Estudo II - O MISTÉRIO DA SUA DIVINDADE
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"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez" (Jo 1:1-3).
Depois de uma avaliação histórica, vamos diretamente para as Escrituras. Devemos manter em mente o importante diálogo entre Jesus e os discípulos em Cesaréia de Filipe. Ao ouvir Pedro confessando que Ele era o Messias, o Filho de Deus, Jesus o lembrou de que essa percepção não se originava da investigação humana, mas fora revelada por "meu Pai, que está nos Céus" (Mt 16:17. Veja Mt 16:13-17 e também Mt 11:25-27). "Carne e sangue" (Mt 16:17), nossa própria sabedoria humana, sem ajuda, é inadequada na presença do supremo mistério dos séculos.
Crer em Jesus como o Messias e Filho de Deus é afirmar indiretamente que Sua origem não foi no ventre de Maria. É afirmar Sua diferença essencial do restante da humanidade, por mais que Ele seja semelhante a nós em outros aspectos. Em resumo, é crer que Ele existia antes de vir a este mundo. Simplesmente, Ele preexistia. Ele era "a imagem do Deus invisível", por quem "foram criadas todas as coisas"(Cl 1:15, 16). "Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste" (v. 17).
Sua preexistência – o que significa para nós
Leia o que as Escrituras declaram a respeito da existência de Cristo? O que significa a expressão "Ele é antes de todas as coisas"? Hb 1:1-4; Cl 1:15-20
Para todos nós, a existência começa quando nascemos (ou, como alguns argumentam, começou quando fomos concebidos). Cristo foi diferente. Ele não passou a existir no ventre de Maria. Ele existia antes disso, eternamente. É isso que significa Sua preexistência. Ele existia antes de tudo.
A palavra mosa'ah ("origens" em Miquéias 5:2) não é fácil de traduzir. Mas a outra parte do verso se refere não somente à preexistência do Rei vindouro, mas também à Sua preexistência eterna, "desde os dias da eternidade".
Isaías 9:6 ensina a preexistência eterna desta pessoa especial que deveria vir ao mundo. É uma declaração extraordinária que Ele seja chamado, entre outros títulos, de "Deus Forte, Pai da Eternidade". É ainda mais significativo quando nos lembramos de que a profecia foi dirigida a um público essencialmente monoteísta; e o fato de que Isaías tenha se referido a este Filho como "Deus forte, Pai da Eternidade" foi absolutamente surpreendente, revelação divina, rompendo o próprio modo de pensar do profeta. O Filho é o Pai, "o Pai da eternidade"? Isso é que é viver pela fé!
O testemunho do Novo Testamento
Novo Testamento também apresenta fortes evidências revelando a preexistência de Jesus. Talvez algumas das mais interessantes tenham vindo da boca do próprio Jesus, ao dizer coisas que nos fazem entender que Ele, Ele mesmo, estava ciente de Sua própria preexistência.
Encontramos indicações diretas e indiretas de que Jesus tinha realmente consciência Sua própria história. Como um possível exemplo de insinuação indireta de Sua preexistência, Ele disse em Lucas 19:10 que "o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido". Por exemplo, se alguém diz: "Eu vim a Brasília para trabalhar na Câmara dos Deputados", a pessoa quer dizer que estava em outro lugar antes disso. A pessoa que já vivia em Brasília desde o início não usa essa expressão. Uma declaração explícita de Jesus veio nas palavras de Sua grande oração da Semana da Paixão, quando pediu ao Pai: "Glorifica-Me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que Eu tive junto de Ti, antes que houvesse mundo" (Jo 17:5).
Leia outras declarações mostram que Jesus tinha consciência de Sua preexistência:
"Antes que Abraão existisse, EU SOU" (Jo 8:58). A expressão "EU SOU", neste texto e em outros lugares, sugere a idéia de eternidade, de preexistência eterna. O público de Jesus, entendendo muito bem esse ponto, começou a ajuntar pedras para mata-Lo, pois consideraram essa uma blasfêmia ultrajante (v. 59).
"Falando de Sua preexistência, Cristo conduz a mente através de séculos incontáveis. Afirma-nos que nunca houve tempo em que Ele não estivesse em íntima comunhão com o eterno Deus. Aquele cuja voz os judeus estavam então ouvindo estivera com Deus como alguém que vivera sempre com Ele" ( Evangelismo, p. 615).
Aparentes contradições
Apesar das declarações mais claras sobre a divindade e igualdade de Jesus com Deus o Pai, ainda encontramos passagens que pedem explicação. Um exemplo ocorre no que é sem dúvida o texto mais amado e famoso de toda a Bíblia, João 3:16: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito". O problema é: Como o texto pode dizer que Jesus era "unigênito" se Ele era eterno? Alguém O gerou, como nós?
A expressão "Unigênito" é uma palavra no idioma grego: monogenes, e ocorre nove vezes no Novo Testamento. Cinco dessas referências se aplicam a Jesus, e todas as cinco estão nos escritos de João (Jo 1:14, 18; Jo 3:16, 18; 1Jo 4:9). É significativo que as cinco referências ocorrem nos escritos do próprio autor que desde o começo de seu Evangelho procura estabelecer a divindade de Jesus Cristo. Realmente, ele começa justamente neste ponto: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (Jo 1:1). Teria sido incrível que esse escritor judeu tivesse atribuído o título de Divindade a alguém que considerasse um ser criado.
A divindade de Cristo
Os escritores do Novo Testamento deixam claro que Jesus merece o título divino de Deus. Este fato assume maior significado quando nos lembramos de que, com exceção de Lucas, todos esses escritores eram judeus, fortemente monoteístas e não predispostos a usar negligentemente os títulos divinos. Deve-se entender, então, que seu testemunho sobre a divindade de Jesus originou-se da mais profunda convicção, inspirada pelo Espírito Santo.
O que as passagens a seguir esclarecem sobre a divindade de Jesus?
Mateus 3:3 é uma referência de Isaías 40:3, em que o profeta usa a palavra Yahweh, o nome mais sagrado de Deus no Antigo Testamento. A construção da passagem de João 1:1 na língua original não deixa dúvida sobre o que João estava dizendo. Cerca de 65 anos depois de Sua morte, Jesus foi chamado expressamente de Deus por alguém que esteve em íntima associação com Ele. Com respeito a João 1:18, na realidade, a expressão grega usada na passagem chama Jesus de "o Deus sem igual".
Então, que dizer de João 20:28? Essa foi simplesmente uma exclamação, uma expressão de surpresa da parte de Tomé, assim como hoje as pessoas usam o nome de Deus para expressar surpresa ou horror? Alegar esse sentido seria aplicar sobre o Novo Testamento uma prática moderna. Em primeiro lugar, cuidadosos como eram os judeus para evitar a blasfêmia, não tinham essa expressão em seu vocabulário. Além disso, a própria construção da passagem derruba essa interpretação. A passagem diz: "Tomé disse a Ele". Em outras palavras, Tomé estava se dirigindo a Jesus; essa foi uma expressão de fé, não uma exclamação de surpresa. E o fato de que Jesus não o reprovou mostra que Ele ficou satisfeito com a confissão de Tomé.
E tem mais
O Novo Testamento está cheio de evidências da divindade de Jesus, mas o espaço não permite uma elaboração mais detalhada. Por exemplo, poderíamos ter examinado Jesus como eterno e criador; Sua afirmação de perdoar pecados; Sua afirmação de ser o juiz do último dia. Além disso, encontramos o nome de Jesus associado com o do Pai em posição de igualdade, como na fórmula batismal (Mt 28:19). Também, em João 14:9, Jesus usou palavras que constituiriam uma evidente blasfêmia nos lábios de qualquer outro ser humano: "Quem Me vê a Mim vê o Pai".
Examine as passagens seguintes. O que elas ensinam sobre a divindade de Cristo:
As passagens acima põem Cristo em igualdade com aquele que chamamos de "Deus o Pai". E tudo isso apóia as declarações do próprio Jesus quando andou pelas ruas poeirentas da Palestina. Em João 10:30, por exemplo, Ele declarou: "Eu e o Pai somos um". A forma neutra do grego, usada aqui na palavra um significa uma união tão próxima quanto nossa mente pode conceber. Jesus e o Pai são um em substância, em natureza, mas não uma e a mesma pessoa (nesse caso, Ele teria usado o gênero masculino). Se você tem dificuldades em examinar as profundezas de tudo isso, você tem muita companhia. Quanto mais se aprofunda o assunto, mais claramente se entende as profundezas de nossa ignorância.
Mas imagine uma situação em que o ser que viemos a conhecer como Deus o Pai viesse morrer por nós, e aquele que viemos a conhecer como Jesus ficasse no Céu (estamos falando em condições humanas, para explicar um ponto). Nada teria mudado, a não ser que teríamos chamado cada qual pelo nome que agora usamos para o outro. É isso que significa a igualdade da Divindade.
É instrutivo ver quão primorosamente Mateus e Lucas lidam com a genealogia de Jesus (Mt 1:16, 18; Lc 3:23; compare 1:26-35). Esses escritores bíblicos não poderiam ter sido mais cuidadosos neste ponto. O que encontramos é a completa ausência de qualquer confusão neste ponto fundamental, com o Evangelho de João nos fornecendo a declaração mais forte da divindade de Jesus em todas as Escrituras (Jo 1:1-3, 14). Isso mostra como é importante o conceito do nascimento de uma virgem em todo o esquema da salvação. O nascimento de uma virgem, na qual se apóia a afirmação da preexistência e divindade de Cristo, está solidamente fundamentado nos Evangelhos.
"Outro erro perigoso é a doutrina que nega a divindade de Cristo, pretendendo que Ele não tivera existência antes de Seu advento a este mundo. Esta teoria é recebida com favor por uma vasta classe que professa crer na Escritura Sagrada; diretamente contradiz, todavia, as mais compreensíveis declarações de nosso Salvador com respeito à Sua relação com o Pai, Seu caráter divino e Sua preexistência. Não pode ser entretida sem a mais injustificada violência às Escrituras. Não somente rebaixa as concepções do homem acerca da obra da redenção, mas solapa a fé na Bíblia como revelação de Deus. Ao mesmo tempo que isto a torna mais perigosa, torna-a também mais difícil de ser enfrentada. Se os homens rejeitam o testemunho das Escrituras inspiradas concernente à divindade de Cristo, é em vão argüir com eles sobre este ponto; pois nenhum argumento, por mais conclusivo, poderia convencê-los. ‘O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.’ 1Co 2:14. Pessoa alguma que alimente este erro pode ter exato conceito do caráter ou missão de Cristo, nem do grande plano de Deus para a redenção do homem" O Grande Conflito, p. 524).
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