteúdo de suas escrituras aos livros que conhecemos como o Velho Testamento, os judeus que falavam grego e que viviam no Egito não pararam aí. Entre eles cresceu um considerável grupo de outros escritos históricos e religiosos, em parte pela tradução de novas obras da literatura hebraica, ou pela ampliação de livros do Velho Testamento tais como Ester e Daniel, no decurso de sua tradução para o grego, e também por composições originalmente escritas em grego. Esses livros associaram-se no Egito aos livros do Velho Testamento já traduzidos e assim passaram a fazer parte do Velho Testamento em grego, a chamada Versão dos Setenta. E, quando esta versão tornou se a Bíblia da Igreja Primitiva, esses livros vieram com ela.
Assim os livros apócrifos, como costumeiramente são chamados, espalharam-se através da Bíblia grega da Igreja Primitiva, e daí passaram para a Bíblia latina antes e depois do trabalho de revisão de Jerônimo. Eles passaram naturalmente, como já vimos, para a primitiva tradução germânica da Bíblia latina, feita na Boêmia, no século catorze, e também para a tradução inglesa feita por Wyclif e seus auxiliares em 1382-88.
Mas Lutero traduziu o Novo Testamento grego e o Velho Testamento hebraico e quando ele terminou sua obra, verificou haver certo número de livros no Velho Testamento em latim e alemão, deixados de lado. Jerônimo fez a mesma verificação muito antes e havia chamado esses livros de "Apócrifos" livros secretos ou ocultos. Lutero deu-Ihes o mesmo nome e logo os traduziu do texto grego, exceto um, Segundo Esdras, do qual nenhuma versão grega se encontrou, mas somente a latina. Como já vimos em capítulo anterior, quando ele terminou sua tradução da Bíblia em 1534, colocou-os num grupo à parte no fim do Velho Testamento, ou depois deste. Seu exemplo foi logo seguido por Coverdale ao imprimir a primeira Bíblia em inglês no ano seguinte. Daí para frente todas as grandes Bíblias históricas em inglês seguiram o mesmo proceder, fazendo desses livros um grupo em separado e colocando-o depois do Velho Testamento - a Bíblia de Thomas Matthew de 1537, a de Taverner de 1539, a Grande Bíblia de 1539, a Bíblia de Genebra de 1560, a "Bishops Bible" de 1468, e a do Rei Tiago de 1611. Somente no Velho Testamento Católico de 1610, que foi traduzido da Vulgata Latina, eles permaneceram espalhados através do Velho Testamento, como ainda se encontram na Bíblia de Douai da Igreja Católica.
Ouais foram esses livros tão altamente estimados pelos cristãos por tantos séculos, e que ainda fazem parte de qualquer edição Autorizada da Bíblia?"
Página 72:
"Há perigo em ficar-se com uma falsa apreciação da história religiosa cristã e judaica se tentarmos passar diretamente do Velho Testamento ao Novo omitindo os livros apócrifos. Eles fizeram parte dos fundamentos literários do movimento cristão. Eles nos introduzem a personagens dramáticas do Novo Testamento - santos e pecadores, fariseus e saduceus, anjos e demônios. Sua influência se exerceu em cada livro do Novo Testamento".
Página 112:
“A Bíblia latina foi traduzida para o alemão no século catorze, e, naturalmente, esses apócrifos foram traduzidos como parte da mesma. Assim nas numerosas Bíblias alemãs impressas que apareceram entre 1466 e 1522 e nas Bíblias Católicas em alemão que se seguiram, esses apócrifos foram incluídos.
Eles também encontraram lugar na primeira Bíblia inglesa conhecida, aquela produzida por John Wyclif e seus auxiliares, Hereford e Purvey, em 1382. Esta Bíblia foi traduzida da Vulgata Latina e, naturalmente, incluía os livros a que chamamos de apócrifos".
Páginas 119-121:
"De maior importância foi a influência de Lutero sobre o lugar dos apócrifos na Bíblia inglesa. Seu procedimento em juntando esses livros e os colocando como um grupo depois do Velho Testamento foi seguido por todas as antigas Bíblias inglesas, exceção feita ao Velho Testamento Católico de 1610, no qual, naturalmente, eles foram espalhados por todo o Velho Testamento, pois aquela tradução foi feita da Vulgata Latina, e a seguiu na colocação dos livros.
As Bíblias inglesas continuaram a imprimir os apócrifos juntos, entre o Velho e o Novo Testamentos, até que a repugnância Puritana a muitas coisas sobre eles levou-os a serem deixados de lado silenciosamente na Bíblia de Genebra. Isto aconteceu muito cedo em 1599. Até mesmo exemplares da Bíblia do Rei Tiago de 1611 surgiram que os colocavam de lado ocasionalmente, e isto bem cedo em 1629. Mas eles ainda continuam teoricamente como partes da Bíblia completa.
Foi na realidade a influência de Lutero que levou praticamente os livros apócrifos a serem retirados da Bíblia, pois se ele não houvesse primeiro segregado esses livros, os puritanos não os haveriam eliminado tão facilmente e de uma vez.
Hoje dificilmente se pode encontrar uma Bíblia inglesa que possa ser tomada pela mão e que seja publicada do outro lado do mar, que inclua a Bíblia inteira, Velho Testamento, Apócrifos e Novo Testamento. A Imprensa das Universidades de Cambridge e de Chicago são os únicos editores meus conhecidos que possuem tais edições. E, quer queiramos ou não, os apócrifos formam parte integrante da história bíblica inglesa, desde Coverdale até à do Rei Tiago, e para qualquer estudo literário, estético ou religioso da Bíblia, eles são indispensáveis".
5.2. Prof. Bruce M. Metzger
Mestre de Princeton, Bruce Metzger é um dos responsáveis por uma edição grega do Novo Testamento juntamente com Kurt Aland, de Münster, Matthew Black, de Saint Andrews (Escócia) e AIlen P. Wikgren, de Chicago.
Escreve no seu Prefácio aos Livros Apócrifos/Deuterocanônicos na nova e revista Standard Bible:
"PREFACE TO THE APOCRYPHAL/DEUTEROCANONICAL BOOKS IN THE NEW REVISED STANDARD VERSION
When lhe King James or Authorized Version of lhe Bible was published in 1611, it contained, betwen the Old and the New Testaments, the books of the Apocrypha. These are books and portions of books that appear in the Latin Vulgate, either as part of the Old Testament or as an appendix, but are not in the Hebrew Bible. With the exception of 2 Esdras, these books appear also in the Greek version of the Old Testament that is known as the Sep-tuaginta.
In lhe course of time printers began to issue editions of the King James Bible without the books of the Apocrypha, and when the American Standard Version of the Bible was published in 1901, it did not include the Aprocrypha. After the Revised Standard Version of the Bible was issued in 1952, a request came from the General Convention of the Protestant Episcopal Church that the Standard Bible Committee undertake also the revision of the English translation of the Apocrypha. This work was accomplished in 1957. It was on the basis of this version that the text of a "Common Bible", approved by both Roman Catholics and Protestants, was issued in 1973".
Em tradução portuguesa:
"Quando a versão da Bíblia Autorizada ou Bíblia do Rei Jaime foi publicada em 1611, continha, entre o Antigo e o Novo Testamentos, os livros apócrifos. Estes são livros e fragmentos que aparecem na Vulgata Latina, seja como partes do Antigo Testamento, seja como Apêndice, mas não estão na Bíblia hebraica. Com exceção do 2º de Esdras, esses livros aparecem também na versão grega do Antigo Testamento conhecida como 'dos Setenta '.
No decorrer dos tempos, os editores começaram a publicar edições da Bíblia do Rei Jaime sem os livros apócrifos; quando a Versão Standard Americana da Bíblia foi publicada em 1901, ela não incluía os apócrifos. Depois que a Versão Standard Revista da Bíblia foi publicada em 1952, a Convenção Geral da Igreja Protestante Episcopal solicitou que a Comissão da Standard Bible empreendesse também a revisão da tradução inglesa dos Apó-crifos. Esta tarefa foi realizada em 1957. Foi na base desta Versão que foi publicado em 1973 o texto de uma Bíblia Comum (Common Bible), aprovado tanto pelos católicos como pelos protestantes".
Interessa, neste texto, a observação segundo a qual os deuterocanônicos estavam rias edições da Bíblia até 1611 e somente após esta data foram retirados das edições protestantes do Livro Sagrado.
Como se vê, o estudo dissipa os preconceitos e as falsas acusações. A ignorância os alimenta.
Ainda para comprovar que não foi a Igreja Católica quem introduziu no catálogo bíblico os livros apócrifos por ocasião do Concílio de Trento, seja aqui exposta a praxe dos cristãos orientais.
6. O Testemunho dos Cristãos Orientais
6.1. Orientais Ortodoxos
Os orientais gregos ortodoxos, a partir do Concílio de Trulos (692), reconheceram os deuterocanônicos como partes integrantes da Bíblia. O próprio Patriarca Fócio († 891), autor de cisma prolongado, os aceitava. Da mesma forma os canonistas gregos J. Zonaras e Th. Balsanon, do século XII. Nunca houve litígio entre latinos e gregos a respeito do cânon bíblico. No século XVII, porém, sob o influxo do protestantismo, o Patriarca de Constantinopla Cirilo Lucaris († 1638) rejeitou os deuterocanônicos. Tal posição foi, pouco depois, contestada pelo Sínodo de Constantinopla celebrado em 1638 sob Cirilo Contaris, sucessor de Lucaris, como pelo Sínodo de Jerusalém em 1672 sob o Patriarca Dositeu; a sentença de Cirilo Lucaris foi veementemente condenada. Acontece, porém, que em nossos dias, ainda sob influxo protestante, muitos teólogos gregos negam a canonicidade dos sete livros em foco.
Algo de semelhante acontece com os russos ortodoxos, que até o século XVII adotaram o cânon amplo. Mas sob a orientação de Teofanes Prokopowitcz (1682-1725), o cânon protestante foi sendo mais e mais aceito, a tal ponto que hoje muitos teólogos russos não reconhecem os deuterocanônicos.
Quanto aos orientais separados heréticos, deve-se notar o seguinte:
6.2. Orientais Heterodoxos (Nestorianos, Monofisitas)
Os sírios monofisitas aceitam até hoje os deuterocanônicos. Tenham-se em vista os testemunhos de Jacó de Edessa († 708), que reconhecia Br, Est, Jt, Eclo, e Gregório Bar-hebreu († 1286), que comentou Dn 3 e 13, Sb, Eclo, e citou Br e Mc.
Os nestorianos, representados por Ebed Jesu († 1318), têm em seu catálogo a maioria dos deuterocanônicos.
Os etíopes monofisitas reconhecem os deuterocanônicos e acrescentam-Ihes alguns livros que os católicos têm como apócrifos, quais são o 4º de Esdras, o 3º dos Macabeus, o livro de Henoque. O mesmo se diga dos coptas e dos armênios monofisitas.
Estes dados evidenciam que não se pode, sem mais, dizer que os cristãos orientais não aceitam os livros deuterocanônicos.
LIVROS APÓCRIFOS E PSEUDO-EPÍGRAFOS
01/12/2012
001 - A Assunção de Moisés
002 - A Doutrina dos Apóstolos
003 - A História de José o Carpinteiro
004 - A História do Universo
005 - A Infância de Cristo Segundo Tomé
006 - A Natividade de Maria
007 - A Palestina nos Tempos de Jesus
008 - a vingança do salvador
009 - Apocalipse das Semanas – Livro de Enoch
010 - Apocalipse de Abraão
011 - Apocalipse de Adão
012 - Apocalipse de Baruch
013 - Apocalipse de Elías
014 - Apocalipse de Moisés
015 - Apocalipse de Pedro
016 - Apócrifo – Testamento de Dan
017 - Apócrifos da Assunção – Livro de São João Evangelista (o Teólogo)
018 - Apologia – Evangelhos Apocrifos
019 - Atos de João – O Evangelho Gnostico de João
020 - Atos de Tecla
021 - Atos de Tomé
022 - Carta de Barnabe
023 - Carta de Diogneto
024 - Carta de Herodes a Pilatos
025 - Carta de Laodicenses
026 - Carta de Pôncio Pilatos dirigida ao Imperador Romano
027 - Carta de Pvblivs Lentvlvs (1)
028 - Carta de Pvblivs Lentvlvs (2)
029 - Carta de Tibério a Pilatos
030 - Carta do Rei Abgaro
031 - cartas de pilatos a herodes
032 - caverna dos tesouros
033 - Cláudio J. A. Rodrigues – Apócrifos e Pseudo-Epigrafos da Bíblia
034 - concílio de nicéia – a condenação dos evangelhos apócrifos
035 - contos dos patriarcas
036 - Correpondências entre o Rei Abgaro e Jesus Cristo
037 - Correspondência entre Pôncio Pilatos e Herodes
038 - Darrell L Bock – Os Evangelhos Perdidos
039 - Declaração de Jose de Arimateia
040 - decreto gelasiano – condenação final dos evangelhos apócrifos
041 - Didaqué
042 - discurso sobre o domingo
043 - Epístola aos Laodicenses
044 - Epístola de barbabe
045 - Epístola de Diognet
046 - Epístola de Policarpo aos Filipenses
047 - evangelho árabe da infância de jesus
048 - evangelho da verdade
049 - Evangelho de Agrapha
050 - Evangelho de Bartolomeu
051 - Evangelho de Filipe
052 - Evangelho de João – Passagem Santa Mãe de Deus
053 - Evangelho de Judas
054 - Evangelho de Madalena
055 - Evangelho de Marcos
056 - Evangelho de Maria
057 - Evangelho de Nicodemos 01
058 - Evangelho de Nicodemos 02
059 - Evangelho de Pedro I
060 - Evangelho de Pedro II
061 - Evangelho de Tiago
062 - Evangelho de Tomé o Dídimo
063 - Evangelho Pseudo-Tomé
064 - Evangelho Segundo Judas
065 - evangelho valentino
066 - excertos do evangelho armênio da infância
067 - Hino da Perola
068 - José e Asenath
069 - José O Carpinteiro
070 - Julgamento e Condenação de Pilatos
071 - Livro da Ascenção de Isaías
072 - Livro de Baruque
073 - Livro de São João Evangelista (o Teólogo)
074 - Livro dos Segredos de Enoque
075 - Morte de Pilatos que Condenou Jesus
076 - Narração do Dilúvio da Epopéia de Gilgamesk
077 - O Livro de Enoque word
078 - O Livro de Malquisedeque
079 - o livro dos jubileus
080 - O Martírio de Isaías
081 - O Pastor de Hermas
082 - O Primeiro Livro de Adão e Eva
083 - o segundo livro de adão e eva
084 - Oração de Manassés
085 - Orações Mágicas dos Essênios
086 - Os Livros Apócrifos e Apocalípticos
087 - passagem da bem aventurada virgem maria
088 - passagens do apocrifo Testamento de Judá
089 - Pistis Sophia – Evangelho Apócrifo
090 - Primeira Carta de Clemente aos Corintios
091 - Pseudo Epígrafo de Gênesis – Livro de Melquisedeque
092 - Relatório do Governador Pilatos Sobre Nosso Senhor
093 - retrato do salvador (nicephorus calíxtus)
094 - Salmo 151
095 - Salmos de Salomão
096 - Segunda Carta de Clemente aos Corintios
097 - Sentença Condenatória de Jesus Cristo
098 - Sobre a Origem do Mundo
099 - Sobre o Livro de Baruque
100 - Sodoma e Gomorra e o Livro de Jasar Capitulo 18 E 19 Eliminados da Bíblia pelos Mentirosos das Igrejas
101 - Testamento 01 de Nephtali
102 - Testamento 02 de Nephtali
103 - Testamento de Abraão
104 - Testamento de Aser
105 - Testamento de Benjamim
106 - Testamento de Dan
107 - Testamento de Gad
108 - Testamento de Issachar
109 - Testamento de José
110 - Testamento de Judá
111- Testamento de Levi
112 - Testamento de Rubén
113 - Testamento de Simeão
114 - Testamento de Zebulon
115 - Testamento Mais Antigo de Levi
116 - Tradición de Pilato
117 - Volusiano
Textos apócrifos
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Apócrifos (Apocryphom literalmente livro secreto) Apócrifo adj. 1. Sem autenticidade. 2. Rel. catól. Diz-se de um texto, ou de um livro, cuja autenticidade é duvidosa ou suspeita, ou não reconhecida pelo magistério eclesiástico. Os manuscritos, hoje conhecidos como Evangelhos_Gnósticos, ou Apócrifos (Apocryphom literalmente livro secreto), revelam ensinamentos, apresentados segundo perpectivas bastante diversas daquelas dos Evagelhos Oficiais da Igreja_Romana; como por exemplo este trecho atribuído a Jesus, o Vivo: "Se manifestarem aquilo que têm em si, isso que manifestarem os salvará. Se não manifestarem o que têm em si, isso que não manifestarem os destruirá". http://www.gnosisonline.org/Teologia_Gnostica/Codigos_de_Nag_Hammadi.shtml "Toda história é contada pelos vencedores. Isto é verdade também para a história de Jesus de Nazaré e seus ensinamentos, relatada nos quatro Evangelhos do Novo Testamento. O cânone bíblico - o conjunto dos textos considerados "inspirados" - abriga os vencedores de uma batalha doutrinária travada dentro da Igreja antiga, entre os séculos 2 e 5. De fora ficaram mais de 60 outros escritos, que receberam o nome de apócrifos (ocultos, em grego). Sobre eles pairava a acusação de deturpar a doutrina original de Jesus, misturando-a com episódios fantasiosos e ideias tiradas das seitas místicas dos primeiros séculos do Cristianismo. O imaginário cristão, porém, recebeu-os de braços abertos. Se hoje os católicos sabem os nomes dos reis magos que adoraram Jesus e crêem que o corpo de Nossa Senhora subiu aos céus após sua morte - fato que a Igreja considera como Dogma desde 1950 - é porque, por vias indiretas, os apócrifos contornaram as proibições. Os apócrifos são cartas, coletâneas de frases, narrativas da criação e profecias apocalípticas. Além dos que abordam a vida de Jesus ou de seus seguidores, cerca de 50 outros contêm narrativas ligadas ao Antigo Testamento. Muitos têm nomes sugestivos como "Apocalipse de Adão" ou
"descida de Cristo ao inferno". Poucos são conhecidos integralmente. Da maioria resta fragmentos ou se conhece por citações de cronistas da Antiguidade. Mas são principalmente aqueles ligados à vida de Jesus que estão atraindo a atenção de religiosos e pesquisadores, que os reconhecem como fontes importantes para estudar o Homem de Nazaré." Revista Galileu - Dezembro 2002 - No 137 Livros apócrifos segundo Frei Jacir de Freitas: Nascido em Divinópolis (MG), frei Jacir de Freitas Faria é padre franciscano. Mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (PIB), Frei Jacir complementou seus estudos de Bíblia no México e em Jerusalém. Atualmente reside em Belo Horizonte, onde é professor no Instituto Santo Tomás de Aquino (ISTA), no Instituto Marista de Ciências Humanas (IMACH) e no Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus (CES-ISI). Além das aulas, dedica-se à leitura popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), na Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), na Diocese de Divinópolis e em cursos de teologia pastoral para leigos. Pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é membro da Comissão Teológica do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC). Participa também da Comissão de Serviço Internacional ao Diálogo Ecumênico da Ordem dos Frades Menores (OFM). Apaixonado pela Bíblia, ele é um dos poucos estudiosos no Brasil e no mundo a mergulhar na literatura apócrifa (escritos "bíblicos" não considerados inspirados e, pó isso, mantidos em segredo pelas Igrejas), com o intuito de voltar às origens do cristianismo e resgatar informações importantes que complementam os textos bíblicos canônicos (oficiais), clareando a mente daqueles que acreditam em Jesus e fortalecendo a sua fé. A afirmação costumeira que os escritos apócrifos são meras fantasias e, o que é pior, mentiras inventadas por cristãos ou judeus piedosos, nunca me convenceu. A primeira constatação que fiz foi que muitos desses textos complementam o sentido, sem tirar a veracidade, dos textos_canônicos, os considerados pela tradição como inspirados. O que se pretende com o estudo dessa literatura não é outra coisa senão resgatar um novo sentido para os textos apócrifos, que comumente são interpretados como falsos, não inspirados. Não podemos mais entender apócrifo desta maneira, mas como algo precioso e, por isso, mantido em segredo. A literatura apócrifa é uma outra Bíblia. Existem 112 livros apócrifos, sendo 52 em relação ao Primeiro Testamento e 60 em relação ao Segundo. Assim como a Bíblia, a literatura apócrifa está composta de Evangelhos, Atos, Apocalipses, Cartas, Testamentos. Existem também outras listas desses livros. Creio que devemos repensar o valor dado aos apócrifos. É claro que não se pode tomar todas as informações como verdades de fé. O mesmo também não ocorre como os evangelhos canônicos? Quem é o Jesus da fé e quem é o Jesus histórico? Isso é importantíssimo. Também nos evangelhos canônicos aquilo que era dado de fé passou a ser dado histórico e o que era dado histórico tornou-se dado de fé. É difícil distinguir, mesmo como o auxílio da exegese moderna, o Jesus da fé do Jesus histórico. As coisas estão misturadas. A fé é que nos coloca no caminho certo.
http://www.sobrenatural.org/Site/Apocrifos/entrevista.asp Textos Apócrifos (Gnósticos): Códigos de Nag-Hammadi O Evangelho de Tomé O Evangelho Gnóstico de João: o http://www.gnosisonline.org/Teologia_Gnostica/Evangelho_Gnostico_de_Joao.shtml o http://www.mucheroni.hpg.ig.com.br/religiao/96/index_int_9.html O Evangelho de Maria Madalena Hinos Essênios A Infância de Cristo Segundo Tiago A Infância de Cristo Segundo Pedro A Infância de Cristo Segundo Bartolomeu A História de José, o Carpinteiro O Hino da Pérola Livros Apócrifos Mencionados na Bíblia: o Introdução ao Pensamento Gnóstico o Pistis Sophia o Os Gnósticos e o Cristianismo Primitivo o Valentino de Alexandria o A Gnose e a Mulher o Judas Iscariotes o Os Mistérios Egípcios o Os Mistérios Gregos o O Simbolismo do Natal
o O Cristo e a Semana Santa o O Cristo Social o Moisés e os Mistérios da Alquimia o O Mistério da Câmara Nupcial o Islamismo Esotérico o Os Ensinamentos de Jesus o O Eterno Feminino e o Cristo Nosso Senhor o A Gnose nas Religiões o O Pai-Nosso Esotérico o Virgem do Carmo o Os Círculos Dantescos e Os Sefirotes Invertidos o O Cristo Místico o Sete Sermões aos Mortos o O Mistério de Lúcifer - Prometeu o O Camarada Vestido de Branco o O Anjo Aroch o Simão o Mago o A Deusa Coatlicue o O Profeta Enoque o Mistérios Eucarísticos Gnósticos http://www.gnosisonline.org/Teologia_Gnostica/O_Evangelho_de_Tome.shtml Pistis Sophia - Primeiro e Segundo Livro http://br.geocities.com/samaelaunweor2/pistis/pistis.htm Há pouca discussão sobre a data dos próprios manuscritos. O exame de datação dos papiros tornava mais densa a encadernação de couro e os manuscritos coptas, situando-os entre 350—400 d.C.9 Mas os estudiosos discordam categoricamente sobre a data dos textos originais. É pouco provável que alguns deles sejam posteriores a 120—150 d.C., pois Irineu, o bispo ortodoxo de Lyon, declara por volta de 180 d.C. que hereges vangloriam-se de possuir mais evangelhos do que realmente existem",10 e lamenta que em sua época esses escritos já tenham atingido ampla circulação - da Gália até Roma, Grécia e Ásia Menor. 9 - Robinson, Introdução, em NHL. 13-18 10- Irineu, Libros Quinque Adversus Haereses 3.11.9. [84 - Introdução XVII]
Aqueles que escreveram e divulgaram esses textos não se consideravam “hereges”. A maioria dos escritos emprega a terminologia cristã relacionada de modo inequívoco à herança judaica. Muitos alegam oferecer tradições secretas e ocultas sobre Jesus aos muitos que formaram, no século II, a chamada “igreja católica”. [84 - Introdução XX] O que Muhammad ‘ALI descobriu em Nag-Hammadi é, aparentemente, uma biblioteca de escritos, quase todos gnósticos. Embora afirmem oferecer ensinamentos secretos, muitos desses textos referem-se às Escrituras do Antigo_Testamento, e outros as cartas de Paulo e aos evangelhos do Novo_Testamento. Muitos deles incluem as mesmas dramatis personae do Novo Testamento Jesus e seus discípulos. No entanto, as diferenças são surpreendentes. Primeiro, os judeus e os cristãos ortodoxos insistem que um abismo separa a humanidade de seu Criador: Deus é exatamente o oposto. Mas alguns dos gnósticos que escreveram esses evangelhos contradizem isso: o o autoconhecimento é o conhecimento de Deus; o o eu e o divino são idênticos. (Ver: Sois Deuses) Em segundo lugar, o “Jesus vivo” desses textos fala de ilusão e iluminação, não de pecado e arrependimento, como o Jesus do Novo Testamento. Em vez de ter como missão nos salvar do pecado, ele veio para ser um guia que abre o acesso à compreensão espiritual. Mas quando o discípulo alcança a iluminação, Jesus não mais serve como mestre espiritual: os dois tornam-se iguais até mesmo idênticos. Terceiro, os cristãos ortodoxos acreditam que Jesus seja, de maneira única, o Senhor e o Filho de Deus: ele permanece para sempre distinto do resto da humanidade que veio salvar. No entanto, o gnóstico Evangelho de Tomé relata que assim que Tomé o reconheceu, Jesus disse que ambos haviam recebido seu ser da mesma fonte: Jesus disse: “Eu não sou seu mestre. Como você bebeu, ficou embriagado com as fontes borbulhantes que compartilhei com você (...) Aquele que beber da minha boca se tornará como eu: eu mesmo devo me tornar ele, e as coisas que estão ocultas lhe serão reveladas.”22 22 - Evangelho de Tomé 35. 4-7 e 50.28-30, fundidos, em NHL 119 e 129 [84 - Introdução XXI] O empenho da maioria para destruir qualquer vestígio da “blasfêmia” herege provou-se tão bem-sucedido que, até as descobertas de Nag-Hammadi , quase toda informação sobre formas alternativas do início do cristianismo provinha de ataques
ortodoxos intensos contra elas. Embora o gnosticismo talvez fosse a primeira e a maior ameaça das heresias, os estudiosos tomaram conhecimento apenas de uma pequena quantidade de textos gnósticos originais, nenhum publicado antes do século XIX. O primeiro surgiu em 1769, quando o turista escocês James Bruce comprou um manuscrito copta perto de Tebas (atual Luxor), no Alto Egito.28 Publicado só em 1892, afirmava ter o registro de conversas entre Jesus e seus discípulos um grupo que, nesse texto, incluía homens e mulheres. Em 1773, um colecionador encontrou em uma livraria de Londres um antigo texto, também em copta, que continha um diálogo sobre os “mistérios” entre Jesus e seus discípulos.29 Em 1896, um egiptólogo alemão, alertado por publicações anteriores, comprou no Cairo um manuscrito que, para sua surpresa. continha o Evangelho de Maria (Madalena) e três outros textos. Três cópias de um deles, o Apócrifo (Livro Secreto) de João, também foram incluídas na biblioteca gnóstica descoberta em Nag-Hammadi cinqüenta anos depois.30 28 - Ver discussão de H.-Ch. Puech, em NT APOCRYPHA 259 s. 29 - Ibid., 250 s. 30 - Ibid., 244. [84 - Introdução XXVI] Os 52 escritos descobertos em Nag Hammadi permitem apenas vislumbrar a complexidade do início do cristianismo. Começamos agora a perceber que o cristianismo — e o que identificamos como tradição cristã — representa, na verdade, apenas uma pequena seleção de fontes específicas, escolhidas entre dezenas de outras. Quem fez a seleção? E por que razões? Por que os outros escritos foram excluídos e proibidos como ‘heresia”? O que os tornou tão perigosos? Agora, pela primeira vez, temos a oportunidade de conhecer a primeira heresia cristã; pela primeira vez, os hereges podem falar por si mesmos. [84 - Introdução XXXIX] O "Acaso" tem sido o grande fornecedor dos "Documentos Patrimônio da Humanidade" e alguns sentem a tentação de denominá-lo de: "Intervenção Divina" ou "Mão_do_Destino" ocorrida no tempo exato, para "dar a Cesar o que é de Cesar". - "Os textos de Nag Hammadi reabrem questões fundamentais". - Elaine Pagels. http://www.jornalinfinito.com.br/materias.asp?cod=54
O APOCALIPSE DE PEDRO Encontra-se nesses escritos um encorajamento dirigido às "almas imortais", aos "eleitos", como se autodenominavam os gnósticos, perseguidos pela "grande igreja". Nota-se, também, um patente "docetismo": Na 1ª visão de Pedro, a denúncia da ameaça de morte que pairava sobre os gnósticos, por parte dos sacerdotes, que representavam seis grupos de inimigos, dentre os mais importantes aqueles que traficavam com a palavra do Senhor; aqueles charlatães que pretendiam possuir o mistério da verdade; aqueles que reivindicavam dignidades episcopais para se destacarem dos outros, etc... Na 2ª visão encontramos a distinção entre a aparência carnal de Jesus e a sua real natureza; diziam que enquanto os adversários acreditavam que o estavam crucificando, Jesus - O Vivente, zombava deles perguntando: "Aquele que tu vês sobre o madeiro, que se rejubila e ri, é Jesus Vivente. Mas aquele que está pregado pelas mãos e os pés é o seu invólucro carnal, o substituto..." Na 3ª visão encontramos o tema ortodoxo da ressurreição de Jesus e a interpretação gnóstica - a reunificação do corpo espiritual de Jesus com a luz do Pleroma celeste. http://www.rizoma.net/interna.php?id=141&secao=ocultura O APOCALIPSE GNÓSTICO DE PEDRO PRIMEIRA VISÃO - Pedro, bem-aventurados os de cima que pertencem ao Pai, que através de mim há revelado a vida para aqueles que são da vida, pois eu os recordei, aqueles que estão edificados sobre a sólida base, que ouçam minhas palavras e que distingam as palavras da injustiça e a transgressão da Lei das palavras da justiça. Com efeito, eles procedem do alto, de cada palavra da Plenitude da verdade e tem sido iluminados com benevolência por Aquele, a quem as potestades buscaram, mas não encontraram. Aquele que nem foi mencionado pelas em nenhuma geração dos profetas. Este apareceu agora entre aqueles, naquele no qual se é aparecido, no Filho do Homem, exaltado no alto dos céus, revelado com temor dos homens de essência semelhante. Mas tu, Pedro, sê perfeito segundo o nome que eu te coloquei (Pedra), pois eu ti escolhi, e fiz de ti um princípio para o resto, a quem eu chamei para o conhecimento. Sê forte até que venha o imitador da justiça, o imitador daquele que foi o primeiro a chamar-te. De fato, ele te chamou para que o conheça de um modo digno, por causa da rejeição de que foi alvo. Você pode reconhecê-lo nos tendões de suas mãos e de seus pés, no coroamento realizado por aqueles que vivem na região do meio, no corpo luminoso que eles (os Arcontes, aqueles que pregam os falsos ensinamentos sobre Jesus) apresentaram na esperança de estarem cumprindo um serviço de honrosa recompensa, quando ele ia recriminar-te três vezes naquela noite”. O Salvador disse estas coisas, enquanto eu estava vendo um dos sacerdotes e o
povo que corriam até nós com pedras para nos matar. Apavorei-me, pensando que íamos morrer. E Ele me disse: – Pedro, eu te disse diversas vezes que estes são cegos sem guias. Se queres conhecer sua cegueira, coloca as tuas mãos sobre os olhos de seu corpo, e diga o que vês. Quando eu lhe disse que não via nada, Ele me disse: - Não és possível que não veja nada! Ele me disse novamente: - Faça o mesmo outra vez. E em mim se produziu medo e alegria ao mesmo tempo, pois vi uma luz nova, maior que a luz do dia. Logo, a luz desceu sobre o Salvador, e eu lhe contei o que havia visto. E ele me disse de novo: - Levanta tuas mãos e escuta o que dizem os sacerdotes e o povo. Eu ouvi os sacerdotes, enquanto estavam sentados com os escribas. As multidões gritavam aos brados. Quando o Salvador escutou essas coisas de mim, ele me disse: - Apura os teus ouvido e ouça o que estão dizendo. E escutei de novo. Enquanto estava sentado, te louvam. Quando eu disse estas coisas, o Salvador disse: - “Te disse que estes são cegos e surdos. Escuta, pois, agora as que estão dizendo de forma misteriosa e conservá-as. Não as diga aos filhos deste mundo, pois eles blasfemariam contra ti neste mundo, já que eles não te conhecem, mas louvar-te-ão assim que te conhecerem”. Heresias em torno ao grupo. Primeiro conjunto de adversários: gnósticos desviados da verdade originária Na verdade, muitos, no início, acolherão as nossas palavras, mas logo se distanciarão delas, por vontade do pai de seu erro, porque terão feito o que ele quis. Mas Deus lhes revelará em juízo, quer dizer, aos servidores da Palavra. No entanto, os que se ajuntarem a eles serão seus prisioneiros, porque estão privados de conhecimento. Aquele que é inocente, bom e puro, é por eles entregue ao carrasco e ao reino daqueles que louvam o Cristo restaurado. Eles louvam os homens que propagam a mentira, aqueles que virão depois de ti. Eles se aderirão ao nome de um morto, pensando que serão purificados por esse nome. Ao contrário, ficarão impuros e cairão em nome do erro em mãos de um homem malvado e astuto, em dogmas multiformes, e serão governados na heresia. Outro grupo gnóstico Acontecerá que alguns deles blasfemarão da verdade e proclamarão uma doutrina falsa. E dirão coisas más uns contra os outros. Alguns desses serão chamados de “aqueles que estão sob o poder dos arcontes”, os que procedem de um homem e uma mulher nua, de uma multidão de formas e grande variedade de sofrimento. E acontecerá que os que dizem estas coisas explorarão os sonhos. E se afirmam que um sonho tem sua procedência de um demônio, digno de seu erro, então receberão a perdição em vez da incorrupção. Com efeito, o mal não pode produzir
um fruto bom. Uma vez que do lugar de onde vem, cada um atrai o que a si se assemelha, pois nem toda alma é da verdade ou da imortalidade. Cada alma deste mundo tem como destino a morte, segundo a nossa opinião, porque é sempre uma escrava, visto que foi criada para servir a seus desejos, e o seu papel é a destruição eterna: nela se encontra e dela deriva. As almas amam as criaturas da matéria, vindas à existência com elas. Mas as almas_imortais não se assemelham a estas, ó Pedro. E quando ainda não é chegada a hora da morte, acontecerá que a alma imortal se parecerá com uma mortal. Mas ela não revelará a sua natureza, que é somente imortal, mas pensa na imortalidade. Tenha fé e deseja abandonara estas coisas. Em verdade, quem é inteligente não colhe figos de cardos ou espinhos, nem uvas de plantas espinhosas. Certamente, o que se produz sempre está dentro daquilo que produz. O que procede do que não é bom, resulta ser para a alma destruição e morte. Mas esta, a alma imortal, que chega a ser no Eterno, se encontra na Vida, e na imortalidade da vida, a qual se assemelha. Portanto, tudo o que existe não se dissolverá no que não existe. A surdez e cegueira se unem somente com os seus semelhantes. Também outro grupo gnóstico Outros, no entanto, converter-se-ão das palavras más e dos mistérios que extraviam. Alguns que não entendem os mistérios, falam de coisas que não entendem. Gabam-se de ser os únicos que conhecem o mistério da Verdade, e, cheios de orgulhos, agarram-se à insolência, invejando a alma imortal, que se tornou entretanto uma garantia. Já que toda potestade, dominação e poder dos eons desejam estar eles (as almas imortais dos gnósticos) na criação do mundo, de modo que aqueles (as potestades/forças) que não são, esquecidas pelas que são (as almas imortais), os louvem, embora não tenham sido salvas pelas potestades, nem levadas ao caminho (saída do mundo), desejando sempre chegar a ser imortais. Porque quando a alma imortal se fortalece com o poder de um espírito intelectual (um gnóstico), eles (as potestades/forças), imediatamente, fazem com que a alma imortal torne-se semelhante a um dos extraviados (da doutrina gnóstica). Outro grupo gnóstico Pois muitos, que se opõem à verdade e são os mensageiros do erro, conspiram com seu erro e sua lei contra estes pensamentos puros que provêm de mim, partindo do ponto de vista, a saber, que o bem e o mal procedem da mesma raiz. Eles fazem negócio com a minha palavra, e anunciam um duro Destino: a raça das almas imortais caminhão em vão, até a minha parusia. Por conseguinte, do meio deles sairão (pessoas que não seguem a minha palavra). E o perdão de seus pecados, nos quais caíram por culpa de seus adversários, os quais eu resgatei da escravidão a que se encontravam, dando-lhes a liberdade. E eles agem de modo a criar uma imitação do verdadeiro perdão, em nome de um defunto, Hermas1, dos primogênitos injustiça (Satanás), para que a luz existente não seja vista pelos pequenos (os verdadeiros gnósticos). No entanto, os que pertencem a esse gênero de pessoas serão lançados nas trevas exteriores, longe dos filhos da luz. Por conseguinte, nem eles entrarão, nem tampouco permitem aos que querem
receber a sua libertação. Outro grupo. Também gnósticos, também errados E ainda outros deles, que sofrem, pensam que conseguirão a perfeição da vivência comunitária (ser Igreja) que realmente existe, a saber, a união espiritual com os que estão em comunhão, através da qual se revelará o matrimônio da imortalidade (igualdade da essência com o Salvador). Mas, em vez disso, se manifestará uma fraternidade feminina (falsa e imperfeita) como imitação. Estes são os que oprimem os seus irmãos, dizendo-lhes: “Por meio disso (sua doutrina), nosso Deus tenha piedade, pois a salvação chega a nós somente por isso”. E eles não conhecem o castigo daqueles que se alegram por aqueles que fizeram isto aos pequenos (gnósticos verdadeiros), que vieram (outros que também agem em nome de Cristo) e fizeram prisioneiros (os gnósticos). Outro grupo de adversários: os eclesiásticos E existem também outros, que não dos nossos, que se chamam a si mesmos de bispos e também diáconos, como se tivessem recebido essa autoridade de Deus. Eles são julgados por ocuparem os primeiros lugares na assembléia. Essa gente, eles são canais vazios. Mas eu disse: - “Diante do que me disseste, eu tenho medo, a saber, que são poucos, como veremos, os que estão fora do erro, enquanto muitos viventes serão induzidos ao erro e ficarão divididos. E quando pronunciarem o seu nome, serão considerados dignos de fé”. E o Salvador disse: “Governarão sobre os pequenos (gnósticos) por um tempo para eles determinado, em proporção ao erro deles. E depois que se complete o tempo de seu erro, o tempo que nunca envelhece renovará o pensamento imortal; E os pequenos governarão sobre os que agora governam sobre eles. E o tempo que não envelhece extirpará o erro deles pela raiz e expô-lo-á à vergonha. E se revelará a desvergonha que ela (a classe dos eclesiásticos) teve sobre si. E acontecerá que os pequenos serão imutáveis, ò Pedro. Eia, vamos! Cumpramos a vontade do Pai incorruptível. Com efeito, eles verão a sentença contra eles (os eclesiásticos), os quais ficaram cairão em desgraça. Mas, quanto a mim, eles não poderão tocar-me. Mas tu, ò Pedro, estarás no meio deles. Não temas por causa da covardia deles. A inteligência deles será limitada, pois o Invisível lhes fará oposição.” (Ver: Consolador prometido e Terceira das grandes revelações) http://www.abiblia.org/ver.php?id=1257#.UUE00xeG2O4 http://www.gnosis.org/naghamm/apopet.html http://www.freewebs.com/misteriosantigos/apocalipse-de-pedro.htm O Apocalipse de Pedro, talvez o último texto encontrado em Nag-Hammadi (ca. 200-300), relata como Pedro ouviu, desanimado, que muitos fiéis "cairiam no nome do erro" e "seriam governados por hereges".95 O Cristo ressuscitado explica a Pedro que aqueles que "se autodenominam bispos e também diáconos, como se tivessem recebido sua autoridade de Deus”, são, na realidade, “canais secos".96 Embora “não
compreendam o mistério”, vangloriam-se de que apenas eles possuem "o mistério da verdade”.97 O autor acusa-os de má interpretação do ensinamento dos apóstolos e, por isso, de terem estabelecido uma "imitação de igreja” no lugar de uma verdadeira “irmandade” cristã.98 95. Apocalijse de Pedro 74.16-21, em NHL 341. Consultar Brashler, The Coptic Apocalypse of Peter; Perkins, "Peter in Gnostic Revelations”. 96. Apocalipse de Pedro 79.24-30, em NHL 343. 97. Ibid., 76.27-34, em NHL 342. 98. Ibid., 78.31-79.10, em NHL 343. [84 - página 26] A profecia que será revelada a seguir encontra-se no "Livro de Ascensão de Isaias" uma apócrifo do Antigo Testamento, que remonta ao primeiro século. Consiste em detalhes acerca do martírio do profeta Isaias visões messiânicas e apocalíticas que ele teria tido e, principalmente, trata de seu arrebatamento em espírito aos céus. Sucessivos Concílios recusaram a inspiração divina desse livro por causa de seu caráter esotérico. O trecho do Livro Ascensão de Isaías abaixo é uma profecia que surpreende por sua exatidão. A impressão que temos é a de que o "profeta" vislumbrou o nosso tempo, especialmente a crise na qual se encontra a igreja cristã. O desprezo pelas escrituras, a disputas por cargos menisteriais, a negligência e opressão pastoral, o anseios pelas riquezas, a distorção do evangelho, o mundanismo na igreja e as divisões entre seus lideres, tudo isso revelado com assombrosa precisão. Confira e tire suas próprias conclusões: E mais tarde, na ocasião do segundo advento, os discípulos negligenciarão a doutrina dos doze apóstolos e alterarão sua fé piedosa e querida. E haverá muitas discussões sobre o seu primeiro e sobre o seu último advento. E muitos, nesses dias, lutarão pelos cargos sem ter a sabedoria que os torne dignos destes. E veremos anciãos iníquos, pastores rapaces oprimindo suas próprias ovelhas; os santos pastores negligenciarão seus deveres mais sagrados. E muitos haverão de trocar suas nobres vestimentas de santo pelo hábito
daqueles que possuem as riquezas. Haverá distinção de pessoas, e muitos procurarão os homens deste mundo. Haverá calúnias e caluniadores que não se regozijarão com a aproximação do Senhor, e muitos serão privados das luzes do Espírito Santo. E só haverá, nesses dias, poucos profetas que, em diferentes lugares, anunciarão as grandes verdades. Por causa do espírito falso e da fornicação, do espírito de ignomínia e da avareza que inspiram aqueles que dizem: “Tornai-vos escravos do ouro e daqueles que o possuem!” E sentimentos de ódio intenso surgirão entre os pastores e os anciãos. E a cobiça apoderar-se-á da maioria dos corações, e cada um só falará dos objetos do seu desejo. E serão negligenciados os oráculos dos santos profetas que existiram antes de mim, e serão negligenciadas as minhas profecias, e as pessoas entregar-se-ão ao turbilhão de seus corações. ______________________________ (Livro da Ascensão de Isaías, cap. 3:21-31) Postado por Alan Capriles https://plus.google.com/u/0/110481764275153547012/posts/MnJyafy1Ucy?cfem=1 MANUSCRITOS DO MAR MORTO https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=8fJiNJsqEyQ#! Os Manuscritos do Mar Morto 1ª Parte: https://www.youtube.com/watch?v=iOlEFvTmTy8 2ª Parte: https://www.youtube.com/watch?v=hzdGQUTrABg 3ª Parte: https://www.youtube.com/watch?v=qJsp1ZNSb_o Pergaminhos do Mar Morto (Essênios não são os autores) [1 de 4]: https://www.youtube.com/watch?v=SPlXsr4gL_k
[2 de 4]: https://www.youtube.com/watch?v=4vNmL2XqSPw [3 de 4]: https://www.youtube.com/watch?v=S0TB1g0_0uo [4 de 4]: https://www.youtube.com/watch?v=JUSx73LlhS8 LINKs: Apócrifos & Religião: http://www.mucheroni.hpg.ig.com.br/religiao/96/index_pri_1.html A Bíblia e Apócrifos:http://www.Bíbliaeapocrifos.uaivip.com.br/historiaefe.htm As origens apócrifas do cristianismo. Comentário aos evangelhos de Maria Madalena e Tomé: http://www.itf.org.br/index.php?pg=conteudo&revistaid=6&fasciculoid=142&sumarioid=2040 Outros Sites: http://mucheroni.br.tripod.com/index_pri_1.html http://mucheroni.br.tripod.com/outro_idioma.htm http://espiritualidadeciencia.blogspot.com/2009_01_01_archive.html
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