quarta-feira, 9 de dezembro de 2015


 
Estudo VIII - A INTENSIDADE DE SUA CAMINHADA



"Aquele que diz que permanece nEle, esse deve também andar assim como Ele andou" (1Jo 2:6).

Temos alguma idéia do que significava para Jesus ser difamado e demonizado pelos mais elevados poderes civis e eclesiásticos de Seus dias?

Vemos Jesus maltratado pelos soldados romanos: "Vestiram-nO de púrpura e, tecendo uma coroa de espinhos, Lha puseram na cabeça. E O saudavam, dizendo: Salve, rei dos judeus! Davam-Lhe na cabeça com um caniço, cuspiam nEle e, pondo-se de joelhos, O adoravam. ... Então, conduziram Jesus para fora, com o fim de O crucificarem" (Mc 15:17-20).

O que prepara uma pessoa para suportar tanto abuso físico e psicológico sem falhar? Como uma pessoa pode permanecer firme e tranqüila quando o mundo inteiro se volta contra ela – sem sequer um fragmento de apoio humano à vista? Para Jesus, a resposta está em Sua comunhão com Deus, na intensidade de Sua experiência com Ele.


Os primeiros anos (Lc 2:40)

Ouvimos muito sobre o  nascimento de Jesus e primeiros anos, inclusive a visita ao templo aos doze anos (veja Lc 2). Mas isto é tudo, até Seu batismo por João no início de Seu ministério público, quando Ele tinha "cerca de trinta anos" (veja Lc 3:21-23).
Não obstante, é possível olhar para Sua vida, como a conhecemos, e tirar certas conclusões razoáveis a respeito do fundamento espiritual que lhe dava apoio. Se, pela nossa própria experiência, assumirmos que a estabilidade e força que vemos em Jesus durante Seu ministério público não se materializou da noite para o dia, nem foi fruto de superficialidade, somos levados a concluir, novamente pela nossa experiência, que elas se originaram de uma intensa experiência com Deus.

Leia Lc 2:39-52. Incrivelmente, estas passagens (além das narrativas do nascimento) são tudo o que temos sobre os primeiros trinta anos da vida de Jesus. Além disso, os eruditos da Bíblia afirmam que a maior parte dos materiais dos Evangelhos se concentram na última semana da vida de Jesus, tornando esses livros  "narrativas da Paixão", não biografias em si. Evidentemente, eles foram produzidos com o propósito bem definido de focar os refletores nos dois eventos decisivos da fé cristã: o mistério do nascimento de Jesus (a encarnação) e o significado de Sua morte e ressurreição. Entre esses dois eventos, vemos Sua vida abnegada de serviço e sacrifício. E podemos entender corretamente que o foco e a dedicação que vemos em Seu ministério público representam um relacionamento com Deus que era consistente, profundamente pessoal e intenso.

No começo de Seu ministério

Logo após o batismo, Jesus foi ao deserto da Judéia por 40 dias para orar, para refletir em Sua missão. Aqui, nos deparamos com uma intensidade que dificilmente podemos compreender, uma concentração espiritual muito além de nossa experiência habitual, uma busca de intimidade com Deus que nos deixa extasiados.

O motivo explícito para essa incursão ao deserto foi para Jesus ser provado (Mt 4:1; cf. Lc 4:2), e o tentador estava ali para aproveitar a oportunidade. Usando como ferramenta a fome extrema do Salvador, ele tentou desesperadamente introduzir uma cunha de separação entre Jesus e Seu Pai, desvirtuar o firme apego de Jesus a Deus, desfazer a intensidade de Sua experiência com Ele, intrometer-se na proximidade íntima entre Pai e Filho.

Como a resposta de Jesus, revelada nos textos a seguir, mostra a intensidade de Sua experiência com Deus?  Mt 4:3-10Lc 4:3-12

Para entender o que se passou nesse episódio, precisamos ter em mente a condição inigualável de Jesus em todo o esquema da salvação. Ele era o Filho imaculado de Deus. Vindo ao mundo em natureza humana, Ele teve que viver completamente acima da esfera pecadora, não só por um dia, mas em todo o Seu tempo conosco. Ele precisava passar por lutas e provações, como nós, ser tentado como nós, mas tinha que permanecer imaculado. Podemos comparar isso com alguém trabalhando por trinta e três anos no computador, escrevendo artigos, fazendo a tarefa de casa, respondendo cartas, e nunca cometendo um único erro, nunca precisando usar a tecla "apagar" ou o recurso para desfazer o que foi feito; ou como fazer um curso em álgebra ou física e acertar todos os problemas; ou tocar piano por trinta e três anos sem esbarrar em uma tecla errada.

Esta foi a porção de Jesus. Ele não veio só para estabelecer um exemplo de vida abnegada, mas para morrer como o ser sem pecado e, assim, trazer salvação ao Planeta. Daí provém Sua concentração total, a intensidade absoluta de Sua experiência com Deus; nada podia ser simplesmente admitido, nada deixado ao acaso. Um único passo em falso, e o jogo estaria terminado.

Imagine o que deve ter sido nunca ter pecado, nem mesmo em pensamento, por toda a vida! Isso é justiça. Pense no que você deve a Jesus, que lhe oferece o que você nunca poderia alcançar por si mesmo.

Em Sua vida de oração

Jesus viveu para a oração. Seu ministério público começou com um longo período de oração e comunhão especial ; e o registro indica que Ele retornou dessa experiência reforçado com o poder vivo (veja Lc 4:14). Teria sido antinatural para Ele passar um único momento sem erguer o pensamento a Deus, sem experimentar aquela conexão viva entre Ele mesmo e o Céu. E o que achamos é que, embora Sua vida fosse de contínua comunhão com o Pai, antes de cada evento ou desenvolvimento importante Ele tomava tempo para uma súplica especial.

Marcos 1:35 parece descrever não só uma ocasião, mas um padrão, quando menciona Jesus levantando-Se "alta madrugada" e saindo para "um lugar deserto" para orar. Ele começava cada dia com Deus. Mas as ocasiões de especial necessidade aumentavam o tempo assim passado. Lucas 6:12 nos informa que Jesus passou a noite inteira em oração sobre um monte, imediatamente antes da escolha dos doze discípulos, aparentemente dentre um grupo maior de seguidores (veja Lc 6:13). Antes de Sua surpreendente caminhada no lago, tirou um período de comunicação intensa com o Pai. E durante a Semana da Paixão, ao enfrentar a cruz, Jesus ofereceu uma intensa oração de súplica por Seus discípulos imediatos e por Seu povo até o fim dos tempos.

Intensidade para a missão

Para o poeta americano Robert Frost, o bosque era "atraente, escuro e profundo. ... Mas eu tinha promessas a cumprir e milhas a ir antes de dormir."
Jesus viveu com a consciência constante da escuridão no bosque ao Seu redor, sempre profundo, mas nunca atraente. Como o poeta, Ele estava constantemente ciente de ter milhas a ir antes de dormir, muita coisa a fazer em muito pouco tempo. "É necessário que façamos as obras daquele que Me enviou, enquanto é dia", Ele disse, "a noite vem, quando ninguém pode trabalhar" (Jo 9:4). Vemos essa intensidade de missão em Seu encontro com a mulher samaritana. De repente, na presença dessa criatura necessitada, Ele esqueceu fome e sede, totalmente consumido pela missão à Sua frente.

Enquanto isso, a mulher, na excitação do encontro, abandonou seu cântaro de água e se apressou em ir para a aldeia a fim de anunciar a notícia do personagem mais centrado que ela já conhecera. Os discípulos retornaram e encontraram Jesus silencioso e pensativo, orando pelo sucesso desse contato novíssimo.

Qual foi a resposta de Jesus quando eles Lhe disseram que comesse? Jo 4:32-34

O que as passagens a seguir dizem sobre a intensidade da paixão de Jesus por Sua missão? Jo 9:1-12Jo 9:35-39Jo 12:27-36

Os sentimentos de Jesus naquela última passagem estão plenos de significado. Eles surgiram após o pedido de alguns visitantes gregos para conhecê-Lo (Jo 12:20-22), pedido que abriu diante dEle a possibilidade de levar pessoalmente a mensagem do reino para além de Sua Palestina nativa, para os recantos mais longínquos da Terra. Mas Ele sabia que fazer assim seria contrário ao aspecto mais vital de Sua missão total, dar a vida como resgate às nações. Conseqüentemente, Ele seguiu com aquelas poderosas palavras sobre um grão de trigo que cai na terra (v. 24), símbolo não só de Seu próprio sacrifício mas do princípio de que todos os que O seguem devem ter compromisso total com a vontade de Deus, não importando qual seja o custo pessoal.

Nossa experiência com Deus (1Jo 2:6)

A idéia de andar com Deus tem suas raízes na antigüidade. Talvez a primeira referência bíblica explícita à idéia venha de Gênesis 5:2224. O verso 24 diz: "Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para Si". A palavra hebraica para andar aparece em uma forma que sugere um tipo de caminhada ininterrupta, contínua, algo que acontecia todo o tempo. Quaisquer que fossem suas culpas e lutas, Enoque manteve uma caminhada constante com seu Senhor.

Como cristãos, temos a oportunidade de fazer o mesmo. Porém, é muito fácil deixar que outras coisas interfiram nessa caminhada.

Onde quer que você viva, qualquer que seja sua cultura, quais são as coisas que podem facilmente dificultar sua caminhada com Deus? Tempo de lazer demais? Distração demais? Coisas demais para fazer? Trabalho demais só para sobreviver? Uma vez que você identifique essas preocupações, que passos práticos pode dar para evitar que essas coisas o prejudiquem espiritualmente?

"Far-nos-ia bem passar diariamente uma hora a refletir sobre a vida de Jesus. Deveremos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a imaginação se apodere de cada cena, especialmente as finais. Ao meditar assim em Seu grande sacrifício por nós, nossa confiança nEle será mais constante, nosso amor vivificado, e seremos mais profundamente imbuídos de Seu espírito" ( O Desejado de Todas as Nações, p. 83).

"De todas as maneiras possíveis, Satanás procurou impedir que Jesus desenvolvesse uma infância perfeita, perfeita idade adulta, ministério santo e sacrifício puro. Mas ele foi derrotado. Não conseguiu levar Jesus ao pecado. Não pôde desanimá-Lo ou desviá-Lo do trabalho que veio a este mundo para fazer. Desde o deserto até o Calvário, a tempestade da ira de Satanás se abateu sobre Ele, mas quanto mais impiedosa se tornava, mais firmemente o Filho de Deus se agarrava à mão do Pai e avançava pelo caminho manchado de sangue" (Ellen G. White, SDA Bible Commentary, vol. 5, p. 1.130).


 
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